Não é raro encontrar pessoas que afirmam convitamente que a sua missão na terra é ajudar os outros. Infelizmente não percebem que o movimento de apoio, amor, ajuda, incentivo e disponibilidade começa com eles próprios para que então depois possam SER o exemplo.
Outros simplesmente vivem estado de “ajudar”, totalmente inconscientes do seu imenso esquema de manipulação e sobrevivência energética, vampirizando quem encontram pelo caminho, oferecendo o seu tempo, companhia, ajuda, espaço, colo, atenção, sacrifícios, favores, sempre a dar aos outros o que afinal não conseguem fazer por eles próprios.
As rejeições constantes de que são alvo geram então um ressentimento difícil de superar, acumulado por anos a dar demais, a serem submissos, a agradar, a apoiar, a ajudar, a calar, a perdoar, a dar o que quer que seja e que nunca foi ou irá ser reconhecido ou devolvido.
Este ressentimento / revolta / culpa pode durar uma vida inteira ou mesmo vidas que irão estar condicionadas por esta ação / reação.
A libertação acontecerá quando percebemos e pararmos a dinâmica que estamos a alimentar. Quando interrompermos o jogo, os esquemas escondidos, a dinâmica por trás do “caridoso e amoroso” acto de dar e ajudar. Quando colocamos pela primera vez o “bom samaritano” ao serviço das nossas necessidades e gostos.
Conforme explico no meu livro “Regressão a vidas passadas”, a vida é uma viagem pela matéria de retorno à nossa Essência. É a experimentação lá fora do que somos dentro. É a integração entre o exterior e o interior. Até que esse reencontro se dê, muitas são as experiências onde nos iremos perder e desconectar dessa intenção sagrada. Ou ficamos deslumbrados pelo exterior e negamos o interior ou ficamos presos no interior, incapazes de lidar com o exterior.
Um dos muitos actos de sobrevivência quando o foco está no exterior é precisamente o disfarce do bom samaritano, do disponível, do bonzinho. Um dos propósitos do ego é evitar a todo o custo o estado de consciência desperta pois tem o poder de o pôr em causa.
Para isso ele encanta, espanta, ajusta a sua máscara e o seu comportamento para representar o papel do perfeito, do socialmente aceite e assim mais uma vez escapar ao revelador e transformador trabalho interior de transformação e iluminação.
A necessidade de ajudar os outros preenche então esses pontos; fugimos ao nosso interior, somos aplaudidos socialmente, recebemos energia e ainda ficaremos em crédito perante o ‘ajudado’.
A eterna frase tão ouvida “Dou tanto e não recebo nada” é a prova de que estamos a viver esta dinâmica.
Proposta; fazer um grandioso trabalho de casa, uma qualquer sessão de terapia que devolva a consciência ao interior. Meditação e exercícios para ouvir as nossas vozes interiores do Eu Superior ou da Criança Interior, resistir às fugas para ‘ajudar’ alguém sem que antes as nossas necessidade essenciais ao nosso equilíbrio estejam conscientes e preenchidas, e trabalhar e consciencializar o seu caminho pessoal para que possa inspirar os outros com o seu exemplo e energia pois essa sim é a melhor ajuda que poderemos dar.
Vera Luz