Trânsitos de Plutão são os mais fortes e mais profundos de todos os trânsitos planetários: é o convite (quase sem direito a recusa) a uma transformação total e completa de um modo de ser para outro. Mais do que transformação, é na realidade uma gigante limpeza, implica sempre uma libertação ou morte de algo que já não faz sentido, já não serve para que o novo tenha espaço.
É comum a sensação de mergulho interno, de “peeling” emocional, mental, espiritual e até físico, aquilo a que os antigos chamavam a “Noite Escura da Alma”, onde uma qualquer morte e renascimento deverão acontecer. Durante os longos e vagarosos 2 a 3 anos que duram os Trânsitos de Plutão, iremos ser confrontados com a verdade nua e crua do estado em que estamos, dos apegos e prisões que ainda nos condicionam, das emoções e intuições que insistimos em negar. É um despir de tudo o que nos esconde de nós próprios e que nos mantém em estados de ilusão e inconsciência e o convite à aceitação incondicional tanto do nosso lado sombra como do nosso poder interior.
É um Planeta que representa o Poder Pessoal. Quando ao serviço do ego ou da personalidade pode ser destrutivo e manipulador no seu desejo de TER e FAZER o que quer. Quando ao serviço da alma é ele que nos guia e devolve o verdadeiro poder pessoal de conseguirmos SER livres e fiéis a nós próprios.
Por isso durante os trânsitos de Plutão a proposta de equilíbrio levará a cada um o que cada um precisa de acordo com os Signos, Casas e aspectos envolvidos;
O abusador será convidado a sentir a impotência, a frustração de perceber que o poder não virá do abuso dos outros ou do dinheiro.
O impotente será convidado a resgatar o seu poder sendo convidado a enfrentar os seus maiores medos.
Não será fácil para nenhum dos dois passar pelos respectivos processos de morte e transformação essenciais à conquista de um novo estado, mas embora possam resistir, não terão como fugir.
Ou seja, o abusador terá oportunidades de entregar o seu ego (abuso de poder), o abusado terá oportunidades de entregar o seu medo (falta de poder).
Seja para quem for, a transformação nunca será fácil.
Plutão traz-nos sensações de fim, de limite, de morte, de perda, de impotência, de pânico e medo e não raras as vezes sentimos que estamos bloqueados ou perdidos no escuro sem saber como lidar com essas sensações profundas e desesperadas.
É um processo que exige uma profunda fé, confiança nos processos de crescimento espirituais e “obriga” a uma rendição ao que a Vida nos mostra como sendo o verdadeiro equilíbrio e justiça e não o que “nós” queremos acreditar ou achamos ser esse mesmo equilíbrio e justiça.
Quantas e quantas vezes já aprendemos e percebemos a triste figura que fizemos no passado lutando por causas, crenças, valores, ideias, sonhos que se vieram a revelar tóxicos ou mesmo ridículas para nós??
Por isso mesmo Plutão convida à rendição, ao desapego daquilo que antes acreditávamos controlar e a que uma nova postura mais humilde mas pura se instale.
Quer queiramos quer não, o Sr. do Poder Pessoal irá sempre cumprir a sua agenda.
É nestas alturas que somos então levados aos limites das mais variadas maneiras tantos nas lutas com os nossos demónios interiores como exteriores pois é precisamente nestas lutas que o nosso ego é exposto e a verdade das nossas sombras revelada.
Porque Plutão tem que ser tão violento perguntam muitos??
Não é Plutão que é violento propriamente mas sim a nossa resistência a aceitar os processos Karmicos de crescimento que ele propõe.
No caso dos abusos de poder, o que dói é a resistência à entrega, à desistência, à rendição, à vulnerabilidade e em última análise à Fé de que sempre que entregamos parte do nosso ego, é-nos devolvida uma parte da nossa alma.
No caso do impotente, daquele que ainda vive do medo do seu próprio poder interior, o que dói é a resistência a enfrentar o medo, é a resistência à acção corajosa, à iniciativa de se levantar e reclamar o seu poder de cumprir o seu caminho.
Para muitos um trânsito de Plutão será o momento da entrega da espada do poder a Deus, para outros será o momento de resgate, de receber e aceitar de Deus, a espada do poder.
Plutão é o senhor das profundezas, do oculto, do que está escondido. É ele que nos mostra que o que considerávamos um chão seguro ou que parecia controlável, é afinal uma areia movediça que nos lembra que o verdadeiro poder é interior, usado na forma como respondemos corajosamente aos embates que a inteligência da vida nos envia.
Plutão leva 248 anos a dar a volta ao Sol, por essa razão só o conheceremos a atravessar algumas casas do nosso mapa e por isso será sempre curioso ir procurar em que casa natal ele está e em que casa ele anda em trânsito. Deixo algumas dicas muito curtas de Plutão em trânsito por cada casa;
Plutão Casa 1 – Destruição de uma velha identidade ligada ao ego, orientada exclusivamente para os desejos da personalidade e proposta de nova orientação na vida orientada principalmente para cumprir a missão da alma.
Plutão Casa 2 – Destruição de velhos recursos financeiros tóxicos, exclusivamente materialistas e proposta de novas, saudáveis e responsáveis fontes de rendimento, alinhadas com o projeto da alma.
Plutão Casa 3 – Destruição de ingénuas, idealistas e fechadas formas de pensar e proposta de estudos relacionados com a busca do sentido espiritual da vida.
Plutão Casa 4 – Destruição de velhos apegos a figuras protetoras e estruturas familiares e proposta de encontrar a sua própria estrutura e responsabilidade emocional.
Plutão Casa 5 – Destruição de velhas ilusões e projeções de amor nos outros na forma de romances, paixões, filhos e imagens de superioridade e proposta de encontrar a sua essência como talentos, dons e amor próprio.
Plutão Casa 6 – Destruição de velhas tentativas de controle, perfeição e busca da vida perfeita e proposta de encontrar uma simples, humilde, altruísta e disciplinada forma de viver.
Plutão Casa 7 – Destruição de velhas dependências relacionais, projeções no outro e ilusões de alma-gémea e proposta de responsabilidade pessoal e saber estar inteiro nas relações com os outros.
Plutão Casa 8 – Destruição de velhas formas de apego, dependência, controle, manipulação e abuso do outro e proposta de enfrentar o medo da perda e encontrar o seu próprio poder pessoal sozinho.
Plutão Casa 9 – Destruição de velhas crenças e verdades absolutas sobre a vida e sobre Deus e proposta de abertura mental e espiritual e estudo de novas filosofias e crenças alinhadas com o processo de evolução espiritual.
Plutão Casa 10 – Destruição de velhas formas de lidar com o poder, o reconhecimento e a autoridade, tanto na falta como no abuso e proposta de assumir o poder, reconhecimento, autoridade e responsabilidade pessoal sobre si mesmo.
Plutão Casa 11 – Destruição de velhos valores e crenças conservadoras sociais, nas formas de tradições, regras, costumes e leis e proposta de encontrar novas, originais, mais respeitosas, ecológicas e livres formas de viver e conviver.
Plutão Casa 12 – Destruição de toda e qualquer resistência e tentativa de controle ou fuga sobre a vida e proposta de reconectar com a inteligência cósmica e aceitar humildemente os desafios e convites da vida como propostas pessoais ou trampolins de evolução.
Neste momento 2022 estamos a viver algo muito extraordinário; os últimos graus do Signo de Capricórnio depois de uma viagem lenta que já vem de 2008, que só por si já são críticos e emergentes e a primeira entrada em Março 2023 no Signo de Aquário, evento que ninguém vivo neste momento alguma vez assistiu. Se tiverem curiosidade, procurem acontecimentos mundiais entre os anos de 1778 – 1798 para terem uma noção de eventos idênticos no que toca aos princípios de Aquário; igualdade, direitos humanos, fraternidade, respeito pela diferença.
Se tens planetas entre os graus 25 e 29 de Capricórnio, Caranguejo, Balança ou Carneiro, estás a sentir a pressão deste tipo de trânsito e a ter uma oportunidade única de transformação completa de forma de estar, viver e dar sentido à vida.
Deixo algumas dicas muito curtas de Plutão em trânsito por cada casa;
Imagem de ParallelVision por Pixabay