Significado do Ascendente by (N)Uno Michaels

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Significado e Propósito da Encarnação by © Nuno Michaels

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O significado e o propósito do Signo Ascendente

Introdução

Os Horóscopos, isto é, as análises e previsões que lemos e consultamos na imprensa escrita ou na internet referem-se invariavelmente ao Signo Solar, isto é, ao Signo que o Sol ocupava no dia e mês em que nascemos – independentemente do ano, e por motivos que explicamos de seguida.

A cada Signo é atribuído um período de cerca de trinta dias (um mês), num total de 12 Signos (ou meses), que o Sol “percorre” ao longo dos 365 dias do ano. Na base da divisão e do cálculo dos Signos temos, portanto, um ciclo anual que se repete todos os anos, com pequenas variações, mas de forma mais ou menos previsível, baseado no movimento aparente do Sol ao redor da Terra.

Isto deve-se ao facto de que o movimento – e a posição – do Sol, à medida que cumpre o seu percurso anual aparente ao redor da Terra (ao longo de uma faixa a que se chama Eclíptica), é relativamente estável e previsível. Cada um dos 12 Signos corresponde a um segmento de trinta graus (ou dias) que se começam a contar no Equinócio da Primavera e do primeiro Signo do Zodíaco, Carneiro, e este percurso de 12 “segmentos” é o caminho aparente que o Sol percorre ao longo do ano. Assim podemos saber que todos os anos, na mesma data, o Sol “está”mais ou menos no mesmo “sítio” (ou Signo).

Assim, o primeiro período de trinta dias a contar do Equinócio da Primavera pertence a Carneiro, o segundo período de trinta dias pertence a Touro, o terceiro a Gémeos, e assim sucessivamente até chegar ao décimo-segundo e último período de trinta dias, pertencente a Peixes, antes do ciclo recomeçar.

Esta é a justificação para, em alguns dos Horóscopos, as datas atribuídas a cada Signo serem – e muito correctamente – apresentadas como datas “aproximadas”. E isto explica (e implica!) também que as pessoas nascidas nos dias de transição entre Signos não pertençam, por vezes, ao Signo a que acreditam pertencer se confiarem apenas nessas tabelas de datas. Pode haver uma ligeira oscilação. Nesses casos, só o cálculo rigoroso do Mapa Astrológico individual (para a data, hora exacta e local do nascimento) permite clarificar com certeza a que Signo a pessoa pertence, isto é, em que Signo efectivamente estava o Sol no momento preciso do seu nascimento.

Mas na maioria dos casos, é relativamente fácil saber, todos os anos e com uma pequena margem de erro, qual é a posição aproximada do Sol, e é essa relação que permite atribuir datas, isto é, períodos de trinta dias, a contar do Equinócio da Primavera (ou do primeiro Signo do Zodíaco, Carneiro, ao redor do dia 20 de Março), a cada um dos doze Signos.

E foi precisamente essa regularidade no movimento aparente do Sol – e também da Lua, que percorre a Eclíptica em aproximadamente 28 dias (enquanto o Sol requer 365 dias) – que fez os primeiros observadores dos céus procurarem alguma ordem nos movimentos cíclicos dos astros e começarem a relacioná-los com os eventos terrenos, e assistirmos assim ao nascimento da Astrologia, aproximadamente no século VI antes de Cristo, e também dos calendários nas suas várias formas.

O que esta regularidade implica, para o que nos interessa aqui, é que no ciclo anual do Sol todas as pessoas nascidas no mesmo período de trinta dias, todos os anos, pertencem ao mesmo Signo; dito de outra maneira, todas as pessoas nascidas dentro do mesmo intervalo de datas têm o Sol no mesmo Signo.

Mas isso não esgota – nem pouco mais ou menos – tudo o que há para considerar no cálculo e elaboração de um Mapa Astrológico individual.

Além da posição do Sol e da Lua precisamos considerar também um grande número de outros factores e posicionamentos dos oito Planetas que fazem parte do sistema astrólogico, sendo que cada um tem um ciclo diferente em duração, variando, por exemplo, entre os 28 dias que a Lua demora a cumprir um ciclo, os doze meses que Marte demora, os doze anos que é a duração de um ciclo de Júpiter, ou os duzentos e quarenta e oito anos que Plutão demora a percorrer um ciclo completo. Isto significa que, tirando a posição do Sol que tem um ritmo previsível, todos os outros posicionamentos num Mapa Astrológico precisam ser calculados, com recurso a tabelas de posicionamentos planetários chamadas pelos astrólogos de Efemérides.

Entre os diferentes ciclos planetários e outros factores que fazem com que cada Mapa Astrológico seja uma combinação única entre milhões de combinações possíveis (a não ser que dois Mapas sejam calculados rigorosamente para o mesmo dia, mês, ano, hora, e minuto!), um dos mais importantes e aquele que

nos interessa explorar é o Ascendente porque, como depende do minuto exacto do nascimento e do local da Terra para onde é calculado, é o factor astrológico que mais individualiza e distingue cada indivíduo.

Vejamos porquê, e de que maneira. Só compreendendo isto podemos compreender a sua importância na Astrologia, e é a primeira pista para termos uma noção mais abrangente da sua especificidade, abrangência, e significado individual.

O que é o Ascendente

Imagine que, no momento exacto do seu nascimento, e a partir do local exacto onde nasceu, você podia olhar para o horizonte Leste, onde o Sol nasce, e prolongar artificialmente a linha do horizonte até esta se cruzar com a Eclíptica (que é, como vimos, a “faixa” que o Sol percorre anualmente, composta de 12 divisões de 30 graus, ou dias, e que são os Signos do Zodíaco).

O horizonte do local, prolongado até ao infinito, cruzar-se-ia com a faixa dos Signos nalgum dos seus pontos, “atravessando” assim o Zodíaco num dos seus 12 Signos. Esse seria o Signo que estaria  a “levantar-se” no horizonte naquele exacto momento (tal como o Sol se “levanta” no horizonte todas as manhãs). O Ascendente refere-se, assim, ao signo do Zodíaco que surgia no horizonte no momento exacto do seu nascimento conforme visto desse lugares pecífico. É por isso que no cálculo do Mapa Astrológico os astrólogos trabalham com as coordenadas temporais (data,horas e minutos) e também espaciais (latitude e longitude) que permitem calcular com precisão o Signo que se ergue no horizonte local em cada momento.

Só para ter uma ideia do rigor destes cálculos, mas para manter a simplicidade da explicação, faça os cálculos: cada Signo divide-se em trinta graus (ou dias, como vimos quando falámos do percurso aparente do Sol). Ao longo das vinte e quatro horas do

dia, todos os doze Signos se erguem no horizonte, o que significa que sensivelmente de duas em duas horas (24 horas a dividir por 12 Signos) o Ascendente muda – e que a cada quatro minutos, em média, o Ascendente avança um grau (2 horas, ou 120 minutos, a dividir por 30 graus são 4 minutos por grau).

A cada quatro minutos o grau do Ascendente muda!

Só mais uma ideia importante para ajudar a compreender a “mecânica” do Ascendente e podermos falar do seu simbolismo a seguir. Se num dado dia do ano o Sol está num determinado grau de um determinado Signo (por exemplo, o grau 1 de Carneiro, que corresponde à data de 21 de Março, aproximadamente), o Sol, ao nascer (isto é, ao levantar-se no horizonte) estará no grau 1 de Carneiro.

Assim, se eu nascer exactamente ao nascer-do-Sol, o meu Ascendente será, também, o grau 1 de Carneiro. Se eu nascer ao pôr-do-Sol, o Ascendente estará no Signo diametralmente oposto ao Signo do Sol – neste exemplo, o Ascendente seria o grau 1 de Balança, que é o Signo diametralmente oposto a Carneiro.

A regra é: o Ascendente e o Signo Solar coincidem (são o mesmo) sempre que alguém nasce ao nascer-do-sol; e se o nascimento for ao pôr-do-Sol, o Signo Solar e o Ascendente estarão em Signos opostos. E ao longo do dia, à medida que o Sol vai subindo no céu e aproximando do seu pino, ou ponto mais alto, ao redor do meio-dia, vão avançando também os Signos que se erguem no Horizonte, para repetirem o ciclo ao nascer-do-Sol do dia seguinte, mas desta vez (lembre-se que o Sol avança um grau por dia, aproximadamente) com o Sol um grau mais à frente no Zodíaco.

Isto é tudo o que precisamos para saber o que é o Ascendente, e para compreender quão particular e único ele é para cada indivíduo: depende não só das coordenadas geográficas do local e do dia, mês e hora, mas também de uma margem de apenas quatro minutos para ser correctamente calculado.

Significados do Ascendente

O Ascendente representa a qualidade energética específica do instante em que nascemos, a “aura” desse momento único. É a essência desse momento que não se repetirá, a qualidade energética específica que nos deu as boas-vindas ao chegarmos à existência.

É como se representasse a qualidade como cada um chega à vida, ou a energia que estava disponível para nos receber. E porque a Astrologia é uma linguagem simbólica e um símbolo pode ser interpretado em muitos sentidos e níveis diferentes, o Ascendente representa várias coisas em simultâneo.

Em termos físicos, e porque é calculado para o momento em que ocorpo entra em contacto directo com o ambiente de umaforma individualizada, já não mediada pela nossa mãe nemprotegida pelo seu ventre, o Ascendente representa o corpofísico e a nossa aparência, o “veículo” que utilizaremos ao longoda vida para nos expressarmos e relacionarmos com o mundo.Ao longo da vida, representa a imagem que projectamos sobreos outros, o nosso contacto espontâneo com o ambienteimediato, a imagem com que num primeiro contacto os outrosficam de nós, antes de nos conhecerem mais profundamente.

O Ascendente é uma espécie de “máscara” e o primeiro nível de manifestação dessa máscara é o próprio corpo físico.

Assim, por exemplo, um Ascendente Capricórnio pode corresponder a um corpo que sugere estrutura e onde não há excessos, apenas o essencial (por exemplo, ossos salientes ou um corpo seco, sem gordura), um rosto angular com o maxilar

inferior destacado, lábios finos, nariz saliente, sugerindo actividade, decisão, prontidão para encarregar-se de tarefas ou cheirar oportunidades, capacidade de planeamento, ou calculismo; um Ascendente Caranguejo pode corresponder a um corpo mais flácido com tendência a reter líquidos (assim como emoções e memórias) e a proteger-se do ambiente (às vezes através da gordura), assim como um rosto arredondado e suave que sugere receptividade e feminilidade; um Ascendente Peixes pode corresponder a uma estrutura física frágil, olhar sonhador, mãos e pés delicados, dando a impressão de que desliza numa nuvem em vez de andar com os pés na terra.

Em termos psicológicos, o Ascendente representa uma espécie de “marca psíquica” indelével, ligada às circunstâncias em que nascemos ou as circunstâncias do ambiente que nos acolheu, e que qualifica muitas vezes a forma como “nascemos” para as novas experiências de vida, como começamos as coisas, como nos projectamos espontaneamente no ambiente em redor, a facilidade relativa em afirmarmo-nos e impormo-nos ao ambiente imediato.

Assim, um Ascendente Carneiro atira-se às coisas mais facilmente do que um Ascendente Touro, que é mais lento e paciente; um Ascendente Virgem tende a analisar cuidadosamente o ambiente antes de interagir com ele, um Ascendente Leão sentirá maior necessidade de ter impacto sobre o exterior, um Ascendente Caranguejo terá maior necessidade de se proteger ou procurar referências familiares para se sentir mais seguro, etc.

Implicações psicológicas

O Ascendente pode falar também das próprias circunstâncias do nascimento físico que se manifestam, ao longo da vida, como um “filtro” através do qual interpretamos os acontecimentos e os outros. Sabemos, dos estudos da Psicologia Pré-natal, que as circunstâncias que envolvem e antecipam o nascimento físico ficam indelevelmente marcadas em nós e condicionam largamente a forma como nos sentimos acerca de nós próprios e como percepcionamos a própria vida.

Imaginemos dois tipos diferentes de nascimento para exemplificar o que foi dito. No primeiro exemplo, temos um bebé que teve um nascimento relativamente fácil, rápido e até gratificante, recebido com grande alegria, pompa e circunstância. Toda a família está reunida, alegre, à espera do momento de lhe dar as boas-vindas, o obstetra está feliz com toda a operação, a mãe está a viver o momento mais feliz da sua vida e nem sofreu particularmente com o processo, o pai está ao lado dela a apoiá-la e dar-lhe força, presente desde o primeiro instante na vida do bebé e reforçando assim o amor e a união familiar. O bebé é saudado e recebido com alegria, em toda a segurança, sente-se como uma coisa boa que acontece a pessoas felizes, e assim são as suas boas-vindas ao mundo.

No segundo exemplo, temos um bebé que nasce por fórceps, porque ao fim de dois dias e duas noites em trabalho de parto a mãe já está esgotada, o obstetra teme pela vida dos dois e já está ele próprio desesperado, recorrendo às suas reservas de energia física e emocional para levar este parto a bom termo, a família vive este nascimento com grande ansiedade e preocupação. A mãe eventualmente é anestesiada e deixa de

poder colaborar tão activamente no nascimento do filho, o pai teme pela vida da esposa e não consegue evitar pensar que seria tão melhor nada daquilo estar a acontecer. Existe um ambiente de tensão, preocupação e urgência em redor do nascimento, e o nascimento, quando se cumpre, é finalmente saudado não tanto com alegria, mas com alívio – como um perigo que foi ultrapassado, uma experiência má que finalmente acabou, um drama que chegou finalmente ao seu termo. O bebé sente tudo isto, e experiencia o seu nascimento como um problema, uma ameaça e uma imposição de chatices aos outros, e assim é a sua chegada a este mundo.

Que percepções irão ter estes dois bebés de si próprios, da sua existência, dos outros, e da própria vida?

O Ascendente, assim, fala das energias e das tensões ao redor do nosso próprio nascimento físico, e isso reflecte-se na auto-imagem que temos de nós próprios, na maneira como os outros nos vêm enquanto não nos conhecem mais profundamente, na maneira como abordamos a vida sempre que fazemos algo pela primeira vez: quando vamos a uma entrevista de emprego, quando chegamos a uma festa, quando nos apresentamos a alguém.

Às vezes, de tão identificados estamos com a nossa máscara, ou persona social, esquecemo-nos de que ela não corresponde necessariamente (e na maior parte das vezes não corresponde mesmo) àquela que é a nossa essência, que seria melhor representada pela totalidade do Mapa Astrológico, administrada pela consciência simbolizada pelo Signo Solar.

O Ascendente e o Signo Solar

No teatro grego, a máscara que o actor usava para desempenhar o seu papel numa tragédia ou numa comédia era chamada persona. A persona não era o actor, mas a máscara que ele usava para interagir com os outros actores de acordo com o carácter essencial da peça a representar.

Em certo sentido, o Ascendente é a nossa persona, ou seja, a máscara que usamos para interagir com o mundo exterior e com os outros, uma espécie de “segunda pele” que funciona não só como uma capa exterior que é percepcionada pelos outros, mas também como uma película psíquica que filtra a nossa própria percepção do mundo.

Uma imagem vale por mil palavras, e esta imagem é suficientemente clara: imagine um guerreiro no tempo das Cruzadas.

O Ascendente é a armadura que o guerreiro veste para travar a batalha, o equipamento que ele usa para cumprir o seu propósito. O propósito da batalha é simbolizado essencialmente pelo Sol no Mapa Astrológico, porque o Sol representa o processo de conquista progressiva de consciência ao longo da vida de modo a nos tornarmos quem nascemos para ser, para nos conhecermos e cumprirmos; mas o Ascendente qualifica o tipo de armadura e as suas características, logo, tem muito a informar sobre o estilo do combate e a forma como esse combate é travado.

O Ascendente fala, portanto, dos principais desafios da batalha que é travada para conquistar os dons da consciência, representados pelo Signo do Sol. O Sol é o grande propósito da batalha (isto é, da Vida); o Ascendente é a armadura utilizada para a travar.

De certa maneira, também podemos dizer que o Ascendente representa aquelas qualidades que ao longo da vida vamos aprendendo a manejar de forma mais hábil e consciente para nos ajudarem a cumprir o nosso propósito na Terra. É como se representasse o conjunto de qualidades, ou tarefas existenciais, de que cada um tem de se apropriar, como quem aprende a utilizar eficazmente uma armadura, para lidar com os embates da vida.

Dito de outra forma, é como se o Ascendente simbolizasse um dos principais “temas” da vida: o que é que cada um tem de aprender a fazer, e a ser, para “agarrar” a sua vida e a sua encarnação; quais serão os principais desafios colocados pela vida até desenvolvermos as qualidades que nos permitirão “abrir” o potencial do Signo Solar e poder expressá-lo criativamente na vida.

E isso permite-nos reflectir, mais do que sobre as “características” dos doze Signos, qual são as tarefas, os temas, ou os propósitos mais importantes de cada Signo Ascendente.

É o que faremos na próxima Parte.

PARTE II

O Propósito Espiritual e Evolutivo de cada Signo Ascendente

Ascendente Carneiro

Aqui, o propósito essencial é a criação e a abertura a novas experiências que ajudem a desenvolver um senso de identidade, coragem, e capacidade de fazer, por si mesmo, frente aos desafios da existência. Os grandes dons a desenvolver são a auto-confiança, a liderança, a capacidade de iniciativa, e aprender a integrar os próprios impulsos egoístas numa grelha maior, ou seja, relacional e social. O individualismo às vezes é grande e a personalidade muitas vezes projecta-se sem consideração (e tantas vezes sem sequer se aperceber) de quem está à frente, ou ao lado. O Signo oposto e complementar, Balança, mostra-lhe a necessidade de cultivar maneiras mais polidas, levar os outros em consideração, pensar nas consequências possíveis das suas acções, e desenvolver um pouco de diplomacia.

Palavras-chave: aventura, coragem, novos inícios, impulsividade, energia, auto-afirmação, egocentrismo, dinamismo, impaciência, foco em si mesmo, inocência, espontaneidade e autenticidade, auto-descoberta, competição, liderança, capacidade de correr riscos. O início de um novo ciclo de manifestação.

Ascendente Touro

O propósito deste Ascendente é desenvolver um senso de valor-próprio através da utilização dos seus talentos, dons, recursos e capacidades. A capacidade de trabalhar e produzir, a posse e o apego a pessoas e objectos, a utilidade prática das coisas e das ideias, a necessidade de estabilidade, prazer, segurança e conforto tornam-se temas importantes na vida. Como Touro representa valores e desejos pessoais, este Ascendente procurará ver os seus valores e desejos reflectidos nas pessoas e objectos que possui.

A noção de valor-próprio e o nível de auto-estima são duas variáveis muito importantes e determina a diferença fundamental entre sentir que nunca se tem o suficiente ou a confiança de que sempre se terá o suficiente. O signo oposto e complementar, Escorpião, ensina-lhe a ver as dimensões mais profundas por detrás das formas e das aparências, e também sobre a cíclica destruição e regeneração das formas de segurança.

Palavras-chave: estabilidade, persistência, determinação, perseverança, sensualidade, segurança, possessividade, resistência, placidez, prazeres físicos e sensuais, materialismo, natureza, relaxamento, paz, coisas belas, confortáveis e gratificantes aos sentidos físicos, gula, sentido prático, gratidão, segurança, auto-aceitação, amor-próprio.

Ascendente Gémeos

O propósito do Ascendente Gémeos é o contacto com uma grande variedade e diversidade de experiências, conhecimentos, princípios e ideias, de tal maneira que aprendizagem, a troca de informações, a dualidade e variedade de pessoas e situações, e o impulso para comunicar desempenham um papel muito importante no desenvolvimento da personalidade.

O objectivo é a pessoa ir sendo cada vez mais capaz, à medida que evolui, de intuir e reconhecer a unidade fundamental da Vida por detrás da multiplicidade de formas da sua manifestação, ter a capacidade de se adaptar e contactar, compreender e chegar a qualquer tipo de contexto, mentalidade ou interlocutor, e ainda assim não se dispersar. O signo oposto e complementar, Sagitário, ensina-lhe que não basta conhecer e recitar as teorias dos outros; também é importante saber qual é a verdade em que se acredita com o coração.

Palavras-chave: comunicação, troca, relação, dualidade, versatilidade, eloquência, juventude, animação, inquietação, palavra, pensamento, relações quotidianas, movimento, actividade, aprendizagem, comunicação, contactos sociais e interacções quotidianas, deslocações, irmãos, colegas, processos mentais, sistema nervoso, superficialidade, inconsistência.

Ascendente Caranguejo

O propósito do Ascendente Caranguejo é construir um senso de segurança pessoal dentro de si mesmo e na relação com o meio ambiente. A sensibilidade psíquica e a memória emocional são geralmente muito fortes, de maneira que existe tendência a ficar-se indelevelmente marcado pelas primeiras experiências da vida, isto é, pela vida da família e pelo ambiente da infância.

Se essas experiências proporcionaram um senso de protecção e segurança, será mais fácil amadurecer emocionalmente e ter a capacidade de alimentar os outros (em diversos níveis), ajudando-os a sentirem-se, eles próprios, apoiados e aceites e encontrando um maior senso de integridade emocional e completude. Caso contrário, o desafio será descobrir os modos correctos pelos quais a pessoa precisa aprender a nutrir-se a si mesma, em vez de procurar essa segurança nos outros. O signo oposto e complementar, Capricórnio, ensina-o que maturidade implica responsabilidade sobre a própria vida e algum auto-controlo sobre a vida emocional.

Palavras-chave: emoção, imaginação, intuição, casa, família, lar, crescimento, intimidade, nutrimento (físico, emocional, espiritual), sentimentos, empatia, vulnerabilidade, dependência, maternidade, comida e apoio, auto-protecção, o passado, a infância.

Ascendente Leão

O propósito do Ascendente Leão é permitir ao indivíduo tornar-se uma unidade criativa auto-consciente, isto é, integrar as várias dimensões da sua personalidade num todo funcional e criativo que conquista – e exerce – o poder de co-criar a sua própria existência honrando a sua própria individualidade. Quando isto não é feito, a personalidade é dominada pela necessidade de ser importante e significativo para os outros, ficando refém da necessidade de reconhecimento e aprovação, elogio, ou do senso de domínio sobre os outros. A personalidade imatura com Ascendente Leão tende a ser dominadora, egocêntrica, e a reclamar atenção sem dar nada em troca – ou então, a ficar presa da dúvida, da vergonha, do medo de se assumir ou expôr. O denominador comum é a pessoa sentir que tudo começa e acaba em si, como se fosse o centro do universo.

Numa pessoa mais evoluída, este Ascendente permite-lhe ser um canal de entusiasmo, luz e calor para os outros e enriquecer assim as vidas dos outros através do que dá de si mesmo através da sua generosidade, criatividade e magnanimidade. O signo oposto, Aquário, ensina-lhe que todos os indivíduos são diferentes, que ninguém é o centro do universo, e que o grupo é ocontexto onde a luz de Leão melhor pode brilhar e circular.

Palavras-chave: generosidade, criatividade, calor, entusiasmo, fidelidade, pompa, festas, diversão, prazeres, filhos, reconhecimento, aprovação, elogios, ego, exibição, amor e romance, generosidade, celebração, diversão, auto-expressão, liderança, dignidade, crianças, auto-confiança, festejos.

Ascendente Virgem

O propósito do Ascendente Virgem é o desenvolvimento da capacidade de interagir com o meio ambiente de forma eficaz, prática, funcional e eficiente. Isto implica o auto-aprimoramento e auto-aperfeiçoamento através da aquisição e desenvolvimento de ferramentas, técnicas e conhecimentos que permitam ser mais eficiente na relação com o mundo e os outros, e honrar assim o impulso interno de perfeição e serviço diligente ao mundo.

Quando não existe um compromisso com o auto-aperfeiçoamento como foco na vida, a tendência é a de projectar sobre o mundo e os outros uma tremenda insatisfação, alimentada pelo espírito crítico e pela capacidade de reparar nos mais pequenos detalhes. Quando evoluído, este Ascendente tem a capacidade de trazer ordem, pureza e cura ao mundo em que nasceu. O signo oposto e complementar, Peixes, ensina-lhe que tudo o que pode ser modificado e conhecido é apenas metade da vida; a outra metade é o mistério que não há como conhecer ou modificar, apenas aceitar.

Palavras-chave: modéstia, trabalho, eficiência, eficácia, emprego, utilidade, espírito crítico, análise, discriminação, aprimoramento, meticulosidade, sentido prático, diligência, inteligência, saúde, rotinas diárias, preocupação, pormenores, perfeccionismo, pureza de pensamento, hábitos saudáveis, higiene, dieta, exercício, organização e ordem, espírito de serviço, terapeutas, curadores, médicos, naturistas e outros profissionais de saúde e bem-estar.

Ascendente Balança

Com este Ascendente, a vida segue geralmente dois cursos simultâneos para o auto-conhecimento e para o desenvolvimento do senso de identidade: a identificação e a oposição (ou reacção) a outros. Isto implica que a vida se desenvolve através de uma aguda consciência de relações e de polaridades, fazendo com que todos os tipos de relacionamento assumam tremenda importância e tendem a ser o foco mais importante das experiências de vida.

É através da qualidade relativa dos relacionamentos vivenciados que o indivíduo desenvolve a sua auto-consciência individual: quem é e quem não é, por identificação e/ou oposição aos outros e ao seu meio ambiente. Isto também implica aprender a manejar todo o tipo de polaridades e relações entre opostos, e desenvolver a capacidade de encontrar soluções harmoniosas para conciliar posições em conflito.

O que num extremo se manifesta como indecisão, hesitação, necessidade de agradar, dependência dos outros ou necessidade de estímulo exterior para avançar são geralmente os pontos de partida para desenvolver os dons de harmonizar conflitos, compreender os dois lados e o ponto de vista dos outros, e incluir os outros nas próprias decisões e projectos. O signo oposto e complementar, Carneiro, vem ensinar-lhe a ser mais auto-confiante e afirmativa, a confiar no próprio impulso, e a desenvolver um maior individualismo e coragem.
Palavras-chave: diplomacia, contratos, equilíbrio, justiça, proporção, harmonia, romance, partilha, sociabilidade, sofisticação, charme, encanto, conciliação, indecisão, casamento,trabalho de equipa, capacidade de negociação e gestão de conflitos, interdependência saudável, refinamento, arte e beleza.

Ascendente Escorpião

A grande tarefa de quem nasce com Ascendente Escorpião é aprender a refinar a sua natureza emocional e psíquica, e este processo geralmente é feito através de crises e mortes; a cada renascimento a consciência emerge mais liberta e purificada de desejos egoístas. A natureza emocional é muito intensa e profunda, e talvez o maior desafio ao longo da vida seja transmutar a energia de desejo em consciência e amor. Essa é a tremenda batalha que tem lugar em Escorpião.

No seu aspecto inferior, a energia de Escorpião é motivada e condicionada pela intensidade dos desejos pessoais; mas é precisamente da tentativa de satisfazer os desejos pessoais, quando esta leva a comportamentos destrutivos, que resulta o sofrimento e com ele a necessidade de transformar a relação com a vida. Experiências-limite são atraídas por intensidade excessiva ou pela recusa em transformar os próprios padrões, e a única alternativa à regeneração é a degeneração.

E à medida que estas crises são vividas, compreendidas e integradas, a energia de Escorpião expressa cada vez mais uma capacidade inata, e cada vez menos contaminada por desejos egoísticos, de transformar os outros, permitindo ao Escorpião evoluído ser um catalizador de cura na vida dos outros.

O seu signo oposto e complementar, Touro, ensina-o a desfrutar mais da vida, a relaxar, e a retirar prazer das pequenas coisas, e mostra a importância de desenvolver a auto-suficiência, a paciência e a estabilidade emocional.

Palavras-chave: determinação, profundidade, poder, emoções fortes e subterrâneas, domínio e auto-domínio, influência, manipulação, paixão, intensidade, magnetismo, sexualidade, ciúme, ressentimento, feridas antigas, recursos partilhados, morte e transformação, obstinação, compulsão, obsessão, segredos e secretismo, eliminação, mudança, psicologia profunda, parcerias financeiras, ligações profundas, heranças, impostos.

Ascendente Sagitário

Com Sagitário no Ascendente, o impulso dominante é o de ampliar os horizontes pessoais, procurar novas experiências e o sentido maior por detrás delas, e à medida que esse sentido vai sendo descoberto e intuído, disseminá-lo e mostrá-los aos outros. A orientação principal na vida é a de experimentar e viver sempre mais ou melhor – o que, no extremo, facilmente leva ao exagero.

Dependendo da orientação da pessoa, este impulso de crescimento e ampliação pode assumir duas formas principais: a busca “vertical” por mais verdade e mais qualidade, através do estudo, de viagens, do ensino, da filosofia, do contacto com o longíquo e o distante; ou a busca “horizontal” por novas e diferentes sensações, prazeres e fontes de gratificação imediata. Isto acontece quando a busca é condicionada pelos apetites pessoais mais do que pelo desejo de conhecer os mistérios e as leis da vida.

Sagitário é o signo que mais facilmente projecta o seu próprio sistema de valores sobre o ambiente e os outros, o que pode dificultar a sua capacidade de os ver objectivamente ou questionar as suas próprias verdades; por outro lado, é o signo que mais convicção transmite quando divulga aquilo em que acredita e pode facilmente tornar-se um professor; o signo oposto e complementar, Gémeos, ensina-lhe a relatividade e a olhar para as mesmas questões por dois pontos de vista possíveis, a adaptar a forma de apresentar as suas verdades a diferentes interlocutores e contextos, e proporciona-lhe o estímulo intelectual necessário para pensar sobre as suas próprias crenças.

Palavras-chave: optimismo, liberdade, expansão, filosofia, ética, jovialidade, bom-humor, honestidade, irresponsabilidade, dogmatismo, falta de tacto, impaciência, frontalidade, necessidade de sentido para as experiências, fé e optimismo, busca da Verdade, paz de espírito, aventuras, viagens, liberdade, assuntos legais, soluções, o “quadro” mais amplo, sorte, confiança, o estrangeiro.

Ascendente Capricórnio

O propósito do Ascendente Capricórnio é aprender a estruturar e utilizar correctamente os recursos ao seu dispor no ambiente para obter sucesso pessoal e profissional, utilizando correctamente o poder da sua vontade, e aprendendo lições fundamentais sobre o que é responsabilidade pessoal e ambição correcta.

Por vezes as circunstâncias iniciais da vida são difíceis, quer por limitações e dificuldades materiais ou sociais presentes na vida familiar, quer por aspectos castradores, exigentes, limitadores ou autoritários na personalidade dos pais que fazem o indivíduo sentir-se limitado, em dívida, ou inadequado, isto é, aquém do que seria suposto. Provar o próprio valor, ou o senso de ser merecedor obtendo sucesso material e profissional pode tornar-se a orientação dominante da personalidade que aceita o jugo, e o jogo, de tentar corresponder àquelas que sente serem as expectativas do ambiente, da família ou da sociedade em relação a si, cumprindo as regras e os critérios para obter aceitação, reconhecimento, aprovação, e um senso de sucesso.

O desafio é assumir a verdadeira identidade e utilizar os dons da ambição, da responsabilidade pessoal, do planeamento, da organização, da capacidade de definir e atingir metas, e de utilizar eficientemente todos os recursos ao dispor para criar uma estrutura profissional e funcional que apoie a sua natureza mais profunda e verdadeira; é muito comum ver um Ascendente Capricórnio a subir uma montanha escolhida pela sociedade como valiosa e importante, em vez de subir a montanha escolhida por si próprio. A maior evolução acontece quando,

uma vez obtido o sucesso conforme definido pelos outros – ou por si mesmo -, o indivíduo vira as costas à ambição pessoal e utiliza as suas capacidades e credenciais para servir os outros.

O signo oposto e complementar, Caranguejo, ensina-o a escutar as próprias necessidades emocionais mais do que os deveres e responsabilidades, a vulnerabilizar-se, a pedir ajuda, e a fazer aquilo que para Capricórnio mais difícil e desconfortável pode ser de fazer: expôr os próprios sentimentos e vulnerabilidade.

Palavras-chave: senso prático e prudência, ambição, disciplina, reserva emocional, pessimismo, conservadorismo, rigidez, planeamento, estatuto social, profissão, reconhecimento social, segurança futura, responsabilidade, atingir objectivos, gestão, sucesso, figuras de autoridade, competência, imagem pública.

Ascendente Aquário

O propósito do Ascendente Aquário é encontrar um senso de identidade e, em simultâneo, um senso de pertença ou integração num grupo. Este processo geralmente faz-se através da identificação com ideais, grupos ou movimentos que aceleram o processo de individuação e trazem um maior senso de quem se é, da própria originalidade, e simultaneamente da sua própria humanidade, isto é, de tudo aquilo que partilha em comum com os outros.

Num extremo, o indivíduo pode ver-se como não sendo nem mais nem menos do que os outros, sacrificando a auto-consciência da sua originalidade; noutro extremo, o indivíduo pode sentir-se totalmente diferente de todos os outros e ver-se como um excluído, um génio incompreendido, um visionário ou alguém profundamente à parte de todos os outros – excluindo assim a sua própria universalidade. No primeiro caso temos igualdade sem diferença, no segundo diferença sem igualdade. O objectivo é equilibrar estes dois extremos e aprender a contribuir, à sua maneira única e progressista, com outros indivíduos ou grupos que tenham os mesmos sonhos, visões e ideais de futuro, para reformar e fazer avançar a sociedade na qual se nasceu.

O signo oposto e complementar, Leão, vem ensinar-lhe sobre a importância de ser auto-consciente, de saber quem se é e do que faz de si único e diferente, e a escolher com o coração mais do que com a cabeça – porque se esta abre a um tremendo campo de possibilidades e generalidades, aquele é que permite a autenticidade nas escolhas.

Palavras-chave: humanitarismo, originalidade, inventividade, independência, imprevisibilidade, grupos, redes e associações, ideias fixas, rebeldia, diferença, intelectualismo, descondicionamento, movimento, liberdade, soluções inventivas, antecipação do futuro, sonhos e aspirações, surpresas, genialidade, tecnologia, novas tendências.

Ascendente Peixes

O propósito do Ascendente Peixes é desenvolver a compaixão, a empatia e a aceitação incondicional da vida, só possível à medida que o indivíduo vai reconhecendo a perfeição do espírito por detrás da imperfeição das formas e das circunstâncias, e vai sendo capaz de se identificar com um senso universal de si mesmo, e não como separado da vida e dos outros. A sensibilidade psíquica e a impressionabilidade são geralmente muito fortes, o que pode levar a uma tendência escapista ou auto-destrutiva, de auto-protecção ou de fuga da realidade através da fantasia, do abuso de substâncias ou de relacionamentos destrutivos.

A natureza mais elevada deste Ascendente expressa-se quando o indivíduo aceita que a sua natureza e condição são a de seguir uma via de transcendência, de auto-sacrifício, e de entrega a algo maior do que a vida pessoal. Isto transforma a tendência ao sofrimento, ao escapismo, e à auto-ilusão numa consciência mais inclusiva, divina, iluminada, compassiva e compreensiva que pode trazer redenção, pacificação e cura ao mundo à sua volta.

O signo oposto e complementar, Virgem, ensina-lhe sobre a importância de traduzir a sensibilidade e a compaixão em actos concretos, a analisar e discriminar a qualidade das pessoas, das situações e das escolhas, e a ter um pouco mais de realismo e os pés (tanto quanto possível) mais assentes na terra.

Palavras-chave: imaginação, sensibilidade, compaixão, devoção, intuição, escapismo, idealismo, sofrimento emocional, influenciabilidade, inspiração, fantasia, sonho, meditação,

imaginação, sensitividade, sofrimento, cura espiritual, consciência mística, amor universal, confusão, sono, entrega, yoga, paz interior, aceitação.

Ascendente e Destino

Duas histórias possíveis

Imagine que tem Ascendente Leão, o signo da criatividade, da realeza, da afirmação digna e distinta da personalidade, e Júpiter, o Planeta da expansão, da sorte, da protecção e do optimismo, em conjunção (isto é, muito perto) do Ascendente. Isto pode simbolizar um nascimento com grandes honras e com a admiração de todos aqueles que o esperavam, como se fosse o ser mais importante a ter chegado ao planeta.

Sente-se bem-vindo, optimista, confiante na vida como um lugar que está receptivo à sua chegada e pronto a admirá-lo , um lugar cheio de oportunidades de obter reconhecimento, glória, amor e aprovação. Quando olha para a vida, vê nela um palco onde se pode expressar sem restrições e onde o irão aplaudir, receber entusiasticamente, onde se pode afirmar com confiança em toda a sua criatividade individual.

E se é isto que acredita que o mundo e a vida são, pensará de forma optimista, e sentir-se-á confiante – não só em si próprio, mas na resposta dos outros a si. Age de forma apaixonada, sem reservas, correndo riscos e expondo-se sem medos. A vida vai responder à sua própria qualidade energética, devolvendo-lhe os frutos dessa confiança inata através do fluxo dos acontecimentos, do sucesso, e da facilidade com as coisas acontecem.

E mesmo quando não obtém a resposta que esperava, ainda assim tende a concentrar-se no lado bom e positivo das situações, porque se é o bom que espera encontrar, e o bom que procura, é o bom que acabará inevitavelmente por encontrar.

Acaba por encontrar a vantagem escondida naquilo que para outra pessoa seria um monte de contrariedades.

Quando os outros olham para si, vêem a sua postura, aberta e confiante, e a sua maneira de agir: segura, entusiasta e optimista. Talvez você seja apenas gabarolas, exibicionista e egocêntrico, mas o facto é que não se coíbe de se afirmar.

E os outros devolvem-lhe uma imagem de si como uma pessoa auto-afirmativa, sem medo de se expor, extrovertida, generosa, confiante. E isso reforça a minha auto-imagem e a minha confiança. E porque de si brota entusiasmo e optimismo, contagia os outros com o seu próprio entusiasmo e optimismo. E eles dirão sobre si: “és mesmo entusiasta, optimista”. E você sente-se cada vez mais optimista e confiante em ser quem é, e isso redobra as suas expectativas futuras de entusiasmo e optimismo. E vai ver-se como uma pessoa entusiasta e optimista, e o mundo como um lugar onde se pode expressar sem reservas, ao seu entusiasmo e ao seu optimismo.

E assim pode continuar a ser entusiasta, optimista e confiante num mundo em que os outros são pessimistas, pouco confiantes e desanimados – e nessas diferenças encontrará não só vislumbres da sua identidade, mas todos os motivos que fazem de si mais especial, ou diferente, dos outros.

Levada ao extremo, esta atitude fará com que interprete tudo nos seus próprios termos, como se fosse alfa e ômega de todo o universo manifestado, e a sentir-se tão mais especial do que os outros que só quererá dar-se com pessoas “especiais”, importantes, escolhidas a dedo. O seu lado narcisista, a apreciação que faz de mim próprio perante os outros, tenderá a reforçar aquilo que o distingue dos outros (e não tanto o que o

une a eles), e terá, no extremo, um complexo de rei, de estrela, como quem vive de acordo com a expressão: Deus no céu e eu na Terra.

É possível tornar-se egocêntrico, dominador, arrogante, como se detivesse a verdade e não reconhecesse a divindade a mais ninguém; afinal, você é especial.

Mas também é possível que seja extremamente generoso, uma fonte inesgotável de calor e alento para os outros, de criatividade infinita, e um canal para que a infinita abundância jorre através de si.

É fácil compreender que as diferentes maneiras de viver o mesmo Ascendente criam para si próprio destinos diferentes, com mais ou menos desafios e recompensas.

Vamos à segunda história.

Imagine que eu tenho Saturno, o Planeta associado às restrições, às limitações, às inibições, medos e bloqueios bem como o seu Signo, Capricórnio, no Ascendente.

Capricórnio e Saturno “ressoam” um com o outro (Saturno é o Planeta Regente de Capricórnio): têm em comum os temas da responsabilidade, da maturidade, da necessidade de nos provarmos a nós próprios, de correspondermos a elevadas expectativas e exigências de perfeição e adequação para nos sentirmos merecedores de algum valor.

São energias que falam da necessidade de tempo e de experiência para obter segurança, da importância de provarmos as nossas capacidades e valor, da estratégia de assumir

responsabilidades por outras pessoas para obter algum poder ou, simplesmente, para sermos aceites e aprovados pelos outros, para nos sentirmos “boas pessoas”. São, no Zodíaco, as energias que nos ensinam que tudo tem um preço, ou um custo, nesta vida, que nada vem sem esforço, tempo, paciência, ambição e cautela.

Em Capricórnio, Saturno está “em casa”. Isto significa que vai ser uma força muito importante no meu psiquismo; e porque está no Ascendente, a parte de mim com que mais depressa me identifico de mim próprio, Saturno em Capricórnio é, neste exemplo, o filtro da minha própria maneira de olhar para a vida.

Em que acredita Saturno em Capricórnio? Que a vida é um lugar com regras, dificuldades e limitações, que precisamos merecer tudo o que temos, incluindo a própria vida e o direito a consumir oxigénio e ocupar espaço físico, que tudo tem um preço e que esse preço só pode ser pago assumindo responsabilidades, correspondendo a expectativas, sacrificando todas as outras partes de nós para obtermos reconhecimento, aprovação, um senso de valor e merecimento.

Ao contrário do optimista Júpiter (da história anterior), Saturno desconfia. Ao contrário de Júpiter, que expande, Saturno contrai. Ao contrário de Júpiter, que desinibe, Saturno inibe. Ao contrário de Júpiter, que acredita ter direito a tudo, Saturno acredita não ter direito a nada.

Agora imagine que eu tenho seis anos, tenho Saturno em Capricórnio no Ascendente e estou na escola, no intervalo. Não tenho consciência da marca psíquica indelével que o meu nascimento e as circunstâncias no ambiente ao meu redor deixaram em mim, mas algures dentro de mim vive a crença de

que a minha chegada não foi bem-vinda a este planeta, que represento um fardo, uma responsabilidade, que preciso merecer, pelo meu comportamento ou pelo meu desempenho, o direito de estar vivo, de usar a roupa que os meus pais compram com o seu dinheiro.

E tantas vezes os oiço discutir por causa do dinheiro, e que o dinheiro não cai das árvores, e que seriam tão mais felizes se não tivessem de se matar a trabalhar por causa do dinheiro, e de quão responsáveis têm de ser para que eu possa andar na escola, e poderem comprar-me roupa, e material escolar, e que não se pode estragar o caderno com rabiscos, e que os lápis de cor são para poupar, e que o material da escola é só para os deveres, e que tenho de estudar para ser alguém, e que o meu pai era tão bom aluno, e que preciso ser o melhor da turma, e que não posso estragar a roupa com as brincadeiras no recreio, e que tenho de me comportar como um adulto…

Aqui estou eu, com seis anos e a cabeça cheia de regras, expectativas, deveres e interditos, com os ombros vergados sob a responsabilidade de ser o mais maduro, o mais bem-comportado, o mais estudioso, o mais cumpridor. Sinto-me inibido, esmagado pelo peso de tanta tarefa, responsabilidade, expectativa, sem direito a simplesmente ser criança, brincar, sujar, rasgar, a ser, enfim, um pouco inconsequente.

E aqui estou eu a ver os outros meninos a brincar, a sentir-me tremendamente mais adulto do que eles e infinitamente menos inocente, com uma noção tão duramente “realista” do que “a vida é” e de que nem um vislumbre passa pelas suas cabeças e corações pueris, inconsequentes, enquanto se esgatanham em

brincadeiras e estragam as roupas que custaram tanto aos seus pais a comprar.

E aqui estou eu, cheio de vontade de me juntar à brincadeira, mas com um tal senso de responsabilidade que me sentiria culpado se o fizesse, e simultaneamente com um medo tão grande de ser rejeitado pelos outros meninos se tomasse a iniciativa de me juntar à brincadeira, porque arrasaria tão completamente o meu senso de valor se não me aceitassem, que nem sequer corro o risco de lhes pedir.

E assim fico eu, com Saturno em Capricórnio no Ascendente: à parte, com um ar de superioridade e auto-suficiência que mascaram a tremenda insegurança e o desejo inconfessável de fazer parte do grupo, ansiando secretamente que me venham buscar para brincar e assim ter cumplicidade e justificação para romper com as minhas próprias regras internalizadas, mas exteriormente com tal ar de superioridade e desprezo pela infantilidade das brincadeiras dos outros que ninguém, mesmo que conseguisse ver através das minhas defesas, teria a coragem de me vir buscar para brincar.

Os outros meninos, envolvidos na brincadeira, de vez em quando olham para mim, encostado à parede, aparentemente envolvido com os meus próprios pensamentos, numa atitude parecida com a dos adultos quando não querem ser incomodados. Até gostariam que eu me juntasse a eles, mas quando olham para o meu ar perdem logo a coragem de me vir interromper. E assim, continuam a brincar uns com os outros sem poderem desfrutar da minha brincadeira também.

E ali fico eu, preso de uma máscara de auto-suficiência, desprezo e frieza, querendo desesperadamente o calor humano que

derreteria o gelo da minha prisão interior, mas demasiado aterrorizado pelo que poderia vir a acontecer para me permitir fazê-lo.

Eventualmente, ao longo dos meus anos de escola, encontrarei uma maneira de garantir ser aceite pelos outros, sejam os colegas, ou os professores. Mantendo os cadernos mais cuidados, dando a cara pelos disparates dos outros meninos e assumindo outras responsabilidades que em rigor não me pertencem, deixando que me elejam para os cargos de maior responsabilidade dentro da turma e assim habituando-me a tomar conta de assuntos colectivos, de disciplina e de organização, ou tornando-me o preferido dos professores.

E eventualmente, ao longo da vida, habituar-me-ei a ser sempre responsável, cumpridor, ambicioso, a sacrificar os prazeres inconsequentes do curto-prazo pelas recompensas importantes do longo prazo. Farei coisas importantes e superarei, ou farei o meu melhor para superar, as mais altas expectativas que possam existir em relação a mim, à minha vida e ao meu destino – venham essas expectativas de mim próprio, dos meus antepassados, da minha sociedade ou do presidente da minha corporação.

Serei Presidente, Director-Geral, acumularei cargos, responsabilidades e insígnias de poder. Tomarei conta da minha família e serei o provedor de todos em meu redor. Os meus irmãos, os meus pais, os meus filhos, todos eles contam com a minha ajuda. Às vezes sinto-me pressionado por saber que de mim depende tanta gente, mas sei que é a minha responsabilidade aguentar esse barco, porque eles coitados, sozinhos não podem. E rezo para que nunca me aconteça nada

(seja lá o que isto queira dizer), porque sem mim como pilar de sustentação o Universo vai desabar – de tão indispensável que eu sou.

Ganharei a aprovação da comunidade, serei reconhecido pelo meu trabalho, pela minha dedicação, pelo meu investimento total e exclusivo na consecução dos objectivos e das tarefas que tenho entre mãos. Subirei arduamente a montanha do sucesso, da visibilidade e agirei de acordo com as regras. Graças ao mesmo esforço, sucesso e empenho, e a dedicar toda a minha energia a provar alguma coisa a alguém, aparecerei em jornais e revistas, serei entrevistado e irei inclusivamente à televisão ter os meus quinze minutos de glória.

Só não tenho a certeza, diz-me em alguns momentos de introspecção a vozinha sussurrante a que chamam intuição, de estar a subir a montanha correcta para mim. Talvez porque uma parte de mim fique indefinidamente adiada, para o dia em que eu não tenha preocupações e responsabilidades: a parte mais infantil, imatura, irresponsável, inconsequente, e despreocupada. A parte de mim que oscila ao sabor das flutuações emocionais, a parte de mim para quem é muito mais importante o que se sente do que o que se faz. A parte de mim a que apetece tanta coisa, e não pode.

Mas os outros vivê-la-ão, de certa maneira, por mim, e nesse acordo tácito encontrarei a minha própria completude e a parte de mim não honrada. Darei por mim casado com uma mulher emocionalmente instável que me obriga a lidar com os seus ataques histéricos quando eu já tenho tanto trabalho em que me concentrar, e tão pouco tempo para relaxar. Uma mulher que assegura as tarefas domésticas controlando com bilhetes

espalhados pela casa as tarefas da empregada enquanto passa o dia no spa, no cabeleireiro e no bingo com as amigas enquanto eu trago o dinheiro para casa. Terei filhos irresponsáveis que se rebelam contra todas as regras e limites que tento impor e passam a vida a pedir que lhes dê mais, cada vez mais, daquilo que lhes ensinei a receber: dinheiro, motas, carros, três meses de férias em Nova Iorque, mesadas para não terem que trabalhar porque não lhes apetece. Estarei rodeado de crianças irresponsáveis e imaturas, nada preocupadas em se comportar como adultas, sempre prontas a fazer o que lhes apetece e nada do que deveriam. Mas eu não! Eu, pelo menos… serei responsável e o pilar de segurança para todos estes inúteis ao meu redor. Nem me sentiria bem comigo próprio se assim não fosse. Até que um dia vou a um astrólogo… que me sabe explicar qual é opropósito do meu Signo Ascendente. E nesse momento, dentro de mim, tudo começa a mudar.E eu começo, por fim, a assumir responsabilidade integral pela minha própria vida – quem sabe, dedicado a criar estruturas correctas, por via das minhas escolhas, para me poder cumprir na vida honrando a minha verdadeira vocação, objectivos mais autênticos, e a verdade do meu Coração.

(N)Uno Michaels

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