Depois de tantos anos no mundo da terapia, aprendemos a perceber padrões e sinais com alguma facilidade.
São precisamente esses sinais que me ajudam não só a perceber como a pessoa está a ver o mundo naquele momento, mas principalmente o que posso fazer para ajudá-la a encontrar harmonia dentro de si para que depois a possa levar ao seu mundo pessoal.
Por exemplo, se o foco principal da conversa são acontecimentos externos, provocações dos outros, o que os outros fizeram, disseram, não fizeram ou deviam ter feito e detalhados relatos de memórias passadas, estamos perante alguém que ainda vive algo inconsciente de si próprio, da sua responsabilidade e do seu poder pessoal. Há normalmente nestes casos, ansiedade pois a pessoa ainda acredita que vive à mercê do evento exterior, insegurança pois a falta de amor próprio ainda não lhe deu acesso ao seu poder pessoal e à capacidade de mudar a sua história e vitimização pois não há ainda uma nova consciência e sabedoria que a ajude a escolher novas respostas.
Muito antes de começarmos a entender então o que o exterior está a devolver da nossa história, é essencial nesta fase corrigir a distorcida visão do mundo e ajudar a ver a magia que se esconde por traz de cada evento e de cada pessoa. Só pela via da consciência e de uma mais sábia visão do mundo, a ansiedade, a insegurança e a vitimização deixam de fazer sentido e serão substituídas por confiança, segurança, fé e responsabilidade.
Mas nos dias que correm, muitos são já os que fizeram este trabalho interno e que se encontram já num diferente patamar de consciência. Não direi que estão mais evoluídos, apenas mais conscientes. Não tem menos desafios, mas sim desafios diferentes.
O foco principal de conversa centra-se no que a pessoa está a sentir, resultado de um qualquer evento ou encontro no exterior. Há uma preocupação em encontrar a mensagem ou melhor dito, aprendizagem escondida que fez a pessoa atrair aquele evento ou pessoa. Há uma disponibilidade para encontrar sombras, lixo escondido, a verdade nua e crua do que ainda vive no inconsciente.
Não é raro sentir nestas pessoas alguma tranquilidade interior mesmo que afundadas em desafios externos pois há já uma postura de observação mais do que total identificação. A sabedoria que entretanto ganharam já lhes permite aceitar a responsabilidade tanto pelo que atraem como pela resposta que vão dando aos seus desafios. o seu foco é o seu estado interior e a busca do seu equilíbrio interno. Nesta etapa queremos saber mais da nossa sombra e da nossa luz. Queremos curar as nossas feridas independentemente de quem as abriu. Queremos-nos religar com a fonte e com o nosso centro de poder e amor muito mais do que “resolver” as questões externas pois aprendemos finalmente que o exterior irá ser sempre um espelho do nosso estado interno.
O ser humano é imensamente complexo e mais ainda é o processo de evolução e por isso é natural que vás encontrar espelhos de ti nos dois exemplos acima. Não interessam de todo as comparações, interessa sim a auto-análise de cada um perceber quem é, em que estado está, o que precisa ser validado e o que precisa mudança. As descrições acima são apenas referências para que consigas perceber onde, como, com quem e de que maneira na tua vida poderás encontrar mais equilibrio interior. Só olhando para dentro irás poder celebrar o ser único que és, individual, diferente, fruto de uma história que só tu conheces com anseios que só tu sentes. Rejeita comparações que abafam a tua essência e atreve-te a viver a tua diferença!
Gratidão por tudo o que tenho aprendido com cada pessoa que por mim passa. Mantenho desde sempre um imenso respeito por quem se disponibiliza a crescer e uma enorme gratidão por me permitirem fazer o que mais amo assim como me devolver tanto de mim.
Bem Hajam
Vera Luz