Ainda se vê muita confusão entre o conceito de destino e livre arbítrio.
O conceito de destino só por si quase que nos leva a acreditar que vivemos impotentes perante os movimentos inesperados da vida, mas perde força quando percebemos que temos na mão o poder de escolher.
O conceito de livre arbítrio baseia-se no facto de que realmente somos livres e podemos mudar a nossa história mudando as nossas escolhas, mas também perde força perante o que não podemos mudar e o imprevisto que nos chega.
A proposta é conciliar ambas.
Cada um de nós traz consigo uma proposta de evolução pessoal. Considerando que a nossa evolução é um processo permanente e não um patamar final a que iremos chegar, ela é a constante alquimia interna dentro de cada um de nós, de transformação de tudo o que é medo em amor. De tudo o que é inconsciente, em consciente. De tudo o que é excesso ou falta, em equilíbrio. Evoluir é então gerir o que nos chega e o que sai de nós. É tomar consciência do que chega para que possamos melhorar o que sai.
Conforme a frequência da nossa energia, iremos ser inconscientemente arrastados pela vida fora, para condições de nascimento, eventos, encontros e circunstâncias imprevisíveis (destino ou o que não podemos mudar) que se revelam perfeitas para que possamos lidar com elas e encontrar respostas mais positivas e amorosas (livre arbítrio ou o que podemos mudar).
De acordo com a lei do karma, esses mesmos eventos trazem padrões que colocámos em movimentos noutras existências e que agora nos chegam para que possamos tomar consciência deles e alterá-los para frequências mais leves. Ou seja, o que de facto está na nossa mão é a resposta interna que damos a esses eventos externos.
Quando não há consciência destes mecanismos, iremos ver o positivo que nos chega como sorte e o negativo como azar, sem noção de que podemos alterar esses movimentos dando novas e mais evoluídas respostas. É essa inconsciência que nos faz resistir e temer o negativo e infantil e inutilmente correr atrás do positivo. É essa inconsciência que nos leva a alimentar os velhos padrões, mantendo-nos presos aos mesmos.
Só uma nova consciência mais iluminada nos permite libertar esses mesmos padrões, simplesmente dando-lhes respostas mais positivas.
Por exemplo se trazemos em nós violência e medo, iremos atrair pessoas violentas e medrosas para aprendermos a responder com amor e tolerância. Se trazemos em nós vitimização, iremos atrair pessoas que se vitimizam para aprendermos a responder com coragem e responsabilidade. Se trazemos em nós arrogância e orgulho, iremos atrair pessoas que são arrogantes e orgulhosas para aprendermos a responder com humildade e amor. E por aí fora…
A partir desta visão há sempre um jogo interativo entre nós e a vida. Há sempre uma responsabilização da nossa parte em repetir a velha resposta ou conseguir dar uma nova mais elevada e positiva à proposta da vida.
Infelizmente as filosofias Ocidentais dos últimos dois mil anos levaram-nos a acreditar que somos impotentes. Que estamos na mão de um Deus que tudo pode. Que não temos liberdade alguma. Que se nos atrevermos a fazer diferente, seremos castigados. Ou melhor que o único caminho para Deus é a perfeição.
Este pensamento / crença desconectou-nos do nosso poder pessoal, da convicção de que podemos dizer Sim e Não de acordo com o que nos faz sentido. Esta submissão e temor a um Deus castigador, levou-nos a um desempoderamento tal, que muitos simplesmente deixaram de escolher. Vivem sem consciência alguma de que podem e devem escolher de acordo com a sua verdade interna e o seu caminho pessoal. Quem assim vive, vive rendido à sua “sorte” ou destino, aceitando simplesmente “o que Deus quer”, vivendo apenas como humildes observadores da sorte e azar de cada um. Estes são os que consultam oráculos apenas no sentido de saberem o seu futuro, como se ele já estivesse escrito e pudessem espreitar o que lhes espera.
Para curar esta visão distorcida e limitadora da realidade, temos que ir ao Oriente em busca de referências que façam mais sentido e que expliquem as dinâmicas da vida e crenças mais maduras no que toca à nossa responsabilidade pessoal sobre a resposta que damos ao que atraímos. É desta visão que iremos consultar as antigas ciências esotéricas não para controlar o que está fora, mas sim para mudar o que está dentro. Enquanto andamos perdidos no caminho da perfeição, não sabemos ainda que carregamos em nós uma história da qual somos responsáveis e que trás com ela a proposta da mudança. Quantos tristemente, nascem, vivem e morrem sem nunca saberem quem na realidade são, sem nunca perceberem a bagagem que carregam. Sem consciência alguma que essa bagagem é magnética e que enquanto não for transformada irá fazer atrair mais do mesmo.
Vamos imaginar alguém que numa vida passada viveu desconectado do amor e inconsciente das dinâmicas Karmicas. Agiu egoistamente, roubou dinheiro, traiu a mulher, descuidou a sua relação com os filhos e abusou do seu poder financeiro para explorar os seus empregados.
Completamente inconsciente da noção de que o que plantamos a nós voltará, ele simplesmente age pelo seu ego ditador. Karma não é castigo. É apenas um movimento completo que nos mostra a acção e sua consequência pois só na consequência podemos avaliar a qualidade da acção. Só no fruto podemos avaliar a qualidade da semente, certo?
A primeira fase da vida seguinte desta pessoa serve então apenas o propósito de lhe vir mostrar as consequências das suas acções.
Vamos supor que vai nascer numa família sem amor, com uma mãe submissa, com um pai autoritário que não o trata com o devido respeito e a quem vê usar o dinheiro para dominar e maltratar a mãe. Quando entra para o mundo do trabalho, ele vai ver as suas tentativas de ter muito dinheiro algo frustradas, e até que ele aprenda as suas lições internas, ele irá atrair um patrão materialista, egoísta e explorador.
Como disse acima, karma não é castigo. O nosso amigo está apenas a tomar consciência do outro lado. De como se sente alguém no lugar contrário e é nesta posição que ele consegue perceber que patrão ele gostaria de ter, como ele gostaria de ser tratado. Que pai ele gostaria de ter tido. Como ele gostaria que o pai tivesse tratado a sua querida mãe, como gostaria que a sua mãe tivesse força, independência e amor próprio para se impor aos abusos do pai. Que afinal o dinheiro nas mãos erradas poder ser fonte de muito sofrimento, etc.
Aos poucos, esta alquimia interna vai limpando os excessos do passado, vai alterando as velhas crenças, vai limpando a densidade, vai equilibrando as suas energias e trazendo mais luz e mais consciência à viagem desta alma.
Começa aos poucos a reconhecer que o que de pior vê no outro, vive escondido também em si e toma consciência pela primeira vez que pode e deve mudar os seus padrões. 1º libertando todos os que vieram ajudar a que ele tomasse consciência dos mesmos. 2º criando novos padrões mais felizes, mais leves e mais amorosos.
Não é raro ver nas regressões e padrões pessoais que quando um novo padrão é acionado, a vida volta a recriar o velho cenário para que o possamos aplicar. No caso do nosso amigo, o destino irá trazer-lhe novas oportunidades para ele crescer profissionalmente, irá fazer atrair a pessoa certa para ele voltar a casar e ter filhos, mas será o livre arbítrio que lhe dará a responsabilidade de agir de uma nova maneira criando um novo padrão.
Embora hajam padrões geracionais e temporais que mostram que a primeira fase de vida é mais densa pela proposta de transformação que esconde, o processo de transformação acontece a vida inteira.
A inconsciência e resistência a estes mecanismos prende-nos nos padrões velhos, recriando a mesma densidade e as mesmas perdas, até que haja mudança. Quanto mais conscientes estivermos do mecanismo, melhor o reconhecemos, mais depressa o mudamos, mais leve se vai tornando a nossa vida.
Procura na tua vida o que o destino te trouxe e como pretendes usar o teu livre arbítrio para o muda?
Bem hajam!
Vera Luz