Pior do que o apego visível que temos a certas pessoas, a coisas, a espaços ou a uma rotina controlada e previsível que tentamos criar no mundo exterior, é o apego invisível que mantemos às noções de certo e errado que nos passaram na infância, aos traumas que vivemos, às velhas crenças e valores incutidos pela família, aos padrões karmicos que trazemos de vidas passadas, à lealdade pelas dores dos nossos antepassados.
Dizem os Budistas há mais de 2000 anos que o apego é um dos venenos do mundo, mas é importante conhecermos as suas várias camadas e invisíveis ramificações pois para a maioria das pessoas, o apego é confundido com amor de querermos por perto quem amamos e por essa ingénua ignorância sobre a palavra apego, sofremos, pois criamos dor para nós próprios.
Apego e amor não são a mesma coisa e estão até em polos opostos.
Amor é antes de mais um estado de ser e não de ter, é uma chama interna acesa pelo próprio quando finalmente faz as pazes consigo mesmo, um reconhecimento pessoal da Luz que somos, uma auto aceitação da nossa polaridade; dos nossos defeitos e talentos. Amor é o resultado de uma harmonia entre a Luz e a sombra que carregamos, é a consciência e amor pela nossa diferença, é o reencontro connosco próprios quando os outros nos rejeitam e abandonam, é a responsabilidade pela nossa evolução pessoal, pelas nossas dinâmicas karmicas e potenciais adormecidos, é a nossa coragem de orientarmos a nossa vida para um futuro que represente a cura das nossas dores e incapacidades do passado.
É este estado interno, sustentando na responsabilidade, na consciência individual e no amor próprio, que permite a acção amorosa, que incentiva a coragem de caminhar sozinho, que foca na autopreservação, colocando corajosamente limites ao quem não a respeita, na auto sustentação emocional, mental, espiritual e até financeira, no respeito e evolução pessoal.
Pelo contrário, o apego nasce do vazio de amor, da ausência de Luz. É o desconfortável estado de carência que todos já sentimos, é a sensação da falta, é o medo da rejeição, da solidão e do abandono, é a inconsciência individual do Eu, a falta de reconhecimento pessoal da própria Luz e uma exagerada identificação com a sua sombra, é o impulso instintivo, quase de sobrevivência, que procura preencher o vazio a qualquer preço e de qualquer maneira, com qualquer pessoa. É a dependência e identificação com tudo e todos que sirvam de rolha e distraiam o vazio. São as infinitas e ilusórias formas de prazer e valor confundido com amor vindo de fora para dentro, normalmente na forma de pessoas, bens materiais, dinheiro, poder, vícios vários.
É a ilusão de que somos metade em busca da outra metade, é a expectativa irrealista de encontrar no mundo exterior, a peça que nos falta, a cara metade, a alma gémea, é a projeção do amor em alguém, são os jogos de controle e manipulação que alimentamos para manter os apegos por perto e assim evitar a solidão.
É este estado interno sem sustentação própria, que alimenta o medo, que nos leva a acreditar na necessidade, no controle de pessoas e situações, que nos aprisiona com dependências, vícios e apegos a tudo e a todos, que vive na ilusão do encontro da metade que falta e que impede ou adia o verdadeiro trabalho de amor próprio e evolução pessoal.
Podemos resumir então que a vibração do apego , mendiga alimento externo enquanto que o amor é livre, poderoso e auto-sustentado.
Escusado será dizer que a maioria das pessoas e acredito que apenas por ignorância, ainda vibra na energia do apego. Mas pior do que isso, sem consciência disso e chamando-lhe amor.
Não quero com isto dizer que vamos todos viver sozinhos e não ter família, dinheiro ou relacionamentos.
A proposta não tem a ver com TER relações, dinheiro ou família mas sim incluirmo-nos a nós próprios e às necessidades do nosso SER ou seja, ao nosso bem estar, felicidade e paz interior pessoais.
As boas relações são sempre sustentadas no amor-livre e na confiança e não no amor-medo e controle.
Todos sabemos bem que nem sempre essa harmonia entre as expectativas dos outros e as nossas necessidades pessoais é fácil de conquistar.
Sim, as cedências fazem parte de qualquer relação saudável, mas infelizmente a maioria não atinge esse patamar de conseguir relações saudáveis enquanto não tiver uma boa relação consigo mesmo. Quando há apego ao outro, as cedências tornam-se exageradas ao ponto da anulação pessoal e obviamente impedem a boa relação connosco mesmos.
E o que é que quer dizer então ter uma boa relação consigo mesmo?
No estado de apego e carência profunda, não há relação consigo mesmo e por isso acabamos por ceder a tudo o que o outro quer como forma de o manter.
No estado de Amor próprio e por auto preservação pessoal, gerimos as necessidades de ambas as partes, sem nunca trair as necessidades ou dignidade pessoal. Caso as duas necessidades sejam incompatíveis ou criem um litígio pessoal, a escolha recai sempre no que mantêm uma boa relação com o próprio, no equilíbrio pessoa, no amor próprio, mesmo que custe a perda do outro.
Para saberes que grau de apego tens a alguém, pergunta-te a ti mesmo;
-Que medo tenho de perder o outro?
-Quem sou eu sem o outro?
-Como cedo ou me traio para o outro se manter por perto?
-Que jogos e manipulações uso para manter o outro por perto?
-O que silencío com medo de perder o outro?
-Que coisas calo para não incomodar o outro?
-Se não me valoriza como eu gostava, porque tenho medo de perder o outro?
-A quem teria que dar explicações se me livrasse do outro?
-O que sentiria se acabasse de vez com esta relação?
-Que padrões estaria a mudar se conseguisse dizer ao outro;
Chega!; vou-me embora; não aguento mais isto; mereço melhor; cansei!
-Que padrões estou a calar e a repetir a permitir o mesmo comportamento do outro?
-O outro permite-me ter uma boa relação comigo mesm@ quando el@ não está?
-Consideras que estás mais na vibração do apego ou do Amor próprio?
Precisamos lembrar que o outro jamais vai ser complemento de algo que nos falta e também não devemos esperar dele o que idealizamos receber. O outro é sim espelho do que se passa dentro de nós, devolve o que ainda não acedemos ou sequer aceitámos, traz não o que queremos, mas sim o que precisamos. E para retornar a nós, ou seja, para desistirmos do amor do outro e encontrarmos o nosso amor próprio, o que precisamos pode bem ser uma rejeição, uma traição, um abandono, uma desilusão ou outra qualquer dor que nos prove que o amor não está fora, está dentro de nós.
É nessa viagem interna que depois encontramos as mais belas e importantes peças do nosso puzzle pessoal; o amor á nossa criança interior, a honra às nossas vidas passadas, a transformação das nossas partes traumatizadas, a reconexão com o nosso Eu Superior, a gratidão aos mestres e mentores que nos apoiaram pelo caminho e o reconhecimento aos nossos dragões que acordaram o nosso karma e nos deram a oportunidade de o superarmos.
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Vera Luz