Finalmente, aos poucos, a velha teoria da reencarnação e o conceito oriental de Karma começam a ser mais do que simples ideias “New Age”.
Para muitos, estes antigos mas sábios conceitos estão a oferecer o que a psicologia há muito não consegue; responder às questões existenciais com que todos somos confrontados mais cedo ou mais tarde nas nossas vidas.
A humanidade em peso está a ser convidada a fazer a tão necessária revisão regular de crenças e de velhos dogmas para um essencial ajuste a novas crenças que ressoem com a energia da Nova Era.
Depois de séculos condicionados por crenças limitadoras de carência, culpa e medo, é a sabedoria ancestral que renasce e refresca o que há muito estava abafado e esquecido.
Um pouco por todo o lado a mudança de paradigma começa finalmente a ser levada mais a sério tanto psicológica como emocionalmente no nosso dia a dia, principalmente por todos aqueles que já se desiludiram com a velha fórmula de sucesso da agenda social:
estudo+emprego+dinheiro+controle+perfeccionismo+familia+estabilidade = Felicidade
Ao longo de tantos anos de partilhas com milhares de pessoas comecei a perceber que só depois de testarmos essa velha fórmula ao limite e comprovarmos que ela é apenas uma enorme experiência de ilusão / desilusão é que estamos então prontos para integrar a agenda espiritual:
consciência+sabedoria+responsabilidade+amor-próprio+equilíbrio+missão = Evolução
Ao contrário da agenda social que apenas se preocupa com a abundância imediata e material, com a imagem exterior e tudo o que é superficial, a agenda espiritual, quando integrada com a social, está preparada para proporcionar ao espírito a abundância a todos os níveis.
Ou seja, regra geral, a primeira metade da nossa vida é passada a tentar cumprir a agenda social e só depois de descobrirmos que ela não garante a felicidade e a abundância prometida, é que nos permitimos ir em busca de outros conceitos de felicidade e de uma nova agenda. E é normalmente nesta altura que despertamos para a agenda espiritual.
Embora ela muitas vezes surja como a tábua de salvação ou a peça do puzzle que nos faltava até ali, aceder a ela não é fácil…
O momento maravilhoso da nossa história em que tomamos consciência da agenda espiritual e em que recebemos o convite cósmico para poder disfrutá-la é muito mágico e sagrado.
É como entrar numa espécie de clube secreto onde só acedemos por convite e onde nos irão ser dados códigos de acesso, fórmulas sagradas, leis ancestrais, autênticos mapas do tesouro que têm o poder de nos abrir portas até ali desconhecidas.
Viver de acordo com as leis da agenda espiritual é de facto uma bênção. Mas uma das primeiras condições de acesso é que já tenhamos percorrido os passos básicos de desilusão da agenda social pois só dessa maneira estaremos receptivos a uma nova visão.
É neste momento que a famosa frase faz sentido:
“Quando o aluno está pronto, o mestre aparece..”
Nunca observaste como todos fomos educados para cumprir todos os requisitos da agenda social como fórmula infalível para tingir a felicidade, e mesmo depois de cumprirmos todos os passos, a felicidade parece ser sempre adiada?
Conheces alguém que já a tenha atingido por completo cumprindo esses ditos passos?
Se és daqueles que percebe que de facto ninguém a atinge, porque insistimos em acreditar tanto em algo que não é possível atingir? Porque a continuamos a ensinar aos nossos filhos essa mesma agenda como uma certeza absoluta de felicidade sem que tenhamos no entanto um único caso que lhes sirva de referência?
Porque a dualidade em que vivemos precisa de referências do que é e do que não é. Do que funciona e do que não funciona.
Só assim, entre a ilusão, desilusão e a aspiração mantemos viva a viagem da nossa evolução e nos obrigamos a sair do lugar em que estamos.
Caso contrário estaríamos ainda felizes e contentes a viver nas cavernas sem aspiração a mais …
Todos os dias, a cada momento, a cada evento e a cada encontro, esta mesma proposta de evolução está lá a trazer-nos infinitas oportunidades de sermos mais fortes, mais felizes, mais livres, mais autênticos, mais amorosos, mais capazes, ou seja, cada vez mais nós próprios do que éramos antes.
Mas por mais sentido que esta viagem de evolução faça a todos nós, o processo diário de identificação das propostas ainda é difícil e a aceitação da perda e da desilusão como parte essencial desse processo de crescimento e evolução ainda não é fácil para todos.
Infelizmente ainda precisamos evoluir muito pela dor e pelo sofrimento quando temos como opção fazer pelo entendimento e pela escolha consciente.
Seja de que maneira for, só depois de vermos a imagem do nosso ego estilhaçada pela vida das mais variadas maneiras, e de inutilmente a tentarmos reconstruir pelos moldes antigos é que aos poucos nos começamos a render, a desiludir e a considerar novos caminhos.
No caso da nossa evolução, novos degraus, uma nova agenda que integre o propósito espiritual…
Os primeiros 40 anos das nossas vidas andamos normalmente tão ocupados a preencher os ditos items da agenda social para atingirmos a tão ansiada felicidade que damos por nós a aturar relacionamentos difíceis, a fazer fretes, a aguentar sacrifícios, a cumprir tarefas aborrecidas e varias vezes a vendermos a alma ao diabo, sempre fieis à crença de que um dia iremos atingir a tão prometida
F e l i c i d a d e !
Só depois dos 40 é que conseguimos identificar o factor ilusão neste conceito pois já todos fomos “des-iludidos”. Antes dos 30 a “des-ilusão” ainda não aconteceu.
E como acontece esta “Des-ilusão”?
Não é difícil nem tem que ser violento, embora para alguns nem possa ser de outra maneira. Basta que o nosso espírito desperte, observe atentamente onde, com quem, de que maneira e com que objectivo temos vivido até ali e nos confronte com as mais desconfortáveis e difíceis perguntas que alguém nos poderia fazer;
– És Feliz com a agenda que escolheste?
Encontraste a paz interior, a valorização pessoal, a segurança interior, o respeito de quem te rodeia, a liberdade de seres quem és, a plenitude, fé e a alegria no teu dia a dia?
Já te pacificaste com a ideia de que a vida presente é apenas uma de muitas e que és responsável por tudo o que já fizeste de bom e menos bom? Tens já noção das tuas responsabilidades karmicas
Já assumiste a responsabilidade pela tua felicidade e qualidade da tua energia?
Tens noção do estágio da tua evolução espiritual?
Se aos 40 anos não temos respostas para estas questões e a nossa obra se resume a um emprego maçudo, um relacionamento cheio de dilemas, filhos problemáticos e algum dinheiro no banco, a crise existencial instala-se levando-nos à perda e à proposta de transformação.
O objectivo da perda não é que a agenda social não se cumpra. O objetivo da perda é que a agenda social se cumpra ao serviço da agenda espiritual.
Ou seja, cumprir a agenda social com um propósito superior alinhada com a agenda espiritual. Tomar consciência que o emprego, o relacionamento, os filhos e tudo que consideramos importante lá fora no mundo não é um fim em si, mas está a servir um crescimento interior, dilemas kármicos pessoais, transformação pessoal e uma evolução espiritual.
Costuma-se dizer que aos 40 ou começamos a viver ou começamos a morrer. Depende sem duvida se nos ajustamos internamente, ou não à proposta que a vida nos coloca de realinharmos as duas agendas.
Depois de séculos sem noção nenhuma destas dinâmicas, a transição e adopção destes novos conceitos irá levar o seu tempo.
Para além de estarmos sempre tentados a cumprir a dita agenda social, nos últimos dois mil anos a agenda religiosa falou ainda mais alto.
Através da sua exigência de perfeição, pureza, bondade e ameaças de culpa, julgamento e condenação divina, o resultado é o que vemos nos dias de hoje, pessoas com a melhor das boas intenções a tentar de tudo para cumprir agendas que simplesmente não funcionam, nunca funcionaram e jamais funcionarão.
Que agenda devo então seguir, perguntas tu?
A tua, a única, pessoal e intransmissível e normalmente incompreensível ou sequer apoiada pelos outros!
A que te faz SENTIdo com ênfase em sentir.
A que tem o poder de te alinhar com os eventos do mundo e te permite fazer a ponte tanto com as propostas maravilhosas como com as propostas desafiantes como sendo oportunidades de crescimento.
A que te ajuda e convida a ver Deus e a magia da atração e da lei do karma em tudo e em todos.
A que te convida a seguir um caminho não melhor nem pior mas original e diferente de todos os outros
A que te ajuda a reconhecer as tuas sombras e que ao mesmo tempo te reconhece os teus potenciais.
Enquanto não levarmos esta agenda a sério, caímos no risco de sermos engolidos pela agenda social, abdicando assim do poder que temos de viver uma vida plena e consciente, alinhada com a pessoa que planeámos vir à Terra ser…
Bem Hajas
Vera Luz
Imagem de Doreen Sawitza por Pixabay