É conhecido o choque de gerações. Embora a maturidade e a experiência de vida sejam as duas normais grandes fontes de atrito entre pais e filhos, existe uma outra bem pior que, ao contrário da maturidade e a experiência de vida, poderia ser evitável; a idealização.
Todos os dias nas consultas, pais queixam-se dos filhos, filhos queixam-se dos pais, ambos curiosamente pela mesma razão; “Eles não são/foram o que eu queria que eles fossem ou não me dão/deram o que eu precisava.”
Esta ilusão de procurarmos a perfeição no outro e de o idealizarmos exageradamente, leva-nos a grandes desilusões, frustrações e as mais variadas dores emocionais que normalmente passam pela solidão, rejeição, abandono, violência, etc. sem o devido entendimento das forças invisíveis que fizeram juntar pais e filhos, vamos perpetuar essas mesmas dores e viver num estado permanente de vitimização, de sensação de injustiça, de impotência e resistência que nada mais são do que fruto da ignorância em relação aos movimentos da vida.
Resistimos o mais que podemos a assumir a responsabilidade pelo que a nossa energia atrai pois é tão mais fácil por a “culpa” nas costas do outro do que assumirmos o poder de sermos criadores da nossa realidade, seja ela negativa ou positiva. O problema com a projeção é que culpar o outro não resolve o problema, não nos permite evoluir e transcender a frequência em que estamos.
Mais cedo ou mais tarde, por consciência ou desespero, procuramos abordagens diferentes e acabamos por perceber o que até ali nos recusávamos a aceitar:
Que somos responsáveis pelo estado da nossa energia.
Que o fenómeno dos espelhos é o que nos permite ver de fora o que carregamos em nós.
Que a lei do karma irá sempre devolver-nos as consequências dos nossos atos passados.
Que a lei da atração irá mostrar-nos o estado da nossa energia fazendo-nos atrair energias idênticas.
Que o que atraímos não se limita ao que somos hoje, mas ao que carregamos também de inconsciente, tanto de vidas passadas como de potencial futuro.
Porque a nossa educação espiritual não nos ensinou esta visão e estas leis, passámos a julgar, criticar, projectar e culpar o outro quando na verdade o outro foi escolhido e está na nossa vida, não por aquilo que idealizámos como pais ou filhos, mas porque são as energias que precisamos para cumprirmos a nossa história.
Percebermos por exemplo que as desafiantes características daquela mãe ou daquele pai difíceis, são na verdade velhas expressões de nós próprios em vidas passadas, que ainda precisamos curar em nós, irá ajudar-nos a olhar esses mesmos pais com a humildade e compaixão de quem já aceita essas mesmas características em si mesmo. Idêntico fenómeno se passa com os filhos que tanto podem ser espelhos das nossas questões passadas e por isso nos escolheram como pais para os ajudarmos a curá-las, como podem ser a representação de um potencial futuro de cura e por isso nos chocam pela sua diferença e por serem capazes do que para nós ainda é difícil ou impensável.
Porque cada um de nós tem uma energia pessoal, condicionada pelos padrões karmicos tanto pessoais como familiares, cada história deve ser analisada individualmente e por isso a comparação é inútil e impede-nos de ver das verdadeiras razões do papel das pessoas na nossa vida. E embora pais e filhos escondam muitas vezes as propostas mais fortes, precisamos levar o mesmo principio para todas, mas mesmo todas as pessoas que estão presentes na nossa realidade pessoal.
Se ainda não percebeste quem te rodeia e te achas vitima de pais ou filhos difíceis, vem descobrir qual o papel deles para que possas curar e transcender essas energias. Sem esse entendimento, elas irão manter-se e materializar-se noutras pessoas à nossa volta.
Bem hajam!
Vera Luz
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