A perfeição que tanto procuramos, está disfarçada de imperfeição. Está escondida em cada desafio, em cada problema, em cada proposta que nos convida a sair da zona de conforto.
Mas que perfeição é essa? perguntas tu?
Para responder precisamos rever a palavra perfeição e o que a torna tão apelativa.
Acredito que todos concordamos com a ideia de que SER é mais importante do que TER, certo?
Sentir harmonia interior, paz, amor-próprio, coragem, liberdade, saúde ou qualquer outro valor essencial, é sem dúvida o grande objetivo do ser humano.
Mas o que fazer quando sentimos revolta, frustração, medo, insegurança, tristeza, rejeição, abandono, doença, estados dos quais não podemos fugir?
Os princípios da DUALIDADE e do EQUILÍBRIO mostram-nos que iremos sempre flutuar entre o pólo positivo e negativo assim como oscilar entre mundo interior e exterior.
De nada nos serve negar o negativo e querer apenas o positivo ou viveremos sempre em desequilíbrio. De nada nos serve também querermo-nos sentir bem sem fazer por isso exteriormente ou querer apenas uma vida exterior perfeita, sem um trabalho profundo interior de confronto com as nossas sombras.
E é aqui que a busca da perfeição nos trai.
Ingénua e imaturamente, tal como crianças, continuamos a iludir-nos com o lado belo da vida e a fazer birras violentas quando somos confrontados com o lado negro.
Segundo os Orientais, o processo de iluminação não se trata apenas de nos elevarmos e atingirmos a Luz, uns kilómetros acima, deixando a realidade terrena para tras. Não são raras as pessoas que sonham com a ideia de não precisar de reencarnar novamente ou mesmo da vontade de irem embora mais cedo, cansadas e frustradas com a incapacidade de atingir a felicidade neste plano. Ou seja, desiludidas da sua própria ilusão.
O processo de iluminação começa sim com a consciência de que nós já somos a luz em plena experimentação da dualidade. Começa com o uso consciente e responsável do livre arbítrio de forma a que cada escolha nossa represente dignamente a divindade e o amor incondicional. Começa com a responsabilização sobre a co-criação da realidade de cada um, geridas pelas leis superiores, como palco de crescimento pessoal. O processo de iluminação passa por “iluminar” o que ainda não tem luz, através da nossa presença e das nossas escolhas feitas com essa mesma consciência e intenção.
Da mesma maneira que uma lanterna jamais fará magia num dia de sol, mas apenas na escuridão ela será valiosa e importante, assim somos nós, lanternas permanentes sendo chamadas para realidades sem luz onde teremos sempre a oportunidade de levar a luz que somos.
Deste ponto de vista, precisamos aprender a observar melhor a realidade em vez de estarmos sempre a julgá-la. Precisamos estar disponíveis para a expressão da dualidade de forma a sermos sempre uma presença “equilibradora”, capaz de levar a consciência da luz à expressão da escuridão, assim como levar a consciência da escuridão, a quem insiste em só querer ver a luz.
Bem hajam!
Vera Luz