Solidão; uma proposta de cura, um degrau para a Liberdade

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Embora solitária e desconfortável, a solidão não vem por castigo, por culpa de alguém ou por azar da vida.

Da perspectiva certa, ela é extremamente importante, tem vários propósitos nobres e quando é prolongada, é um sinal de evolução.
Vejamos alguns desses propósitos;

  • Reconectarmos connosco próprios
  • Aprendermos a ouvir e a seguir a nossa voz interna
  • Aceitarmos que o nosso bem estar não depende de ninguém
  • Fazermos as pazes com quem somos e com o que atraímos
  • Curarmos as nossas feridas, traumas e dores
  • Descobrirmos os nossos talentos e colocá-los ao serviço do mundo
  • Confiarmos na nossa intuição
  • Trabalharmos a autonomia, o foco e a independência
  • Valorizarmos os nossos esforços e as nossas conquistas
  • Vivermos em liberdade
  • Desenvolvermos a autoridade e capacidade de dizer NÃO e pôr limites
  • Seguirmos o coração e a nossa verdade pessoal
  • Tomarmos iniciativas sem depender de ninguém
  • Vivermos em harmonia com a nossa criança interior
  • Canalizarmos a nossa energia para cuidarmos de nós próprios
  • Desenvolvermos a disciplina para gerir da nossa vida
  • Fazermos escolhas que reflitam o nosso amor próprio
  • Investirmos em recursos internos que nos darão confiança e segurança
  • Mantermos a integridade pessoal nos relacionamentos
  • Vivermos alinhados com o nosso propósito Karmico
  • Desiludirmo-nos com o amor dos outros e encontrarmos o amor próprio
  • Reconectarmos com a nossa essência, intuição e sabedoria interior
  • Termos a coragem de expor abusos e abusadores
  • Fazermos do nosso propósito evolutivo a nossa razão de viver
  • Mantermo-nos neutros perante provocações e jogos de manipulação

Estas e muitas outras aprendizagens que a solidão proporciona, são realmente, maravilhosas, extraordinárias e desejáveis por qualquer um de nós, certo?

Mas infelizmente, são quase impossíveis de aceder sem a experiência da solidão. 

   – Mas porque temos que passar pela dor da solidão para aprendermos essas lições?

Basta olhar à nossa volta e observar onde está o foco, o objetivo, a razão de viver da maioria; no mundo exterior!

– A minha razão de viver são os meus filhos
– A minha razão de viver é a minha carreira
– A minha razão de viver é cuidar da minha família
– A minha razão de viver é trabalhar e pagar contas
– A minha razão de viver é o meu casamento
– A minha razão de viver é estudar e tirar uma licenciatura
– A minha razão de viver ganhar dinheiro para comprar os meus sonhos

Enquanto o foco estiver 100% fora, o nosso mundo interior está abandonado, esquecido, inconsciente.

Quantas vezes a maioria faz da sua razão de viver o seu crescimento pessoal, a superação dos seus medos, a cura dos seus traumas, a mudança radical de estilo de vida, a disciplina para cumprir um objectivo pessoal, a libertação dos seus apegos, enfrentar as suas ilusões, ou seja, pagar o preço da sua transformação e evolução espiritual, emocional, mental, filosófica, financeira e até física?
Infelizmente são muito poucos pois a maioria vive intoxicada e sobrecarregada de exigências e responsabilidades que criou erradamente, precisamente porque só considerou o exterior na fórmula da felicidade.

As maravilhosas qualidades que descrevi acima, são todas fruto de muito trabalho de desenvolvimento pessoal, muita capacidade de estar confortável sozinho, bem com sua própria companhia, muita consciência de qualidades e defeitos próprios, muita terapia, muita pacificação com a própria história Karmica, muito entendimento e compaixão pelas pessoas que atraímos, muita consciência e disciplina com os padrões tóxicos do ego, muita fé e amor por nós mesmos, muito respeito pelas Leis da Vida e um inabalável compromisso com o processo de desenvolvimento espiritual próprio. 

Infelizmente, por falta de orientação e conhecimento, a maioria foge de vestir esta capa de sabedoria usada por poucos Mestres ao longo da história.

– Mas então, como vamos parar à solidão se todos querem fugir dela?

O Caminho da Evolução é pessoal, intransmissível, exigente, tortuoso, escuro, assustador, difícil, solitário, cheio de testes e armadilhas mas é o Caminho do Mestre, é a viagem das trevas de volta à Luz, é o único que nos permite evoluir, aquele que nos reconecta com a nossa luz interna, com a nossa essência criativa e com o nosso amor próprio.

Por ser exigente demais, a maioria perde-se facilmente nas tentações do amor fácil, nas ilusões de vida leve, nos sonhos de riqueza material, nas dependências e apegos de quem promete amor, segurança, estabilidade.

É só uma questão de tempo até o Universo boicotar essas ilusões e é através de Saturno, Urano, Neptuno e Plutão que veremos a nossa vida virada do avesso, colhendo consequências das más escolhas de procurar no exterior, passando por mudanças radicais de rumo, sofrendo profundas desilusões e tendo de aprender a perder, confiando que a Vida é sábia e melhor do que nós, sabe o que é para vir e o que é para ir a cada momento.

É nestes momentos de crise que a solidão bate à porta. Não como um bicho mau assustador mas sim como a Criança Interior que habita dentro de cada um e a qual abandonámos quando andávamos entretidos com o mundo exterior.

 É nesse estado de vazio e solitude, que começa a busca interior, onde conseguimos finalmente perceber como antes usámos as pessoas à nossa volta para dois objetivos de fuga fácil;

  • Projectar o salvador no outro, exigir, idealizar, manipular e esperar do outro todas as qualidades que ainda não reconhecemos em nós, mas que desejamos profundamente, como o amor, o poder, o reconhecimento, a segurança, o respeito, a atenção, o carinho, investindo em relações cheias de dependências,  ilusões e apegos em vez de investir em si mesmo. Sim porque é muito mais fácil esperar ou exigir amor dos outros do que resgatar o amor próprio..
  • Culpar o outro da nossa perda, projectar no outro a nossa dor, fazer do outro o carrasco da nossa vítima, condenar o outro a bode espiatório da nossa vida, fazer do outro a causa da nossa miséria, do nosso sofrimento, da nossa cobardia, da nossa infelicidade. Sim porque é muito mais fácil culpar os outros do que nos responsabilizamos pela nossa vida. 

Por muito tempo, o outro servia de entretém, de distração, de fuga à tão temida solidão. Mas teve o enorme preço da perda, da desilusão e de ver o velho sonho destruído por não ter sustentação no amor verdadeiro, interno, pessoal.

Para nos salvar desses fantasmas externos, dessas ratoeiras do ego, dessas rodas karmicas e nos reorientar internamente, onde o verdadeiro trabalho de amor deve ser feito, o Universo usa aquilo a que chamamos de “perda, dor, desconforto”.

Rejeição, traição, abandono, morte, despedimento, doença, aborto, deslocações geográficas, litígios, violência, roubo, desrespeito, são apenas situações que escondem a intenção de romper as dependências, ilusões e apegos e devolver-nos a nós próprios. São uma desarmonia entre as ilusões e desejos do ego vs a necessidade de evolução da alma. 

Ou seja, é nos movimentos da vida que estão para além da nossa escolha e controle que vamos perceber como a vida traz e leva, não o que queremos mas sim o que precisamos.

Infelizmente a maioria não percebe a perda como um movimento inteligente e sagrado de salvação pessoal, não a reconhece como uma oportunidade de se reconectar consigo mesm@ e de sentir, observar padrões, aprender lições, iniciar mudanças, não a enquadra na Lei do Karma e na Lei da Atração, não a aproveita como um convite de reencontro consigo mesmo.

A maioria fica a chorar a perda, procura em vão substituí-la, vitimiza-se pela perda sem nunca perceber que a perda é o trampolim para o ganho.

A sua obsessão com o mundo de fora leva-a a ignorar as mensagens de perda, dor e desconforto e segue em frente cega, surda e muda, substituindo as perdas por novas ilusões, apegos e dependências, criando assim e sem saber, mais sofrimento para si mesma, através das novas perdas que virão.

Mas de tantas vezes a roda gira que aos poucos a Alma aprende. E se não aprende por consciência, aprende por experiência. Neste caso pela experiência da perda, dor e sofrimento.

A velha assustadora solidão, começa aos poucos a mostrar-se um campo de paz, um espaço de conforto pessoal, uma oportunidade de reconexão com a Criança Interior, um silêncio que permite ouvir a Alma.

Conforme as experiências e até vidas se vão sucedendo, vamos aprendendo que quando procuramos fora, sofremos, mas ganhamos quando ficamos connosco e procuramos dentro, quando nos pacificamos, quando nos reconectamos com a nossa essência, com as memórias do passado, com a nossa criança interior e com os anseios do futuro. Ganhamos quando procuramos compreender os movimentos da vida, tanto do ter como do perder, quando paramos de procurar fora, quando ganhamos consciência, crescemos, harmonizamos, evoluímos.  

É relativamente fácil encontrar no mapa astrológico, vidas onde a proposta de solidão é particularmente forte e está a compensar vidas passadas de enormes dependências, ilusões e apegos. Por exemplo; mães de outras vidas que nesta vida não têm filhos, esposas submissas de outras vidas que nesta vida escolhem nunca casar. Donas de casa de outras vidas que nesta vida seguem o chamamento da carreira. Pessoas de mente fechada que se aprisionaram a uma mentalidade de rebanho noutras vidas e nesta vida escolhem a vida da Ovelha Negra, viver sozinhos, desapegar de quem os rodeia, seguir a sua vontade própria, fazer as pazes com a solidão pois ela é a ponte para a riqueza do mundo interior. Apegos à família em vida passadas que pedem nesta vida desapego, afastamento emocional da família, aquele que procura viver noutro país.

Importante mesmo é reconhecer a solidão como um convite de reencontro com Deus, com a nossa essência, com quem somos e parar de evitá-la e fugir dela como se fosse algo terrível e assustador. A proposta é aprender a fazer as pazes com a solidão pois sem ela não temos oportunidade, espaço, tempo, silêncio, disponibilidade suficiente para nos conhecermos, explorarmos as várias partes que nos compõem, abraçar as nossas fragilidades, conhecer a nossa força, lembrar os nossos sonhos, ouvir a nossa alma.

Só depois deste trabalho, deste reencontro interno, desta consciência pessoal profunda, podemos então voltar ao exterior, às relações sem a expectativa de receber algo de alguém e sem a necessidade de culpar ninguém de coisa nenhuma. Só depois deste trabalho feito podemos falar em Liberdade.


Se queres conhecer a tua história Karmica, a tua missão, os teus padrões nesta vida, envia email para veraluz@veraluz.pt ou liga 967988990 para marcares a tua consulta. As tuas partilhas ajudam a fazer crescer o meu trabalho, por isso agradeço-tas.

Vera Luz

Image by Melk Hagelslag from Pixabay

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