Neste mundo dual em que vivemos, saber gerir e respeitar tanto as necessidades internas da nossa missão espiritual, como as necessidades externas da nossa personalidade como membro da sociedade, é essencial para vivermos uma existência de qualidade.
Como seria importante os nossos jovens e a maioria dos adultos perceberem este conceito de maneira a ajustarem as suas crenças, valores e prioridades. Principalmente na juventude onde o foco tem tendência a cair mais no exterior do que no interior.
Quando esta dualidade dentro/fora está inconsciente, é muito normal colocarmos mais foco num dos lados correndo o risco de ignorarmos ou até mesmo rejeitarmos o outro criando assim profundos desequilíbrios.
Podemos facilmente perceber essas faltas ou exageros em qualquer mapa astrológico ou numerológico ou por observação, se somos pessoas mais ativas e viradas para fora ou se pelo contrário, mais passivas e viradas para dentro.
Por exemplo, imaginemos uma pessoa com excesso de fogo que está sempre em movimento, sempre a agir, sempre a criar mudanças, sempre a conquistar coisas novas, mas que de nada servem se não forem orientadas e consciencializadas pelo mundo interior e pela validação do que nos faz ou não sentido (ao sentir). Também não será o caminho certo a pessoa que se perdeu no meu mundo interior, afogada nas suas emoções, paralisada pelos seus medos e que se tornou incapaz de responder e agir para equilibrar as suas energias.
Em todas as áreas de vida, todos vivemos este dilema, em maior ou menor grau. Decidir quando ir atrás ou quando largar é talvez uma das mais desafiantes escolhas com que somos frequentemente confrontados.
Ora se só ouvir uma das partes nos coloca frequentemente em problemas, a solução será então harmonizar e criar espaço para que ambas as partes sejam levadas em conta.
Sabendo que tanto a nossa personalidade como o nosso espirito tem cada um a sua agenda, precisamos fazer reuniões regulares para levarmos em conta ambas as necessidades e decidirmos a escolha mais estratégica.
Por exemplo a necessidade de gerar valor, ganhar dinheiro, pagar alimento, viver protegido, sociabilizar e ter prazer é comum a quase todos nós a um nível exterior. A nível interior também não variamos muito pois todos procuramos ser amados, sentir amor próprio, ter a coragem para enfrentar desafios, ter a liberdade de expressar a nossa essência e algumas outras qualidades que tanto nos são comuns.
Mas como se sente uma pessoa lógica, exigente e organizada a trabalhar com crianças pequenas num infantário? Ou como se sente uma pessoa amorosa, criativa, divertida a trabalhar num gabinete de contabilidade? Ou como se sente um curador espiritual a trabalhar como mecânico de automóveis?
Gosto de acreditar que não existem pessoas certas ou pessoas erradas pois todos somos maravilhosamente e imperfeitamente perfeitos, fruto da nossa própria história. Existem sim pessoas que sabem escolher com qualidade o que respeita a sua essência e pessoas que ainda não sabem ou conseguem ser fieis a si mesmas e que por isso se sujeitam a situações que não lhes são favoráveis em troca de um fraco ordenado quando respeitar e seguir o nosso potencial nos daria acesso a uma realidade muito mais positiva tanto a nível interior como material.
Deste ponto de vista o inconformismo é sinal de saúde e a rebeldia essencial para nos ajudar a rejeitar o que não permite o equilíbrio interno e a ir em busca do que nos alimenta a alma e engrandece.
Não é responsabilidade dos outros ou mesmo da sociedade dar-nos de bandeja o mundo ideal. É entre a diversidade de oferta e a nossa própria escolha que se esconde o potencial de vivermos uma vida preenchida e harmoniosa ou pelo contrário de materializarmos numa vida miserável, o nosso próprio desequilíbrio e anulação interior.
Embora a Astrologia e a Numerologia nos falem dos nossos códigos pessoais, não há escola, mestre ou livro que ensine o que está certo ou errado, o que faz sentido ou não para atingirmos esse equilíbrio interior. Será sempre um compromisso pessoal, individual e sagrado entre as condições externas que cada um de nós atrai e a nossa atitude interna perante as mesmas.
Que haja coragem para questionar, para pôr o sentir em cima da mesa, para virar a própria mesa quando é preciso, para desenvolver a atitude estratega que defenda os interesses de ambas as nossas partes, lutemos, não por atingir apenas metas externas mas para salvaguardarmos as nossas necessidades internas, pois mais ninguém o fará por nós.
Bem hajam!
Vera Luz
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