Eu não acredito muito “nessas coisas”……

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Costuma-se dizer que “Para um crente, tudo serve. Para um céptico, nada chega”.

O que nos faz afinal acreditar ou não acreditar em certas coisas? Como responde um céptico que afirma só acreditar no que vê, quando confrontado com a questão da prova do seu amor por alguém?

Somos seres duais, feitos de Luz e Sombra, de energia masculina e feminina, condicionados permanentemente entre a energia do ego e a energia da Alma. Vivemos diariamente em permanente foco e desfoco entre estas duas energias. Importa então perceber o que são, o que representam e como nos condicionam.

Temos um lado ego. É o nosso lado “persona”, finito, ou seja, nasceu no dia do nosso nascimento e irá dissolver-se no dia em que morrermos. É o lado com que nos identificamos ao nível da sociedade. Dá-nos um nome, família, status, cargo, diploma ou não e vive para criar a mais perfeita imagem possível dentro das circunstancias em que vive. O grande, para não dizer o único objectivo deste ego é criar uma zona de conforto, manter a segurança, viver sob um ilusório e elevado molde de perfeição baseado na competição com o próximo mantendo uma vida “perfeita e controlada” e de preferência, superior aos que o rodeiam. Para manter este molde de vida, este ego irá recorrer a todo o tipo de mecanismo sem qualquer escrúpulo. A culpa, a vitimização, o conflito, o cépticismo, a competição, a agressividade, a sensação de superioridade e necessidade de atenção e validação exterior são sinais da presença forte de um ego.

Escusado será dizer que ao viver apenas da aparência e da máscara exterior, o mundo interior simplesmente não existe ou melhor dizendo, é ignorado. Ora se o mundo interior não existe, logo não existem também emoções, sensibilidade, sabedoria ou valores elevados baseados na necessidade básica universal humana de “ser feliz ou viver em paz”. Claro que todos ansiamos por uma vida melhor, e estamos todos em busca de mais, mas um ego busca unicamente a satisfação pessoal e de preferência, acompanhada de validação material.

O preço de manter esse mundo ilusório fechado, controlado e previsível é um estado de luta e defesa constante contra tudo e todos, sejam os outros estranhos ou pessoas emocionalmente próximas. Por viver em constante estado de defesa, para o ego todos são uma ameaça à destruição da dita “bolha perfeita e controlada” e por isso o seu estado de ataque e reactividade é permanente. São aqueles que se intitulam de “fortes”, “guerreiros” e “lutadores”. Mas enquanto que a força do ego é uma força desmedida e egoísta, a força da Alma é orientada no sentir, pelo e para o amor.

Enquanto vivermos focados no ego, vamos então experienciar o cepticismo, a descrença, vamos gozar, desvalorizar, desgastar tudo o que possa ser uma ameaça à bolha.

A espiritualidade, a Astrologia, até a própria intuição são assim vistas pelos olhos do ego como assustadoras e áreas a evitar a todo o custo precisamente pelo potencial que têm de por o ego em causa e de acabar com o seu domínio sobre nós.

Depois temos um lado Alma. É o nosso lado Divino que é eterno, que sempre existiu e sempre existirá. É a nossa identidade emocional, interior e pessoal. É a parte de nós que nos liga energética e emocionalmente uns aos outros e que nos faz atrair ou repelir o que faz parte do nosso caminho sagrado. Tal como o ego, também a Alma tem um objectivo; relembrar e identificar continuamente a sua história e o propósito da sua encarnação. Quando relembra que a sua realidade material é um espelho da sua energia, a Alma assume a responsabilidade pelo que atrai e ligada à Fonte sabe que o seu objectivo é experienciar todas as emoções sabendo que todas juntas lhe irão dar de volta o seu equilíbrio. Por viver tão ligada ao seu mundo interior, a Alma facilmente simplifica ou prescinde de bens materiais em troca de simples alegrias, de paz, de amizade. Ou seja, os seus valores interiores estão ligados à Fonte Superior e logo são imprescindíveis na sua vivência diária. A Alma sabe intuitivamente que a vida é uma viagem, que os eventos que vai passando a vão completando interiormente e por isso ela vive em liberdade em busca de mais e mais experiências. Da perspectiva dela Deus está fora da zona de conforto e por isso ela confia, vive relaxada, acredita simplesmente a vida lhe trará o que está previsto. Fluir é a palavra de ordem.

Para que haja uma boa relação com o nosso lado Alma, teve já de haver um excesso de vivência do ego. Teve de já haver a desilusão com a matéria. Tivemos de comprovar que a bolha não existe, que a zona de conforto não é segura, que afinal não controlamos nada e que ganhar seja o que for não trás felicidade. Lembro que a nossa dualidade irá sempre existir. O desafio não é a anulação do ego mas sim o equilíbrio e aceitação do lado Alma.

“De médico e de louco todos temos um pouco.” Lá diz o ditado. Estes e muitos outros dizeres sábios antigos relembraram-nos pelos tempos fora a nossa dualidade. Qualquer mapa astrológico nos pode mostrar as cargas emocionais que trazemos ou mesmo identificar se somos mais ego ou Alma pois as proporções que trazemos em nós estão ligadas não só à maneira como vivemos as nossas vidas passadas como estão perfeitamente identificadas no dito mapa. O desafio no entanto é sempre o mesmo; o equilíbrio. Saber em que “estado” estamos é assim essencial para um ponto de partida se queremos mesmo viver conscientes. tal como nos preparamos para uma operação a um qualquer órgão do corpo, também precisamos ter o mesmo cuidado com a Alma, fazer um raio-X (mapa astrológico), analisar como estamos de glóbulos brancos (os nossos potenciais) e diagnosticar a nossa infecção (presença e força do ego).

Curiosamente, embora simples o conceito e que acredito faça ressonância à maior parte de nós, há uma resistência eterna que ainda leva muitos a dizer; “eu não acredito muito ‘nessas coisas’”…

Um dos maiores desafios que tenho observado, tanto no céptico que me procura por desespero ou como última tábua de salvação, como o crente que simplesmente quer aprender mais na sua já declarada busca pela verdade é a capacidade que o ego tem de nos manipular mentalmente e de nos manter inconscientes na energia do medo, condicionando a nossa ligação à Alma e logo à nossa felicidade e equilíbrio.

Com todos os seus mecanismos de sobrevivência, o nosso “amigo” ego irá criar continuamente cenários desastrosos, pensamentos negativos, imagens aterrorizadoras, fins catastróficos, caso a nossa livre escolha de recorrer à Alma ameace a sua zona de conforto e o seu controle sobre tanto a sua vida como sobre a vida de alguém. Se não estivermos centrados e atentos, estas pessoas podem-nos arrastar para teias de medo arranjando assim cúmplices dos seus filmes de terror.

Para que ele não nos mantenha inconscientes na sua vida rotineira e vazia, temos que nos manter atentos, meditar bastante, ligarmo-nos à Natureza, questionarmo-nos constantemente quanto aos nossos valores; se estamos a dar mais prioridade a factores externos ou à simples busca da felicidade, do respeito, da amizade. Se o nosso discurso se torna negativo, pessimista, extra cauteloso, resistente à mudança e julgador do próximo, não só é sinal do nosso ego a tomar conta como é o momento ideal para lhe mostrar a que energia afinal somos fieis ou que escolhemos dar prioridade na nossa vida.

Andemos atentos!

Vera Luz

Segue um texto complementar ao texto;

Questões aos cépticos

Embora a Astrologia continue a sobreviver a séculos de transformações, muitos são ainda os que não acreditam no facto de que os Astros nos empurram, impedem e condicionam psicológica e emocionalmente assim como à nossa liberdade de sermos como gostaríamos. No entanto esses movimentos não são caóticos ou momentos isoladas de “sorte ou azar”. Eles estão previstos conforme a nossa história kármica e ditarão não o que queremos mas sim o que precisamos vivenciar para prosseguirmos a nossa viagem cada vez mais leves e mais amorosos.
Mas muitos são ainda os que riem e brincam com a teoria e que desvalorizam a sabedoria antiga não percebendo que a estão a viver quer acreditem ou não. São esses mesmos resistentes que defendem que o destino está na nossa mão, a sorte somos nós que a fazemos e que somos livres de agir como queremos.

Ficam então algumas questões no ar;

Porque então as suas vidas não são perfeitas?
Porque não criaram ainda um estado de felicidade permanente?
Porque não usam essa liberdade para amar incondicionalmente todos à sua volta?
Porque a sua sorte ainda não gerou a abundância tão desejada?
Porque têm medos?
Porque sentem tristeza, raiva, solidão?
Porque julgam o próximo?
Porque estão presos no conceito de vitima/mártir numa eterna espera de reconhecimento exterior?
Porque simplesmente não juntam a sorte, à liberdade de escolher o destino e de serem o que querem e não se tornaram ainda iluminados e referências para os outros?

Como provam que a teoria da existência de vidas passadas é falsa quando lhe torcem o nariz?
Como explicam a diversidade de características e inclinações nas crianças de tenra idade?

Por acaso já isolaram o amor ou a raiva ou a alegria e o medo num frasco que pudessem medir, pesar e rotular?

De onde vem o pre-conceito de que “ser céptico” é uma atitude ou postura inteligente?

O grande cientista Lavoisier deixou-nos a máxima “Na natureza nada se perde, tudo se transforma”.
Que o corpo volta ao pó já sabemos, mas então o que acontece à nossa consciência / identidade interior quando morremos?

O que dizer das crianças pequenas que relatam ao pormenor as suas vidas passadas?

Porque os ditos científicos, cientistas, materialistas não conseguem ver que o mundo é dual, dividido em visível e invisível, interior e exterior, positivo e negativo, masculino e feminino, e onde constantemente o lado emocional e sensível convive e colabora com o prático e material??

Ainda não perceberam que as leis cientificas como a lei da gravidade, em que tanto se apoiam para fazer as suas comprovações, deixam de funcionar se lhes alterarmos as condições como por exemplo o tempo e o espaço têm comportamentos diferentes fora das 3 dimensões terras assim como por ex. a lei da gravidade deixa de fazer sentido na lua? ou a certeza de que estamos na hora ou ano especifico muda se mudarmos de zona geográfica?

O mundo está cheio de provas e evidências que superam a capacidade dos 5 sentidos entenderem; Raios UV, ondas radio, emoções, mundo microscópico, sensações, intuições, mundo subatómico, física quântica…

Porquê tanta resistência a aceitar apenas a visão mecanicista, física e material do mundo?

Passo a ironia, mas são apenas algumas questões válidas para os descrentes que insistem em por em causa o que não entendem, seja por medo, seja por ignorância, orgulho ou arrogância.

A história do mundo, assim como as nossas histórias pessoais, mostram que ninguém tem a vida que quer. Vivemos sim a vida que a própria vida permite e nos condiciona. Vivemos a vida que escolhemos, condicionada por resistências e talentos kármicos próprios e únicos, assinalados no nosso mapa astrológico, para quem se permite deslumbrar.Ela é de facto um maravilhoso espelho do que somos, tanto do nosso melhor como do nosso pior.
A liberdade que ansiamos vem quando nos rendermos aos dois pólos em nós e abraçarmos a Unidade de Luz em nós.
Como li hoje um texto algures;
– Meus Deus, como queres que os ajude se eles estão todos a dormir?
– Tem paciência e fica atento, o relógio está a trabalhar e não tarda o despertador toca.

Continuemos então o nosso caminho, sejamos felizes e tenhamos paciência…

Vera Luz

Imagem de Girasol Tarsio Arte Visual por Pixabay

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