Todos percebemos a diferença entre energias positivas e energias negativas. Entre o que é bonito e o que não é. Entre o que faz sentido e é confortável e o que não faz sentido nenhum e faz disparar todos os alarmes das nossas resistências.
O nosso sentir é como se fosse uma bússola, é a bengala do cego que dependente apenas dos seus sentidos, se orienta lá fora no mundo. Se tivéssemos sido ensinados a respeitar o nosso sentir e se sentirmo-nos bem fosse a nossa prioridade, todas as nossas escolhas passadas teriam sido diferentes. Talvez não perfeitas claro, mas sem duvida que teriam mais qualidade e consciência.
Ou seja, de escolhas a partir do sentir “leve e positivo” teríamos felizes consequências assim como escolhas a partir do sentir “resistência e negatividade” teriam obviamente consequências menos felizes.
A realidade é que a agenda social que nos é imposta desde que nascemos ignora por completo este principio.
Para a agenda social não interessa se estamos felizes e realizados ou infelizes e deprimidos. Não é uma prioridade percebermos se o que estamos a fazer “faz sentido” ou não. Arranjámos até drogas que nos permitem suportar aquilo que o nosso sentir já teria rejeitado há muito. Para a agenda social é muito mais importante o que conquistamos fora do que o estado em que estamos dentro. Desde que tenhamos um emprego, uma família, uma imagem, um carro decente e dinheirinho para tralhas no shoping, o nosso lado social está tranquilo.
Mas quando nos atrevemos a ouvir ou para os corajosos, questionar e sentir, afinal serei mesmo feliz com o que conquistei? É esta afinal a vida que sonhava viver?, o sentir não mente e somos confrontados com a realidade interna que na maior parte dos casos é um imenso e doloroso vazio..
Para fugir a este vazio o ser humano inventa tarefas, ocupações e exageradas responsabilidades que o venham distrair do desconforto. Porque este vazio é uma das maiores dores que o ser humano pode sentir e porque não sabemos lidar com ele, usamos mecanismos de manipulação e fuga tais como a projecção, a ameaça ou a vitimização. Onde houver vazio haverá esta dança.
Um dia cansamo-nos.
Desiludidos e desgastados com a velha crença social de vidinha perfeita, algures no nosso caminho o espírito atreve-se a lembrar-nos que a nossa viagem tem um propósito muito maior e mais sagrado do que isso. Sem dó nem piedade, a vida relembra-nos o abandonado sentir e confronta-nos se as nossas escolhas tiveram afinal consequências “leves e positivas” ou pelo contrário nos levaram a becos sem saída?
Mais cedo ou mais tarde o cansaço ganha, atiramos com a espada e admitimos que a nossa fórmula não funciona. Só depois desta rendição começamos a testar novas maneiras de responder à vida.
Mas entretanto muitas coisas aconteceram;
Já não temos mais ninguém para culpar.
Pela primeira vez assumimos a responsabilidade pelo estado da nossa vida.
Já gastámos milhões em tralhas que a maior parte acaba no lixo.
Já não há energia para manter a nossa máscara perfeita Já fomos provavelmente confrontados com uma força maior do que a nossa arrogância.
Já não nos apetece agradar ninguém nem ouvir falar das palavras “frete ou sacrifício”.
Já testámos infinitas “boas e más” escolhas e já vivemos ambas as consequências para aprendermos a escolher com qualidade.
Já aprendemos a dar prioridade ao sentir e por isso deixámos ir o que já não confere e abrimos a porta ao que nos preenche.
Estas e muitas outras pequenas e invisíveis mas também difíceis escolhas diárias começam aos poucos a mudar a nossa energia e se antes o esforço que investíamos na máscara era gigante, cansativo e sem resultados positivos, agora sem esforço quase nenhum as novas escolhas trazem a tão desejada abundância das mais variadas maneiras.
Para muitos dos que nos rodeiam, será apenas sorte. Nós próprios iremo-nos surpreender variadíssimas vezes como afinal o funcionamento das leis da vida são tão acessível a todos e funcionam sem duvida a favor da nossa abundância. Ficamos chocados como vivemos na ignorância tanto tempo, como ninguém nos ensinou leis tão básicas como a lei da atracção que nos faz materializar e atrair para as nossas vidas o estado em que está a nossa energia interior.
A partir do momento em que mudamos a nossa energia, toda a realidade muda connosco. As frequências baixas que atraíamos antes idênticas à nossa antiga já lá não estão e começamos a perceber que as novas atrações trazem uma qualidade nunca antes imaginada.
A vontade de partilhar tais “sentires” com o mundo é enorme. Temos vontade que todos possam sentir o que estamos a descobrir. Mas quando nos lembramos das dores que passámos, dos caminhos tortuosos, das desilusões amargas, das solidões, abandonos e rejeições que vivemos para finalmente nos cansarmos, percebemos que tudo afinal foi essencial. Percebemos que tal como nós tivemos que cansar a nossa resistência que todos algures se irão também cansar. E esse dia, no fim da luta, no dia da rendição e entrega, será o dia em que a tua vida irá verdadeiramente começar. É o primeiro passo na estrada da abundância e será o dia em que iremos finalmente perceber o verdadeiro significado da frase; “É a dar que recebemos”.
Só te posso então aconselhar, cansa-te!
Cansa-te o mais depressa possível!
Vera Luz
Imagem de Engin Akyurt por Pixabay