No meu livro “Do drama para o Dharma” divaguei um pouco sobre o termo “Alma-gémea”.
Não só pela minha experiência pessoal mas também por todos os que passam por mim, percebi que o termo mais correcto, para evitar o excesso de romantismo da ideia de cara-metade ou alma-gémea, seria “companheiro kármico”.
Independentemente do que lhe chamamos, mais importante é percebermos que os conceitos que gostamos de acreditar de amor para sempre, romance correspondido, juntos para sempre, cara-metade, amor da nossa vida, o “together forever, ”etc, são expressões que além de excessivamente ilusórias, dão na maioria dos casos, origem a um fracasso e uma enorme desilusão mais cedo ou mais tarde…
E porquê?? perguntas tu?
Porque mais cedo ou mais tarde, num dia muito mágico, depois das muitas DESilusões que a matéria nos irá proporcionar, iremos pela primeira vez sentir/entender/aceitar/ouvir/perceber/intuir/descobrir/ler que nada nem ninguém é responsável pela qualidade de energia que carregamos dentro de nós.
Iremos-nos aperceber e aceitar a realidade de que o caminho espiritual é um percurso francamente solitário que apenas adiamos porque nos prendemos a alguém por medo de enfrentar as dores do parto desse Ser* dentro de nós.
Num maravilhoso e iluminado dia realizamos que são as nossas escolhas a cada momento que ditam a realidade que vivemos e que se não gostamos da realidade que temos cabe-nos apenas a nós mudá-la. Custe o que custar…
Nesse dia a nossa energia muda e com ela a nossa cabeça e o nosso coração;
Todos os apegos caem por terra.
– O apego dá lugar à liberdade.
Todas as projeções de culpa dos outros deixam de fazer sentido.
– A responsabilidade substitui a culpa.
Todo o julgamento ou luta com o outro se torna ridícula.
– A luta passa a ser apenas com os nossos medos.
Todas as cobranças, exigências, argumentos tornam-se obsoletos.
– É uma questão de tempo até nós ou o outro se cansar.
Todas as nossas ilusões de preenchimento exterior ou mesmo de “negócio” amoroso “eudouatitudasamim” morrem em desilusão.
– Dá-se o compromisso com a nossa história pessoal.
Toda a luta com o outro é vista como perda de energia e anulação da nossa liberdade de escolher outro caminho.
Todo o jogo amoroso mostrará como os abusos atraem as carências e as carências atraem os abusos.
Pela primeira vez sentimos a liberdade de escolhermos o que é melhor para nós sem o peso dos attachments e pela primeira vez respeitamos a liberdade de o outro fazer o mesmo.
Cada vez mais os relacionamentos serão vistos por este ponto de vista energético e só assim conseguiremos entender os comportamentos e atitudes “estranhas” uns dos outros.
Sejam as atracções ou as rejeições, ambas os movimentos estão simplesmente a responder a excessos ou faltas energéticas dentro de nós.
Só depois de reclamarmos esta responsabilidade Kármica e de conseguirmos ver esta magia por trás de cada encontro conseguimos então perceber que o trabalho dessas ditas almas-gémeas não é mais do que nos ajudar ou empurrar a fazer o nosso trabalho pessoal sempre que nos perdemos…
E é importante percebermos que por vezes teremos a visita de alguém assim quando mais precisarmos da mesma maneira que nos caberá a nós fazer esse papel na vida de outros…
Seja a injectar amor próprio, segurança, incentivo, amor ou sabedoria, a função desses grandes encontros de alma é a de nos espelhar o que cada um esqueceu e de devolver cada um ao nosso trilho original..
Por ser tão especial e sagrada essa missão, nem sempre o seu papel é ficar a viver connosco. …Prova disso é que simples e naturalmente aparecem e simples e naturalmente se afastam até que precisemos deles de novo caso nos voltemos a desorientar.
Toda a relação trás uma proposta de crescimento.
Seja ela um simples encontro na nossa vida, uma longa história de amor, amizades maravilhosas ou um encontro kármico.
O nosso papel é apenas descobrirmos como esse dito crescimento interior está a ser proposto. Caso contrário, sem a visão da evolução, nenhuma relação fará sentido.
Observa então como todos os relacionamentos que já tiveste te fizerem crescer. Observa como os bons te vieram lembrar a pessoa maravilhosa que és mas repara e valida como foram os mais difíceis que te trouxeram mais força e consciência e te levaram mais perto de quem és.
Bem Hajas!
Vera Luz
Imagem de Free-Photos por Pixabay
1 comentário
Todas as vezes que leio algo que escreve sinto que evoluo no meu caminho de auto descoberta, eu sei que todas as respostas estão dentro de nos mas você é a luz que ilumina esse caminho e nos faz olhar mais alem daquilo que os nossos olhos fisicos podem ver 🙂 obrigada por ter contribuido na minha viagem .