É maravilhoso o despertar espiritual que tantos estão a experienciar neste intenso momento de transformação da nossa história, tanto pessoal como coletiva. Descobrir que a Vida é inteligente, maravilhosa e construída sob leis de Amor e Justiça divina, é um bálsamo para a Alma.
Mas até chegarmos a este tempo um pouco mais iluminado e de maior consciência sobre essas leis do Amor, foram muitas as vidas em que vivemos sem luz, sem consciência, ainda sob o instinto de sobrevivência, hipnotizados pelas tentações do mundo terreno.
Mas não foi só na Idade Média que se viveram as trevas.
O inferno e o paraíso estão dentro de nós, são estado de SER, estão condicionados pelas nossas crenças, pelos nossos valores, pela educação que recebemos e mais importante ainda, é no trabalho de consciência e desenvolvimento pessoal e espiritual que recuperamos o poder de decidir se nos deixamos tentar pelo caminho do medo ou se já temos a coragem de escolher o caminho do amor;
– Acreditar que a vida é um inferno é viver na ilusão, é viver na ignorância espiritual, é viver na energia do medo, é iludir-se com a separatividade, com o julgamento, é acreditar que a vida é injusta por desconhecimentos das leis divinas.
– Acreditar que a vida é um paraíso é alinhar a Mãe Terra com o Pai Céu, é viver consciente do plano divino, é respeitar as leis do Céu e da Natureza, é ir para além da polaridade e perceber que tudo é Uno, é fazer uso do livre arbítrio para transcender o medo e escolher o Amor.
Podemos então resumir que Despertar é retornar a essa clareza espiritual, a essa consciência superior, ao ensino ou educação intelectual que nos lembre que já somos Divinos, criados à imagem de Deus, que vivemos num Universo perfeito e ordenado e que viemos à terra fazer a experiência da evolução espiritual através do nosso livre arbítrio.
Dessa perspectiva, sorte e azar, justiça e injustiça, deixam de fazer sentido, pois tudo tem uma razão de ser válida e inteligente.
A benção e a alegria passam a ser vividas plenamente e merecidamente. Mas também a dor e a tristeza têm uma função intencional e positiva no processo de evolução.
Podemos resumir que a grande diferença de postura entre os dois estados se resume, no adormecido como a VÍTIMA ou a CRIANÇA e no Desperto como o RESPONSÁVEL ou o ADULTO.
Infelizmente o despertar espiritual não é uma decisão consciente, não depende de um comprimido, não pode ser forçado. É sim um momento mágico que depende do relógio cósmico da nossa história de evolução espiritual, impossível de prever ou provocar.
Se o estado de adormecido é conduzido pelo mental inferior, condicionado pelo mundo exterior, suas ilusões, dependências e apegos, sem compreensão alguma dos movimentos de ganho ou perda, altamente influenciado pelo medo e controle, no estado de Desperto, é acordado o mundo interior, a intuição e a emoção são o GPS interno, a polaridade é finalmente entendida e transcendida, os movimentos são compreendidos pelas Leis Cósmicas, o amor, a coragem, a liberdade são os motores
O Despertar é o convite de ligação da mente inferior com a mente superior, é a proposta de harmonização do mundo interior com o mundo exterior, dos interesses inferiores do ego e das nobres intenções da alma, da conciliação das leis do homem e das leis de Deus.
O momento do despertar provoca pela primeira vez uma enorme consciência de que somos mais do que as infinitas e antigas distrações e fontes de alimento energético do mundo exterior e que de repente já não fazem sentido.
O Despertar leva-nos pela primeira vez a aceitar a ideia de que tudo tem uma razão de ser, tanto a perda como o ganho, a experiência positiva como a negativa, as pessoas fáceis e as pessoas difíceis, tudo faz parte das aprendizagens
O Despertar leva-nos a um momento de desilusão completa com as velhas ilusões de procurar compensação para o vazio da alma na família, nos relacionamentos amorosos, no sucesso profissional, na riqueza material.
O Despertar leva-nos a enormes e dolorosos processos de desapego e libertação forçada na forma de “perda”, consequência dos apegos doentios que criámos mentais, emocionais, espirituais, financeiros, filosóficos, etc.
O Despertar é o momento da responsabilidade pela nossa existência, pela nossa pessoa, pela nossa felicidade, pela nossa liberdade e pelo processo de evolução que preparámos para a vida presente.
E se a proposta de evolução esconde o potencial de nos levar a uma vida mais leve, mais abundante e mais saudável, o preço é ter que lidar com o velho karma na forma de desafios, obstáculos, pessoas difíceis, circunstâncias complexas pendentes por resolver do passado.
Até que o Despertar Espiritual aconteça, vamos viver na inconsciência total dessa responsabilidade pessoal, controlando, manipulando e culpando o outro por tudo o que nos acontece de pior, vamos projectar a nossa dor no exterior sem qualquer consciência de que o exterior É o processo de evolução e tudo o que vem a nós faz parte desse processo e do nosso karma pessoal.
O Despertar é então o convite de ver a vida pelas lentes das Leis Universais e pela primeira vez trocar o caos pela Ordem. A sensação de injustiça, pela justiça Divina. O conceito de sorte e azar pela lei do Karma.
Sabendo agora que somos então responsáveis pelo que damos e consequentemente pelo que recebemos, sabendo agora que já não podemos “culpar” ninguém pelos nossos males, todas as nossas escolhas passam a ser feitas com muito mais cuidado pois agora sabemos que iremos ser responsabilizados pelas consequências das mesmas, algures num tempo futuro.
Depois do Despertar passamos a ver como cada um de nós é uma representação do divino, individualizado pelo seu karma pessoal.
Cansados de vidas densas, mergulhados nas piores emoções do medo, da culpa, da tristeza e controle começamos a mudar as nossas prioridades e passamos a escolher pela primeira vez o que nos faz bem, o que fala a nossa língua, o que dá prazer e alegria e alimento à alma que há muito não era ouvida e respeitada.
O Despertar não é uma transição fácil pois as energias densas dominaram durante muito tempo os nossos corpos fisico, mental, espiritual e emocional. Mais do que nunca a “luta do bem contra o mal”, o Armaggedon interior é um exercício permanente no nosso dia a dia, é o Caminho do Guerreiro da Luz, é a Viagem do Mestre que todos estamos a percorrer.
Vera Luz
Imagem de Merry Christmas por Pixabay