Estou exausta!
Preciso de mudar de vida.
Já não aguento mais o meu trabalho.
Quero separar-me mas sinto tanta resistência.
Preciso de um recomeço a todos os níveis.
Estes e outros desabafos parecidos são normais em qualquer pessoa que aparece em consulta por volta dos 40s.
Os antigos chamavam-lhe a “loucura dos 40” os psicólogos chamam-lhe a crise dos 40, O ditado diz que “a vida começa aos 40” e os astrólogos vêm como um período de aspectos desafiantes que se inter-cruzam por volta dessa idade.
Independentemente do nome que lhe damos, o fenómeno é real e importante mesmo é questionarmos, qual a função desta crise.
Pela perspetiva karmica, o período até aos 40 serviu para tomar consciência das questões trazidas de vidas passadas. Não é raro observar esse período como uma extensão ou repetição das dinâmicas da vida anterior, vividas agora num novo corpo, tempo e circunstâncias. No entanto, se parte de nós representa essa memória ancestral, a outra parte representa o chamamento para o novo, há uma apelo para o desconhecido que é afinal o verdadeiro propósito da encarnação presente.
Os 40s são então esse enorme revolução interna e externa. São as velhas energias a chegar ao limite e as novas a chamar cada vez mais alto. É a saturação total e necessidade de libertação de tudo o que representa a energia do passado e velhas zonas de (des)conforto e a coragem de criar mudança e de sair da zona de conforto rumo ao novo e que nos levará a crescer.
As emoções e sensação são idênticas para todos visto os planetas envolvidos serem os mesmos;
Sensação de perder controle, medo da mudança, desilusões variadas, necessidade de mudança ou mesmo de fuga e outras que depois dependem de cada mapa pessoal.
A sociedade que criámos não respeita estes ciclos, não vive alinhada com estas propostas, nem sequer a maioria está conscientes delas e por isso é tão difícil percebermos o que afinal nos está a acontecer..
Como disse antes, não é raro ver nestas alturas pessoas a virar a mesa, a largar a vida com que tanto sonharam, a deitar fora as profissões para as quais estudaram tantos anos, a sentir uma necessidade de mudança total e o medo que tais mudanças acarretam.
Diz um ditado que aos 40, ou começamos a viver ou começamos a morrer e encaixa-se neste fenómeno que nem uma luva.
Claro que nem todos vamos fazer as mudanças propostas. Temos um livre arbítrio para decidir se vamos ouvir e seguir o chamamento da mudança ou ignorá-lo. Mas também sabemos que todas as escolhas têm uma consequência e ninguém gosta de ideia de ser cobarde.
Numa sociedade que tende a julgar as pessoas que se atrevem a ser diferentes e a seguir o seu coração, é um acto de coragem responder positivamente a este chamamento.
Por esta razão, aplaudo de pé sempre que encontro alguém que aceita o desafio da mudança. Que corajosamente despe as velhas identidades e atreve-se a recriar-se por completo.
Se estás a viver em torno dos 40, é altura de perceberes a tua história e padrões karmicos que vão precisar ser libertos ou não conseguirás vestir a mais elevada versão de ti mesm@.
Até já!
Vera Luz
Imagem de Alexa por Pixabay