Já todos percebemos que existem duas dimensões da Vida; a visível e material e a invisível e espiritual.
Nascemos com o propósito de criar harmonia entre estas duas dimensões, conseguir o equilíbrio entre corpo e alma. Viemos perceber que tal como a Luz é gerada com dois polos opostos, tambéma nossa felicidade e consciência pessoal implica integrar o visível com o invisível. A Luz com a sombra. O mundo exterior com o mundo interior. O passado e o futuro.
Esta última integração, a integração do passado e do futuro, é talvez uma das mais importantes entender e aplicar na nossa vida diária. Caso contrário todos estes conceitos são muito bonitos, mas não passam de teoria.
Relembro que todos! somos portadores da polaridade cósmica mais conhecida por Yin Yang.
Vamos associar o Yin ao passado, ao que em nós está inconsciente, ao que já foi bem vivido e por isso integrado e aprendido, mas também ao que foi mal vivido e por isso vive como sombra, rejeitado, negado e reprimido, ao medo e resistência de revivier as dores da vida, à busca incessante de proteção e segurança externa. Yin representa também de onde viemos.
Vamos associar o Yang ao potencial de futuro, à sede pelo novo, à coragem de ouvir a sua intuição e seguir em frente, à força de ser livre e desbravar território, à visão de novas possibilidades e à coragem de as perseguir, ao inconformismo, ao desassossego, à irreverência ou rebeldia de ser fiel a si mesmo e de viver livre de acordo com o seus valores. Yang representa para onde vamos.
Todos já sentimos estes dois lados dentro de nós.
todos estamos sujeitos a estas duas forças.
Uma que nos puxa para trás e que nos leva de volta ao “conforto” de velhos padrões, à sensação de pertença de hábitos e tradições, às velhas zonas conforto sejam elas formas de pensar, ilusões de sucesso material, apegos relacionais, dependencias familiares.
Outra que nos chama para o novo, que nos faz sonhar em saír de viagem pelo mundo, que nos faz ansiar por uma vida melhor, seja lá o que isso for para cada um, que nos leva a virar a mesa e a libertar relações, empregos, familiares, hábitos tóxicos, que nos enche de coragem para sair da zona de conforto e descobrir o que é isso de descobrir quem somos e como nos alinhamos com o nosso propósito.
Mas como afinal isto tudo me ajuda no meu dia a dia?
Porque o nosso dia a dia, é o palco onde as duas forças se manifestam. Temos permanentemente à nossa volta, representadas nas pessoas e circuntâncias diferentes que cada um de nós atrai, represetantes do nosso passado e representante do nosso futuro. Ou seja, experiências Yin e experiencias Yang. Pessoas que nos vêm lembrar de onde viemos e pessoas que nos estão a mostrar para onde vamos.
O nosso trabalho é antes de mais observar, sentir, analisar à luz desta visão das duas forças em permanente dança. Caso contrário cais no risco de personalizar e te envolveres demais com o mundo exterior ao ponto de perderes o verdadeiro propósito evolutivo.
As pessoas e experiências que nos devolvem sensação de peso, dor, desilusão, esforço, irritação ou frustração, são normalmente as pessoas que representam o teu passado, de onde tu vens, o que precisas aceitar em ti mesm@, as experiências que foram negadas, reprimidas numa tentativa vã de seguir em frente sem ter de curá-las.
As pessoas e experiências que nos devolvem sensação de leveza, inspiração, que acordam partes de nós maravilhosas que não sabíamos que tínhamos, que nos chamam para experiências novas até ali impensáveis, que fazem sentir a vida a correr nas veias, são normalmente as pessoas que representam o teu futuro, a proposta evolutiva do teu mapa, para onde a tua alma caminha.
Mais do que observar, sentir, analisar, o nosso trabalho é fazer a mais difícil das escolhas; dizer “NÃO” a tudo, a todos e a todas as experiências que representem o passado, que mantenham vivos os velhos padrões tóxicos, que nos aprisionam na roda do karma, repetindo-os até à exaustão, não raras vezes por vidas seguidas.
A grande mas desafiante proposta que a todos aguarda, o Caminho Iniciático, a Viagem Sagrada dos Mestres é dizer “SIM” ao novo, é viver com coragem, é fazer da liberdade o grande e mais valor da vida. não a liberdade de fazer o que queremos, mas a Liberdade que liberta tudo o que nos aprisiona, interior ou exterior e impede de sermos nós próprios e de vivermos de cabeça erguida.
Embora sejam conceitos simples e entendíveis por cada vez mais pessoas, a verdade nua e crua é que ainda muitos fazem extamente o oposto do pretendido; aprisionam-se inconscientemente e de várias formas às pessoas e experiências das velhas zonas de conforto, não percebendo depois porque sofrem e pondo a culpa em tudo e em todos.
Mas quando questionados sobre o que têm feito para se libertar dessas pessoas e experiências tóxicas, o que fazem de positivo e saudável por si mesmos, qual a última vez que fizeram algo de novo e diferente, como investem e ser a pessoa que gostariam de ser, as respostas são envergonhados reconhecimentos de culpa de não terem feito absolutamente nada.
Deixo assim a proposta corajosa de olhares para a tua vida, para as tuas pessoas, as tuas experiências, as tuas emoções, a tua intuição e perceber quem representa o passado e quem representa o futuro, onde terás que corajosamente largar as correntes que ainda te prendem ao velho e onde terás que activar a coragem, confiar na vida e dares alguns passos rumo ao novo.
Observa que ninguém poderá nunca tomar este tipo de decisões por ti. Nem sempre quem nos rodeia sabe o que sentimos ou percebe as escolhas que fazemos, confia por isso sempre no teu coração. Não é raro chamarmos “amor” ao que afinal é apenas zona de conforto, são apenas ilusões que teremos que libertar. A família tem muitas raízes no nosso passado e algures precisamos sair do ninho. As relações, filhos, dinheiro, sucesso jamais poderão compensar a falta de coragem de cumprirmos o nosso destino e de descobrirmos quem nascemos para ser. Quando estiveres à beira de tomar uma decisão que te leva para o novo, terás dois tipos de pessoas à tua volta; as do passado irão chamarte louc@, irão puxar-te para trás e impedir o teu novo movimento. As pessoas do futuro irão incentivar-te, bater palmas à tua coragem e ajudar-te no que for preciso. Tudo, mas tudo o que nos acontece, traz o convite de identificarmos o que representa (passado -mais do mesmo ou futuro – a excitação do novo). Para a maioria das pessoas, as tentações do passado e das zonas de conforto são muito mais apelativas e fáceis de repetir do que libertá-las.
Temos por isso a responsabilidade karmica de escolher, decidir manter o conforto e não evoluir ou passar pelo desconforto e ir mais além. É assim, com mais ou menos consciência, que vamos construindo a nossa própria realidade.
Muitos de nós nascemos com mapas desafiantes, com chamamentos exigentes de quebrar padrões, de curar e libertar o que chegou a nós ainda reprimido e doente para que possamos então estar livres de seguir em frente, para novas pessoas e experiências. Infelizmente a maioria viveu perdido por falta de conhecimento destas dinâmicas.
Se estás ler este texto, acredito que sejas uma delas e está tua mão decidir negar ou abraçar esse caminho.
Bem hajas!
Vera Luz
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