A magia da Flor de Lótus

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Na infância prometeram-nos que um dia quando fossemos grandes iríamos ser felizes SE;
nos portássemos bem
fôssemos boa pessoa
se fizéssemos os trabalhos de casa e tivéssemos boas notas
se fôssemos bem educados e respeitadores dos pais
se tirássemos um curso superior e o mestrado!

Depois na juventude a felicidade viria QUANDO;
conhecêssemos e cumpríssemos direitos e deveres
tivéssemos um bom emprego
encontrássemos um grande amor
conseguíssemos ter a própria casa
tivéssemos um bebé e criássemos a nossa família
tivéssemos o dinheiro, o sucesso profissional, o carro dos sonhos, o cão, o gato, a Tv65”…

Já na fase adulta descobrimos que a vida é mais feliz e confortável SEMPRE QUE;
não temos doenças graves
temos dinheiro para as despesas básicas e mais algum extra..
sentimos o amor e carinho dos animais e pessoas
temos saúde para sair, ir à praia, estar com família, amigos, trabalhar e passear, estar de férias
fechamos a porta à toxidade e escolhemos o que é bom para nós seja comida, pessoas ou ambientes.
viajamos e exploramos o mundo

Maior parte das nossas questões, dores e sofrimento vêm de algum dos estágios acima.
Ou estão na infância em pais ausentes, difíceis, na falta de amor e validação, nos desafios escolares e de sociabilização.
Da juventude trazemos as dores dos primeiros amores, da pressão dos pais, da ansiedade de escolher um rumo profissional, o medo de não ser capaz, o perigo das ilusões, da inconsciência e imaturidade a todos os níveis.
Na fase adulta são os desafios amorosos, o desconforto no rumo profissional, os desafios financeiros, as dificuldades familiares e quantas vezes, assustadores desafios médicos que nos fazem parar tudo.

A verdade é que todos vamos ser convidados a viver estas estágios e não conheço ninguém que os tenha vivido de forma leve e sem dor alguma. Alegria e tristeza sempre andarão de mão dada e quem não aceita isso, não saberá viver.
Claro que há propostas de vida mais intensas do que outras, dependendo do karma de cada um. Por isso diz o ditado que “Deus dá a areia conforme a camioneta”.

No entanto, tenho observado ao longo da vida como pessoa e terapeuta, que pessoas com vidas cheias de desafiantes propostas, as vivem com alegria, leveza e até gratidão assim como pelo contrário, pessoas com vidas leves, sem problemas de saúde, financeiramente ricas, as vivem de forma tóxica, arrogante, julgadora ou vitimizadora.

Quem já viu um destes exemplos, ponha o dedo no ar!

Como é possível pessoas no mundo mundo, no mesmo processo de crescimento terem atitudes tão diferentes. Como umas são tão tóxicas e criadoras de sofrimento e outras tão inspiradoras e verdadeiros focos de luz e amor no mundo.

A Natureza mostra bem esta dualidade na planta que adoece e apodrece no mais belo jardim e a maravilhosa flor de Lótus que nasce na lama.

Ou seja, podemos então considerar que a felicidade nunca depende exclusivamente das condições externas como ainda vejo muita gente iludida e prisioneira e para a qual contribuiu a educação do TER.
Infelizmente ninguém nos ensinou a SER, a sentir, a questionar as leis da vida, a dar sentido espiritual à nossa existência, a levar em conta forças maiores do que apenas as do mundo material.

A inspiradora flor de Lótus nasce porque aceitou a lama, porque se rendeu à sua natureza, porque a viu como perfeita para o seu propósito e para seu beneficio, porque lhe serviu de alimento, porque independentemente da natureza da lama, tem dentro de si o poder da transcendência, a beleza, a força, a resiliência e o amor por si e pela vida, capaz de vir à luz do dia inspirar o mundo.

Podemos então dizer que a verdadeira felicidade começa quando aceitamos que onde estamos é o sítio perfeito e terra fértil. Quando cumprimos quem nascemos para ser livre e desapegado seja de quem for. Quando a experiência exterior, seja desafio ou oportunidade, é exactamente o que permite o crescimento interior. Quando SER corajoso, amoroso, livre, disciplinado, responsável, empático, forte, é mais importante do que TER pessoas, cargos, títulos, riqueza financeira ou um monte de tralhas. Obviamente que o ter é essencial na viagem pelo mundo da matéria, mas só tem verdadeiro significado e qualidade, quando usado ao serviço do ser.

Que estas palavras despertem o teu SER, acordem o teu Lótus interno e que te ajudem no teu crescimento.
Bem hajas!
Vera Luz

 

Foto de Quang Nguyen Vinh

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