“Se estás sempre a tentar ser normal, nunca saberás o quanto incrível podes ser.” Maya Angelou
– Como é que estás?
* Está tudo bem ….
– Como andam as coisas?
* Vai-se andando ….
– Como é que te sentes?
* Mais ou menos … já estive melhor … melhores tempos virão … isto passa …
– Então está tudo bem contigo?
* Não me posso queixar pois há dramas bem piores do que o meu …
– Como é que anda a tua vida?
* Fantástica! Tudo maravilhoso!
Estas e muitas outras respostas vagas, falsas, iludidas e escondidas são as nossas defesas para esconder o que verdadeiramente se passa a nível profundo e interior.
Solidão, rejeição, revolta, ressentimento, culpa, medo e ataques de pânico, falta de valorização pessoal ou baixo amor próprio são apenas alguns sintomas infelizmente bem presentes e comuns em muitos de nós.
No entanto, a tal imagem perfeita de que falei no último texto, que o mundo nos condiciona a cumprir não honra as nossas sombras, as nossas falhas, as nossas partes feias, as nossas emoções densas.
A tal imagem perfeita quer apenas e só, Perfeição! e em todas as áreas de vida!
Ora como é óbvio o resultado será apenas frustração e desvalorização permanente tendo em conta que estamos a lutar por um ideal que não existe desperdiçando a mesma energia que poderíamos estar a usar para honrarmos a nossa verdade e nos alinharmos com o nosso trilho.
Até que tomemos consciência deste fenómeno, estamos ainda presos na busca da perfeição e construção da imagem perfeita e não na busca do equilíbrio e no resgate da nossa verdade.
Então e como fazemos isso perguntas tu?
Como podemos começar a mudar a nossa energia?
Antes de mais trazendo a verdade nua e crua de quem és ao de cima. Parar de mentir a ti e ao mundo.
Assumindo perante ti e perante os outros o que de facto se passa dentro de ti.
Sendo fiel aos dramas internos e à existência de emoções densas.
E mais importante e essencial, assumindo responsabilidade pelas mesmas o que exige de nós uma imensa e silenciosa humildade assim como o controle da vitimização e projecção dos nossos dramas nos outros.
A questão a qualquer pergunta passa se:
Queremos ser iguais ou diferentes?
Queremos “fit in” ou “stand out”, encaixar ou destacar?
Queremos ser aceites pelos outros ou pelo espelho?
O que mudaria então nas perguntas acima?
Como seria então o nosso discurso com os outros se conseguíssemos ser verdadeiros, transparentes, honestos e humildes?
– Como é que estás?
* Nada, nada bem. Sinto uma enorme tristeza cá dentro e tenho chorado bastante, o que me tem ajudado. Estou a aprender a ir em busca do que me faz feliz e de quem tem a coragem de me mostrar onde estou a fugir ou a negar o meu poder pessoal.
– Como andam as coisas?
* Nada fáceis! Mas tenho conseguido identificar os testes à minha valorização e já consigo dizer o que penso e o que sinto sem raiva ou medo assim como por limites a quem não me respeita. Estou a chegar à conclusão de que tenho um doentio apego a …
– Como é que te sentes?
* Sinto-me bastante insegura pois ainda sinto o eterno medo da rejeição e solidão dentro dos relacionamentos. Ando a tentar desenvolver a capacidade de dizer sim e não sem medo. Mas por outro lado sinto-me maravilhosamente bem desde que tomo iniciativas por mim e comecei a tratar melhor do meu corpo.
– Então está tudo bem contigo?
* Sim e não… estou a começar a aceitar e a tomar consciência das armadilhas do meu ego, das birras de vitimização e manipulação que ainda existe em mim. Estou a aprender a ganhar responsabilidade pelo meu caminho, a reconhecer o meu próprio valor e a ouvir melhor o que a minha alma me pede.
– Como é que anda a tua vida?
* Sinto cada vez mais harmonia e alegria mas consciente do meu percurso e dos desafios presentes.
Este sim seria o discurso da alma que ao contrário da busca de perfeição do ego, é fiel à sua essência, à sua história e respectivas vivências. Para ela TUDO é válido, todas as emoções complementares.
A nossa incapacidade então de mostrarmos a nossa verdade é ainda um velho contrato com o ego, é ainda o medo a dominar e a fazer-nos escolher pela imagem perfeita mais do que pela imagem REAL.
Será então esta nova consciência e o poder da nossa escolha que nos fará mostrar ao mundo o nosso ego ou a nossa alma.
A nossa mentira ou a nossa verdade. Quem os outros gostavam que fossemos ou quem de facto somos.
É perfeitamente natural que este “pequena” mas poderosa mudança crie verdadeiros tsunamis nas nossas vidas…
Todos os que nos conheciam pelas nossas mentiras vão ficar surpreendidos … alguns positiva outros negativamente.
Todos os que estão a viver as suas próprias mentiras não vão saber lidar com a nossa verdade.
Todos os que andam já a viver as suas verdades irão aparecer nas nossas vidas.
Todos os que teremos que confrontar irão reagir.
Todos os que teremos que deixar irão-nos culpar.
Importante mesmo é lembrar que TODOS serão apenas testes onde iremos escolher Quem Queremos Ser!
Só depois deste resgate, só depois de nos pacificarmos com a nossa Verdade podemos então assumir a nossa individualidade, a nossa diferença, a nossa essência e tudo o que nos torna únicos, originais e excepcionais!
E tal como nuns dias chove e noutros faz sol, também o nosso mundo oscila entre as tristezas, os medos e as inseguranças e a nossa alegria, a nossa coragem e a nossa força.
Convido-te a deixar em baixo uma resposta da tua VERDADE à pergunta;
– Então, está tudo bem contigo?
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Bem Hajam!
Vera Luz
Imagem de M Jurcevic por Pixabay