O propósito do meu trabalho e deste grupo é mostrar que nascer com o estigma da Ovelha Negra nada tem de negativo e é bem diferente do que nos fizeram acreditar durante muito tempo.
Ao contrário da ideia ou sensação de azar, injustiça e culpa, que nos acompanhou por séculos, por nos sentirmos excluídos, diferentes e não merecermos amor e respeito, a Ovelha Negra começa finalmente a descobrir que afinal lhe saiu a sorte grande, que afinal não tem um destino miserável de mendigar amor a vida toda, que afinal, foi a energia do amor que inspirou o seu espírito a escolher este exigente mas poderoso e libertador destino.
- Mas como nascer sem amor e respeito da própria família pode ser visto como sorte?
- Porque essa mesma família representa o palco onde um dia, em vidas passadas, nos aprisionamos e vendemos a nossa alma em troca de segurança e amor externo. Porque foi essa família que nos levou a abdicar da nossa identidade, que reprimiu os nossos talentos, que silenciou a nossa verdade, que controlou as nossas escolhas, que nos manipulou com os nossos defeitos e a quem vendemos a nossa liberdade e essência sagrada a troco de uma falsa e ilusórias validação, amor e segurança.
Nascer Ovelha Negra é nascer com o destino do Amor Próprio. Depois de vidas inteiras desperdiçadas a tentar obter o amor do outro, a nossa Alma decide que é tempo de cura, de reequilíbrio e alinhamento com a nossa essência sagrada perdida no tempo e na roda do karma das más escolhas do passado.
Nascer Ovelha Negra pede então numa primeira fase, para desactivarmos todos os mecanismos que nos fizeram acreditar que somos imperfeitos, que seríamos salvos por alguém, que vale a pena investir no outro, como forma de obter amor.
Depois de identificado o padrão tóxico e os mecanismos de dependência, é numa segunda fase que vamos aprender que a energia do amor é individual, requer trabalho e investimento pessoal, implica reconexão espiritual, terapia e auto conhecimento e por isso é auto sustentável, quando criadas as condições ideais pelo próprio.
O amor à família, o amor romântico, o amor aos filhos, o amor às posses e bens materiais, aos títulos e máscaras de sucesso, todas essas velhas formas de valor e amor se mostraram frágeis, falsas e temporárias ao longo do tempo, por serem mantidas à força pela energia da carência, do medo, da ilusão e dos jogos de manipulação e apego necessários para manter essas coisas e pessoas, pois não eram sustentadas na energia do Amor puro.
O amor era uma necessidade, nascida de uma carência e não uma dádiva nascida de uma abundância.
Infelizmente, a falta de amor próprio, a falta de referências de desenvolvimento pessoal, a falta de terapia, de mentores e curadores, a falta de consciência espiritual, manteve-nos presos a esses esquemas infantis de ilusões amorosas tempo demais.
Mas o Universo é sábio e o tempo mostra que embora a energia do medo faça parte da experiência da vida, ela irá ser sempre boicotada e transmutada pela energia do Amor.
Se nascer no rebanho é nascer submisso, anulado, sem voz e sem poder, sem consciência e sem liberdade, condicionado e preso por quem nos rodeia, nascer Ovelha Negra é nascer com o convite da Liberdade e da consciência pessoal. É nascer com o propósito de libertar esses velhos apegos, de abrir mão das pessoas de quem um dia dependemos, de abandonar os palcos onde um dia nos anulámos, de alterar as crenças que condicionaram a nossa visão do mundo, soltar as amarras das prisões que impediram que descobríssemos a nossa essência e cumpríssemos o nosso propósito.
Não são vidas fáceis pois exigem um trabalho de mudança radical a todos os níveis. Equivale a um processo de obras, de reestruturação total e completa a todos os níveis, requer que o velho molde seja identificado e destruído para que um novo surja. Se não conhecermos bem a nossa proposta, caímos no risco de a contrariar e de tentar seguir a normalidade quando a vida nos convidou a nascer para uma experiência extraordinária.
Mas pior do que as dores necessárias que fazem parte deste exigente processo de evolução, é precisamente ele não ser reconhecido pelo próprio e em vez de aceitarmos e cooperarmos com a fase da destruição e libertação do velho, agarramo-nos ao velho molde com unhas e dentes, numa tentativa de manter a velha zona de conforto, as velhas fontes de amor e assim evitar a assustadora aventura que é um processo de transformação total de consciência e cura espiritual e a aprendizagem de caminhar sozinho, apoiado pela primeira vez na sua bússola interior.
Tenho reparado em todos os que nascem com esta assinatura no mapa, que na segunda fase de vida, depois dos 40, já reconhecem em si esse padrão da diferença e muitos vão aprendendo a lidar positivamente com este apelido da Ovelha Negra.
Mas as nossas piores dores vêm precisamente da primeira fase de vida, principalmente na infância, em que ninguém nos ensinou sobre a inteligência do Universo e não percebíamos porque todas as tentativas de buscar amor nos outros eram implacavelmente boicotadas por uma força maior.
Algures, ao longo destas exigentes vidas, vai ser importante para a consciência da encarnação presente e cura pessoal, perceber que as pessoas com quem escolhemos encarnar, a começar pela família, são quem nos irá redirecionar a procurar o amor próprio e para isso serão aqueles que irão começar a desativar as três fontes de problema que trazíamos do passado;
- Carência – só procuramos no outro porque nos acreditamos vazios. Não procuraríamos nada no outro se nos sentíssemos plenos. Depois de vidas a viver no rebanho dependentes do apoio e suporte do outro, cedo vamos aprender que não estará lá ninguém e há que aprender a lidar com o vazio e a preenchê-lo de dentro para fora.
- Ilusão – projectar e esperar do outro o que acreditamos que nos falta. Expectativas irrealistas que levam as relações a cair na cobrança, na violência, na exigência, na idealização que só gerará desilusões a longo prazo. Identificada a ilusão como problema, aprendermos a ver o outro não como rolha mas como espelho de quem somos.
- Apego – a consequência da carência e da ilusão, o movimento que nos aprisiona ao outro, a acção inconsciente activada pelo rebanho e que cegamente nos leva a segui-lo e que nos faz acreditar que o outro é segurança, proteção, colo, amor, oxigénio, levando tantos a venderem a própria alma para se manterem no rebanho e evitarem a solidão e o reencontro consigo mesmos.
Saber que todas as dores e perdas que iremos passar, têm um propósito maior, inteligente e amoroso que incentiva a libertação dos velhos padrões para que a cura e a descoberta do Amor Próprio possam acontecer, é essencial para não ficarmos presos ao sofrimento e ressentimento dessas experiências.
Cada dor e perda que passamos, é o Universo na sua infinita sabedoria, a tentar mostrar-nos que os velhos mecanismos são tóxicos e que devem ser alterados. Que agir por carência só irá gerar rejeição, abandono, solidão e desvalorização pessoal. Que idealizar pessoas e circunstâncias irá gerar infinitas e dolorosas desilusões, criadas afinal por nós mesmos, quando esperamos do outro o salvador, o complemento, o príncipe ou a princesa perfeitos e descobrimos que não são. Que criar apegos a quem nos rodeia, aprisiona-nos ao lugar da criança, impede o nosso crescimento e leva-nos a viver no medo, no controle e na ansiedade permanente de os perder.
Da mesma forma que o Universo boicota os velhos mecanismos de fuga, ele irá incentivar o uso de novas e mais saudáveis formas de estar, viver, relacionar e que nos mostrarão o poder do amor próprio, da liberdade e da responsabilidade pessoal. Por exemplo, quando temos a coragem de estar sozinhos, de assumir a responsabilidade pela própria cura, de tomarmos decisões difíceis autonomamente, quando abandonamos os velhos apegos, quando resistimos aos velhos mecanismos e tentações do amor fácil, quando investimos corajosamente em novos caminhos de consciência pessoal e mais saudáveis formas de viver.
Proponho então ressignificar experiências comuns que antes eram vistas como más, como sofrimento, como injustiça ou simples azar, mas que são afinal experiências cheias de aprendizagens, testes de superação inteligentes, propostas de evolução pessoais que já vêm escritas no nosso mapa de nascimento e que nada mais são do que catapultas para a nova versão mais evoluída de nós próprios. Sem estas experiências, não acordariamos, ficaríamos presos ao velho rebanho da carência, ilusão e apego, não honraríamos a proposta de libertação e transformação da Ovelha Negra.
- Humilhação em relação a características pessoais
- Apontar de diferenças como defeitos
- Críticas constantes a todas as iniciativas
- Boicote e ridicularização de ideias, sonhos e interesses
- Desvalorização da própria identidade
- Inferiorização e comparação com outras pessoas
- Desrespeito pelas escolhas, opiniões e emoções
- Ameaças de rejeição e abandono constantes
- Jogos de controle e manipulação emocional e psicológica
- Invasão e desrespeito pelo próprio espaço
- Condicionamento das escolhas em função dos outros
- Controle das opiniões, crenças e valores pessoais
- Sarcasmo e julgamento quanto a gostos pessoais
- Exposição de falhas ou defeitos
- Ameaça de abandono e sofrimento caso não siga regras e ordens
- Ridicularização e julgamento das pessoas amigas
- Foco de abusos de autoridade e violência física e verbal
- Alvo de tratamento do silêncio e invalidação da opinião pessoal
- Experiências várias de solidão, isolamento, sensação de estar de fora, de ser invisível, excluíd@ e rejeitado, de não encaixar ou fazer parte.
Acredito que muitos se irão rever nestas dinâmicas. Sei bem que são dolorosas pois passei por algumas. Mas muitos anos de terapia mostraram-me que cada uma destas dores, me fez questionar o porquê das mesmas, me empurrou para encontrar um novo caminho, novas fontes de amor, prazer, conforto, aceitação, segurança, alegria, força, coragem e se a dor me tinha ensinado que já não era no outro, a terapia mostrou-me que tudo o que eu procurava estava dentro de mim, a ligação à minha criança interior, na honra aos meus antepassados, na superação karmica das minhas vidas passadas.
Fechei o ciclo da dor, agradecendo à Vida e aos intervenientes das difíceis experiências que serviram de catapulta pois foram agentes importantes da minha transformação.
Aprendi o que os antigos sempre ensinaram; a dor é alquímica e por isso necessária ao processo de transformação e evolução pessoal.
Sem ela, ainda estaria presa à carência, à ilusão e ao apego algures anulada e presa a um qualquer rebanho.
Ser Ovelha Negra é honrar as dores da catapulta, é abraçar o desconhecido, é prezar a individualidade e a história pessoal, é aceitar o convite e ter a coragem de ser livre.
Se passaste ou ainda hoje passas por experiências como estas, se te sentes sozinh@, rejeitad@ e não percebes porquê, talvez tenhas trazido um mapa com esta proposta. Se queres conhecer a tua história Karmica, as tuas prisões, os teus potenciais, a tua missão, os teus padrões nesta vida, envia email para veraluz@veraluz.pt ou liga 967988990 para marcares a tua consulta.
Vera Luz
As tuas partilhas ajudam a fazer crescer o meu trabalho, e por isso agradeço-tas.
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