O estado hipnótico é um fenómeno natural no ser humano. Estudado e observado desde o princípio dos tempos, e presente em quase todas as culturas à volta do mundo, a hipnose tem sido usada de forma lúdica mas muito mais como forma de cura, principalmente nos meios espirituais. Os Xamãs e Sacerdotes das civilizações antigas como a Grécia, Mesopotamia ou o Egípto, tribos várias à volta do mundo e mesmo no Oriente, a hipnose era e continua a ser usada regularmente em formas de transe que procuram transcender a realidade física em busca de sabedoria sagrada, comunicação espiritual, limpeza e cura.
Embora a hipnose seja uma palavra que até hoje causa fascínio e até medo à maioria, o estado hipnótico é normal a todos nós e pode ser tão simples como a leitura de um livro, uma paixão amorosa ou o mergulho num filme interessante e que é muito comummente designado como estado alterado de consciência. Diz o Wikipédia que; “Hipnose, segundo a atual definição pela Associação Americana de Psicologia, é um estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão.”
Só por aqui percebemos então como em tantos assuntos no nosso dia a dia podemos estar de facto a viver em estado hipnótico, onde perdemos a capacidade de nos dissociarmos, de desfocar, ver o mesmo assunto por outros ângulos, de relativizar de maneira a sermos capazes de dar respostas conscientes e não tanto reações inconscientes induzidas por factores externos. Ou seja, o estado hipnótico não depende da presença de um hipnotizador propriamente dito pois podemos estar em estado hipnótico quanto a ideias, crenças, sugestões, visões do mundo, ideologias sem qualquer consciência de que só estamos a ver aquela realidade por um prisma e que há de facto outras maneiras diferentes de olhas para a mesma realidade.
A experiência de hipnoterapia mostrou-me que quanto mais inconscientes estamos acerca do que é o estado hipnótico, mais sujeitos estamos a cair nele. O estado hipnótico, embora raramente leve a um estado de inconsciência total, ele reduz bastante a nossa visão da realidade, torna-nos vulneráveis a sugestões variadas pondo em causa o nosso livre arbítrio e estado oposto de alerta ou consciência como o nosso estado ideal, de saúde, de poder pessoal e equilíbrio.
Podemos perceber um pouco sobre o fenómeno por exemplo quando em estado de consciência decidimos fazer uma dieta, comer bem, deixar o cigarro mas uma alternativa e sempre presente sugestão parece sempre desafiar e boicotar essas iniciativas e levar a sua avante.
Por exemplo, o famoso Despertar espiritual que tantos tão bem conhecem que nos mostrou como vivemos em estado hipnótico presos a velhos moldes de vida, crenças e prioridades sociais e de repente um novo estado de consciência surge e nos vem convidar a ver a mesma realidade sob um novo e diferente prisma obrigando-nos a rever todo o nosso molde de vida.
Utilizada como forma de cura, e responsavelmente assistido, o estado hipnótico é extremamente útil e o portal essencial para transcendermos a realidade material e aceder a partes nossas (energias, memórias, emoções, crenças) que não conseguiríamos de outra maneira. O perigo esconde-se quando percebemos que tanto podemos estar sujeitos a estados hipnóticos a uma micro escala como macro. Por exemplo, velhas crenças religiosas que não foram ainda actualizadas ou os anúncios de publicidade a que estamos todos sujeitos, nada mais são do que meios que condicionam a nossa escolha e o nosso estado de consciência.
Para facilitar percebermos então melhor como estes estados acontecem dentro de nós, vamos considerar que temos então duas lentes dentro de nós;
– A lente da personalidade, muito ligada ao nosso corpo físico, que usa e vai focar exageradamente no mundo material para satisfazer os seus desejos e necessidades básicas como a proteção, a deslocação, o alimento, o sexo e a sobrevivência de uma idêntidade social.
– A lente da alma ou o olho do espírito, vê e usa o mundo material como manifestação das energias opostas, como meio de evolução espiritual, como palco de dinâmicas kármicas e como meio de transcendência da dualidade de maneira a cumprir a nossa missão individual.
Conhecendo então um pouco do fenómeno e sabendo que cada uma das nossas lentes irá focar no que lhe interessa, podemos então passar a estar mais atentos ao momento presente de maneira a conseguirmos harmonizar ambas as necessidades. Como disse antes, quanto mais inconscientes estamos do fenómeno mais facilmente caímos nele e uma das agendas passa então a condicionar a maioria das nossas escolhas, colocando as necessidades da agenda oposta em causa.
Como em tudo, a consciência, o espírito crítico e o estado de alerta é o que nos permite fazer escolhas de qualidade que por sua vez irão criar consequências positivas. Sem este trabalho interno, torna-mo-nos presas fáceis de visões redutoras e energias densas que irão condicionar a nossa vida e a nossa evolução. Para evitar isto precisamos estudar, ler, viver conscientes, estudar as antigas sabedorias e leis universais, colocar em causa as nossas crenças e ideias, estarmos sempre disponíveis para mudanças em todas as áreas da nossa vida, ou seja ir descristalizando velhas visões do homem e do mundo para dar lugar ao ser iluminado.
Haja Consciência 😊
Vera Luz
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay