O que define uma família disfuncional?
Imaginemos uma criança pequena exposta a;
- Ambientes tensos, frios, de medo, de imprevisibilidade, de desconfortável silêncio onde não se comunica saudavelmente
- Na primeira pessoa ou através dos pais; solidão, rejeição, tristeza, medo, abandono, traição, violência
- Superproteção, controle exagerado, expectativas irrealistas, perfeccionistas e idealistas
- Cobranças, ameaças e jogos de culpa e manipulação amorosa
- Mal entendidos nunca esclarecidos, assuntos escondidos, verdades caladas, medo de falar, segredos, assuntos e temas tabu
- Crises e inseguranças pessoais sem validação, sem apoio ou respeito dos outros elementos
- Abusos de autoridade, violência verbal e física
- Crítica, ataque, ridicularização, bullying, sarcasmo, desdém, desvalorização, desinteresse pelos interesses pessoais
- Pais como indivíduos imaturos, sem consciência pessoal, sem maturidade emocional, sem auto-conhecimento, não preparados nem disponíveis para a função de pais
- Falta, excesso, materialismo, exibicionismo e outros problemas com dinheiro
- Abusos de vícios como tabaco, álcool, drogas, comida, jogos, telemóvel
- Conflitos baseados em carências, apegos, ilusões, jogos de poder
- Morte, aborto, despedimento, mudança de país, perdas, negligência, ausência ou abandono na vida dos pais
- Pais controladores, manipuladores narcisistas, egoístas ou ditadores
- Violência doméstica, psicológica, emocional, chantagem financeira
- Irresponsabilidade pessoal, problemas com a lei, tribunais, prisões, autoridades
- Pais submissos, permissivos, fracos, inseguros, sem poder e sem autoridade
- Relação pessoal dos pais tóxica, infantil, tensa e sem qualidade
- Pais não disponíveis que delegam nos avós, amas, escolas e ATLs a sua função de estar presentes, educar, orientar, apoiar e amar
- Falta de liberdade, falta reconhecimento da individualidade, de validação de dons e talentos pessoais de julgamento e críticas e ameaças por ser diferente
- Falta de orientação, apoio e confiança na resolução dos desafios trazidos da escola
- Ausência de paz, de bom senso, de terapia, de espiritualidade, de amor, de humildade, de sensibilidade, de colo, de proteção
- Falta de educação burocrática, de valores sociais, de responsabilidade pessoal e independência a todos os níveis
Família disfuncional podemos reduzir que é um formato de família que se afastou de um molde ideal de amor, proteção e segurança, que não foi capaz de ser o que qualquer um de nós gostaria de ter vivido na infância. Uma família disfuncional, como diz o termo, não funciona harmoniosamente, mostra problemas, não cumpre a sua função de inter-relação, crescimento individual, de amor, apoio e respeito entre os seus membros. A família disfuncional pode ter diferentes origens como mostrei acima e as consequências são também diversas.
Quem sentiu uma ou vários destes indicadores de famílias disfuncionais, ponha o dedo no ar.
Acredito que somos muitos, para não dizer quase todos os que temos feridas e traumas de situações de infância com a nossa família. Por ser uma idade extremamente sensível, vulnerável e onde somos incapazes de resolver os desconfortos que sentimos, eles ficam impressos em nós durante anos, para não dizer mesmo, a vida inteira, condicionando a nossa liberdade, identidade, equilíbrio e amor próprio.
Qualquer uma das alíneas acima esconde dores, traumas, mágoas profundas que na maior parte das vezes, não sabemos o que fazer com elas. Nem na infância por razões óbvias, nem na idade adulta por falta de terapia, educação e desenvolvimento pessoal e orientação espiritual.
Mas então porque é tão difícil superar essa fase de vida e essas dores tão devastadoras?
Infelizmente a Psicologia traiu a sua essência de “estudo da Alma” e aprisionou-se a conceitos básicos, mentais, superficiais que propõem uma visão observadora ou distanciadora, positiva, tolerante e optimista do problema vivido, que convida ao perdão ou compaixão pelos membros envolvidos, que justifica a dor pessoal com a dor do outro, que convida à ressignificação e ao processamento das emoções reprimidas mas não responde às válidas e eternas questões; porque tive de sofrer determinada dor? Porque tive de ter pais tão difíceis? Porque não tive uma infância mais feliz? Que mal fiz eu para sofrer tanto? Aprisionando assim a pessoa ao lugar de vítima e a um Universo caótico, injusto, sujeito à sorte e ao azar.
A Psicologia desenvolveu ferramentas para lidar ou aliviar ou reformular a dor, mas não consegue responder à questão mais importante; a causa, àquilo que originou o evento doloroso, às razões que levaram a Vida, a nossa Alma a escolher esta vida, estes pais, esta infância e as dores envolvidas.
Da perspectiva da escolha, do poder do livre arbítrio, a pessoa liberta-se pela responsabilidade pessoal e pela ideia de um Universo ordenado e justo, de um plano espiritual onde a nossa alma superior tomou decisões e se tivemos um dia a responsabilidade karmica e o poder de escolher passar pela dor, teremos sempre também a mesma liberdade, responsabilidade e poder para escolher um dia evoluir e viver algo melhor.
Por ter abandonado a filosofia oriental, as leis universais, a reencarnação, as mensagens dos grandes mestres espirituais, as ciências esotéricas da Astrologia e Numerologia, a Psicologia autocondenou-se e limitou-se quando condenou e se afastou das visões Sábia, Esotérica, Oriental, Espiritual, Karmica, Alquímica, Hermética, Sagrada da Vida, visões capazes de nos mostrar não apenas a árvore, mas a floresta, não o injusto caos, mas a perfeita Ordem e então sim, compreender porque cada um de nós teve a infância, o ambiente, os pais e as dores porque passou.
Esta falta de visão superior, aprisiona a maioria na visão inferior, não inteligente, não espiritual que muito facilmente nos arrasta para três estados miseráveis e infelizmente muito comuns do ser humano; o medo, o julgamento/culpa e a vitimização.
Volto a imaginar muitos dedos no ar se perguntasse quem alguma vez julgou os pais ou se sentiu vítima e injustiçado pelas dores da infância.
Sim, volto a dizer que é normal se estamos a ver a vida pela lente da ignorância espiritual, da imaturidade emocional. Mas tudo muda quando vemos a visão da floresta pela primeira vez. Quando percebemos que esta infância e estes pais não apareceram por obra do acaso, não foram uma azar ou má sorte da vida ou sequer uma injustiça divina.
Aos poucos, com humildade e abertura, começamos a abrir espaço para aceitar que afinal houve uma causa para este efeito, que há uma Ordem no aparente caos.
Para isso precisamos aceitar a reencarnação que lembra que a nossa vida é eterna e que cada encarnação é apenas um episódio que vem condicionado pelo episódio anterior e que, dependendo das nossas escolhas, irá condicionar o episódio seguinte. Logo, para percebermos o presente, temos que estudar o passado e as leis que regem a realidade.
Precisamos estudar as Leis Herméticas que organizam, regem e fazem cumprir no nosso dia a dia, as Leis do Amor, como por exemplo a Lei do Karma, a Lei da Atração, a Lei do Ritmo e outras. Quando as estudamos, rendemo-nos à ideia de que tudo o que fizemos no passado, volta a nós em busca de evolução, de luz e amor e é para isso que elas servem; trazer o que é justo, o que fizemos e já não lembramos, a oportunidade de superar algo negado, o tempo certo de lidar com pessoas, eventos ou circunstâncias que até ao presente foram negadas, escondidas, rejeitadas.
Precisamos relembrar as Leis da Alquimia e perceber em que consiste a Vida e a morte, os processos de transformação, de purificação, de confronto com a sombra pois sem ela não haverá iluminação.
Precisamos voltar a estudar o símbolo, a mitologia, a descodificar a nossa data de nascimento através da Astrologia ou Numerologia e assim compreender a que dinâmicas karmicas estamos condicionados, quem fomos no passado, que escolhas fizemos e nos condicionam até hoje e que preços teremos que pagar para nos libertarmos.
Precisamos ganhar humildade, reconhecer e rendermo-nos à Ordem Maior, à Magia da vida, às Leis do Universo, reconectar com o Caminho da Luz e da Evolução, caso contrário a sombra e as energias densas do mundo inferior, irão arrastar-nos para a miséria mental, emocional e espiritual onde muito facilmente nos acreditamos vítimas e não nos conseguiremos libertar ou evoluir tão depressa.
Segundo os princípios Karmicos, cada um tem o que lhe pertence, o que criou, o que precisa para se superar e para evoluir. A Vida na sua Ordem trará o que e quem precisamos para o fazer. Assim sendo, e no que toca às dores da infância e relação com os pais, o primeiro passo é então a aceitação. Não a aceitação das asneiras e erros que os pais fizeram, pois esses ficam Karmicamente com eles, mas sim a aceitação de que fomos nós que os escolhemos, que foram os pais que precisávamos, que despertaram dores que já eram nossas e que estavam em ressonância com as energias sombra do passado que trouxemos para curar e evoluir.
Pela perspectiva espiritual, não há pais errados, infâncias azarentas, dores injustas ou viveríamos sempre na postura vítima injustiçada em busca de compensação e salvamento. Infelizmente é assim que ainda vive a maioria.
Mas da perspectiva espiritual os pais são sempre os pais certos, as dificuldades da infância foram trampolins de consciência e superação pré-preparados e as dores, apenas experiências Karmicas que desbloquearam emoções presas e inconscientes que nunca tiveram oportunidade de cura e que faziam parte do processo de evolução da vida presente.
Para a consciência da vítima, do sofredor, do injustiçado, ele irá passar o resto da vida zangado, ressentido e resistente a tudo e a todos, com medo de voltar a sentir as dores não compreendidas ou curadas e iludido em encontrar um paraíso de ambientes e pessoas que lhe trarão de fora o tão desejado amor, a cura e o reconhecimento.
Para a consciência do espiritual, do humilde, do responsável, do consciente das leis da vida, irá reconhecer que foi ele o criador do seu próprio sofrimento, irá responsabilizar-se pela sua própria cura, irá libertar e até agradecer a quem cumpriu o seu papel no elenco da sua história karmica, e irá seguir em frente, consciente dos seus padrões luz e sombra, sempre atento para os identificar, curar e transmutar no mundo exterior.
Não desesperes por isso quando te sentes vítima de uma família disfuncional ou sequer de não teres conseguido criar uma melhor na fase adulta. As leis do amor dizem que as lições repetem-se até que as aprendamos, por isso, o que não foi curado na infância, vai transportar-se para as relações adultas, parceiros, filhos, colegas, patrões e TODOS estamos sujeitos a elas. Bem vind@ ao clube, te garanto que não estás sozinh@!
A boa notícia é que há formas de curar essas feridas, de libertar esses padrões e de sair dessas frequências energéticas onde as lições se repetem.
Com a devida consciência espiritual e compromisso e humildade na mudança, já não precisamos de salvadores ou de contar com a sorte. Iremos perceber que o amor, a segurança, o colo, a proteção, a atenção que nos faltaram, tinha o propósito de nos reconectar connosco próprios, de nos religarmos à nossa criança interior, a restaurarmos a nossa autonomia emocional e assim assegurar tudo o que a nossa criança precisa, terá através de nós, sem agentes secundários, sem dependências, sem resistências. Seremos assim os agentes da mudança e transformação interior que irão então criar mudanças a nível exterior. Desta perspectiva, a dor levou-nos ao amor, o mal veio por bem, a dor foi alquímica, a experiência foi libertadora e irás um dia descobrir que tudo isso estava escrito no teu mapa de nascimento, escolhida pela tua alma quando nasceste.
Se queres conhecer a tua história Karmica, a tua missão, os teus padrões nesta vida, envia email para veraluz@veraluz.pt ou liga 967988990 para marcares a tua consulta. As tuas partilhas ajudam a fazer crescer o meu trabalho, por isso agradeço-tas.
Vera Luz
Imagem de Susana Cipriano por Pixabay