Todas as experiências que a nossa alma já viveu estão guardadas no nosso inconsciente à espera de oportunidade para serem revistas, curadas e integradas.
Os ataques de pânico, crises de ansiedade e todo o tipo de fobia perante situações ou pessoas, são precisamente os avisos internos de que temos uma ligação interna com realidade externa a curar, a trazer à consciência, a integrar e por isso não é algo que se cure simplesmente com medicação. Sim a medicação pode aliviar os sintomas desconfortáveis, mas ao disfarçar o desconforto, apenas adia a verdadeira cura.
Mais cedo ou mais tarde, a lei da atração trará de novo a mesma proposta para que com consciência e coragem possamos superar e enfrentar o velho desafio, desta vez, com uma nova abordagem, aceitação, rendição, tranquilidade e confiança. Ou seja, o primeiro evento que causou o pânico ou a fobia gera um medo que tem a intenção de nos proteger de uma velha dor. O problema é que deixamos que esse mesmo medo nos paralise, aprisionando-nos numa roda de medo e resistência interna muito pior do que a dor original.
Tanto pela observação em diversas pessoas, como na minha própria experiência, acredito que o pânico ou uma crise de ansiedade, são sintomas extremos de excesso de controle sobre a nossa pessoa, sobre a vida, sobre os acontecimentos e a vida em geral. Não é propriamente o controle que nos causa este grau de ansiedade mas mais a constatação, através de um evento externo ou memória interna, de que de facto não controlamos nada. E no caso dos ataques de pânico, a incapacidade óbvia que temos de controlar até o nosso próprio corpo.
Esse controle não é propriamente uma escolha nossa ou sequer consciente, mas sim um mecanismo de controle extremo e sobrevivência, que algures num ancestral passado, serviu para nos proteger, mas que depois procura sempre o momento da descompressão e libertação dessa energia comprimida. O papel do nosso inconsciente é o de Guardião. Ele sabe que não conseguiríamos processar aqui e agora, toda a informação que ele guarda, todas as dores e traumas que já vivemos, todas as questões existenciais que temos. Por essa razão protege-nos mantendo toda essa densidade inconsciente até que haja o momento certo para a libertar. É esse o convite de transformação, libertação e limpeza dos trânsitos dos Planetas Transpessoais Urano, Neptuno e Plutão. É nesses momentos alquímicos que somos convidados a libertar essa densidade para o consciente, onde com a devido apoio terapêutico, será então processada, aceite e integrada.
É um litígio interno entre os dois lados da nossa Essência;
– a mente (inconsciente) que diz; controla
– a Alma que diz; confia.
O excesso e a necessidade de controle escondem a mais pesada e condicionante das emoções humanas; o medo.
O medo de sofrer, o medo de perder, o medo de ficar sem, o medo de perder o controle, o medo de não se capaz, o medo da rejeição, da solidão, e tantos outros. Ou seja, o medo é a resistência à fluidez da vida, é o oposto de segurança e coragem, é a emoção negativa predominante que sentimos quando vivemos desconectados da Ordem Maior, da Fé e certeza de que tudo o que acontece tem um propósito, uma razão, uma intenção, aprendizagens e timings perfeitos que nem sempre compreendemos.
Por exemplo, seria muito mais fácil e até saudável, rendermo-nos a um ataque de ansiedade e vê-lo como uma limpeza ou purificação forçada de energias que carregamos densas e bloqueadas e que não tiveram outra forma de se libertar.
O facto de ainda muitos passarem por estes ataques como um descontrole sem causa e sem sentido, irá activar a resistência e prendê-los ainda mais na sua teia de medo e controle.
É muito comum a ansiedade ou as crises de pânico fazerem parte da vida de todos os que, pelas mais variadas razões, tiveram infâncias instáveis e desestruturadas, relações com pais desafiantes, mudanças constantes de ambiente, perda de pessoas, falta de amor e segurança, abandono e ausência de estruturas familiares estáveis e seguras. Embora todas essas experiências façam parte da história Karmica dos envolvidos e estivessem já previstas acontecer no plano da encarnação, valiosas aprendizagens se escondem nesses eventos.
Uma das aprendizagens ou propostas mais comuns neste tipo de evento é o resgate da segurança interior, é o convite a formar uma sólida estrutura interna, autónoma, apoiada no amor próprio e na independência emocional que algures foi perdida em apegos externos. Quando a vida nos convida a largar essas muletas emocionais, quando esse apegos são colocados em causa, o pânico surge como reação.
A partir do momento em começamos a alimentar o medo através de apegos e dependências de todo o tipo, ele assume o controle da nossa vida numa busca incansável em controlar, manter o que temos ou quem somos, a máscara que usamos, a nossa zona de conforto, as pessoas que iludidamente acreditamos representar a nossa segurança, fazendo-nos esquecer completamente da nossa responsabilidade pessoal sobre nós próprios.
Um ataque de pânico é um resposta inconsciente, uma reação instintiva quando a sensação de controle é posta em causa e normalmente irão durar até que aprendamos que a vida é um fluir constante de experiências, de pessoas, de eventos, de emoções, impossíveis de alguma vez serem controlados, e que nada nem ninguém jamais pode representar a nossa segurança ou estrutura pessoal.
Quem resiste ao movimento natural de impermanência e constante mudança a que a vida nos convida, cai no excesso de controle de tentar a todo o custo, manter as experiências, as pessoas, os eventos, as emoções sob controle, claro que sem sucesso nenhum.
Quando chegamos a um momento na nossa vida em que, por escolha ou por força, desistimos de controlar seja o que ou quem for, passamos a estar em contacto com as únicas coisas que realmente podemos mudar ou controlar;
A nossa escolha!
ou seja;
– A nossa cura e equilíbrio pessoal
– A nossa resposta à vida.
A maneira como usamos o nosso livre-arbítrio para escolher o que queremos e o que não queremos para nós, como queremos ou não lidar com os eventos da vida, são escolhas que jamais podem estar dependentes de ninguém ou voltaríamos à prisão do medo.
Felizmente ou infelizmente, dependendo da perspectiva, quanto mais controle exercemos sobre a vida ou sobre os outros, mais a vida polariza e nos faz atrair situações de descontrole e situações caóticas para que nos desliguemos de vez do que está fora de nós e nos liguemos a essa fonte de paz e poder interior.
Ligados a esta fonte de amor interior conseguimos permitir que o caos aparente do exterior continue a acontecer mas ao mesmo tempo escolhemos manter uma atitude de aceitação, de observação e até de gratidão perante os mesmos, aprendendo a confiar que o que quer que estejamos a passar ou a atrair, é nosso e serve o nosso crescimento e evolução espiritual.
A meditação, ou simples momentos de paragem, de contemplação da vida e da nossa postura, de ligação à natureza são por isso indispensáveis para atingir estes novos estados de paz interior.
A Astrologia ou a Numerologia também nos devolvem essa aceitação quando percebemos que tudo o que estamos a viver está codificado em símbolos sagrados representados nos nossos mapas desde o momento em que nascemos e que escondem os segredos da nossa evolução.
O Pânico não é mais do que o momento crítico em que a vida nos mostra a nossa impotência. Através de um acontecimento caótico e normalmente inesperado, percebemos a bem ou a mal que não há nada a controlar, que a única saída é a fluidez, a rendição à vida e a essa maravilhosa e sábia força maior. É a maneira que a vida tem de mostrar todo o seu poder e de nos convidar a fazer a tão essencial rendição.
A terapia e o processo de consciência da nossa viagem pessoal ajudam-nos a resgatar o poder que temos de iluminar essa ausência momentânea de luz … ajuda-nos a sentir e aceitar que não podemos controlar tudo .. que o controle fecha-nos para o novo, o saudável, o evoluído e dessa perspectiva superior rendemo-nos à ideia de que tudo está certo, no momento certo, da maneira certa.
É nesses momentos limite que a vida nos vem convidar a entregar a nossa ridícula necessidade de controlar a vida e nos pede que voltemos a confiar no rio da vida que sabe sempre como chegar ao mar.
Na próxima crise lembra então que aquele tão desafiante sintoma é teu amigo, tem uma intenção positiva, está a ajudar-te a limpar as tuas prisões internas. Que é apenas a maneira biológica e energética que o nosso corpo tem de descristalizar e limpar toda a energia do medo e do controle que carregamos connosco, muitas vezes durante vidas seguidas e por isso torna-te um simples observador e facilitador da tua própria cura.
Uma das características dos ataques de pânico é que embora possam ser frequentes eles têm uma duração curta. Por isso enquanto ele dura, para, acolhe o momento, permite que essa limpeza aconteça, que essa lapidação cósmica se faça.
Porque o controle nasce da nossa mente, procura não alimentar as milhões de questões que sempre surgem na nossa cabeça nestes momentos;
– vou cair!, vou morrer!, porquê eu?, quando é que isto passa?, não saio mais de casa!, etc.
Afirma apenas dentro de ti; “O meu corpo está a limpar antigas energias e a dar lugar a uma nova estrutura energética e emocional.”
Experimenta os exercícios abaixo:
Assim que o desconforto aparece, não fujas, resiste a disfarçá-lo ou pelo contrário, a exagerá-lo. Simplesmente procura um espaço tranquilo e observa-te a ti mesm@.
Toca com carinho na tua pele e acompanha a sensação do dedo na pele, assim desvias a tua atenção do pânico.
Acompanha a respiração e a viagem do oxigénio para dentro e para fora.
A respiração acelerada faz disparar o modo “fight ou flight” (luta ou foge) prendendo-nos no estado de ansiedade e inundando o corpo de cortisol.
Para voltar ao modo de relaxamento inspira contando até 3, retém o ar contando até 3, expira contando até 3, pausa contando até 3 e volta a repetir. Esta é a forma mais rápida de dizeres ao teu corpo que estás atent@ e não há perigo.
Enquanto observas e fazes a respiração, canaliza e imagina energia de uma cor à tua escolha trazendo paz, rendição e aceitação e expira noutra cor controle, medo e ansiedade.
Mantém sempre contigo uma amostra de perfume ou um frasquinho de óleo essencial, um saquinho de alfazema. Será uma ajuda valiosa no momento da crise de pânico.
Fecha os olhos e dá uma forma simbólica ao medo, um animal, planta, objecto, coloca-o dentro de uma caixa, fecha a caixa e imagina-te a atirá-la para um lareira, para o mar ou enterrá-la na terra.
Se conseguires, fecha os olhos e lembra que tu não és esse corpo que está a viver esse difícil processo de desintoxicação, mas sim o espírito que nele habita que é inabalável, saudável e eterno. Por isso enquanto o corpo purifica, transporta-te mentalmente para uma paisagem maravilhosa e ancora-te lá até que a paz volte ao corpo.
Por fim lembra que não és só tu a passar por isto. A maioria das pessoas já passou por um episódio de pânico e por isso saber pedir ajuda, disponibilizares-te para a tua cura ou simplesmente partilhar a tua experiência é humano e saudável.
Vera Luz
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