Acho graça quando as pessoas dizem que são muito racionais, ou que têm uma mente científica, ou que são cépticas quanto a certos temas mais abstractos como se me quisessem fazer acreditar que não possuem os seus opostos. Nestes casos então estas pessoas não seriam emocionais, não teriam uma mente criativa ou rejeitariam o invisível mundo do oculto e seriam apenas “ver para crer”.
A falta de consciência da nossa essência dual, que sempre nos convidou a integrar esses dois mundos tão opostos e a ignorância de como reconhecê-los no nosso mundo interior e exterior, levou-nos a separar as duas partes, criando a ilusão de que ou somos uma ou outra. Que uma está certa e a outra está errada ou até que temos de escolher entre elas.
Dizem os antigos Orientais que o Caminho da Evolução acontece pela rendição à Vida. Quando nos rendemos ao plano maior Cósmico. Quando reconhecemos que a Vida é inteligente. Que este caos aparente que vemos, são afinal as Duas Forças Sagradas Yin Yang em permanente movimento, regidas por leis sagradas, a dançar infinitas danças.
Os 4 Elementos são 4 janelas pelas quais a Natureza nos mostra como esta Sagrada Dualidade se expressa através do Fogo, Terra, Ar e Água.
Esta antiga mas sábia visão oriental do mundo pede equilíbrio, integração, responsabilidade pessoal, respeito pela Vida, sabedoria e muita consciência de viver desperto para a magia tanto do mundo físico como do mundo espiritual a cada momento.
Só aos poucos o nosso Ocidente vai acordando do sono da ignorância religioso, em que caiu durante tantos séculos. Ao contrário da filosofia Oriental da integração da dualidade e do equilíbrio das duas partes, a visão Ocidental do mundo ainda separa, rejeita, critíca partes, sem perceber que as partes são partes do Todo. Que cada um de nós é um mini-cosmos e logo o que rejeitamos fora rejeitamos dentro. O que rejeitamos no outro, rejeitamos em nós. O que julgamos no outro é o que ainda não está consciente em nós.
Podemos ver isto na separação que ainda hoje criamos entre ciência e espiritualidade. Entre racional e emocional. Entre criativo e científico. Entre concreto e abstracto. Entre real e simbólico. Entre energia feminina e energia masculina. Entre inteligência e lógica e intuição e sensibilidade. Debates e discussões inúteis pela razão quando ambas as partes têm razão de existir e um lugar importante no nosso sistema, macro ou micro.
Esta visão da dualidade gerou no Oriental o Princípio do Equilíbrio, base de quase todos os sistemas e filosofias de cura, de abundância, de saúde, de força interior e física; Yoga, Feng Shui, Acupunctura, Artes Marciais, Ayurveda, citando apenas algumas que já nos são relativamente familiares. O Ocidente está a viver uma crise espiritual, uma crise de valores, as consequências da obsessão material devido à desconexão espiritual do fim do século passado.
É essencial recuperarmos a visão do Todo. Trocar o Deus religioso do medo pela visão Divina do Amor. Ensinar às nossas crianças que elas já são completas. Que elas, tal como os adultos, têm o direito a expressar a sua dualidade de forma única e original. Que o caminho do equilíbrio para uns é diferente para outros e que TODOS são válidos.
Depois da derrocada do velho mundo que o vírus veio propor, começa a chegar aos poucos a tão ansiada Nova Era. A Era da Consciência Sagrada. A Era da Unidade e da visão HUmanitária ou Sistémica, ou seja, que o Cosmos é um sistema organizado e inteligente e nós, não só fazemos parte dele, como somos individualmente responsáveis pelo equilíbrio do todo.
Enquanto continuarmos a olhar o mundo, os comportamentos das pessoas, a nossa história pelos olhos da ignorância, iremos manter-nos doentes, cheios de emoções densas, em permanente litígio com o que nos rodeia. Só o entendimento da visão Oriental permite dar sentido à diferentes realidade de cada um e através das lentes da sabedoria, descobrir como tudo e todos encaixam maravilhosamente no nosso sistema tanto pessoal como colectivo.
Bem hajas!
Vera Luz