O processo de evolução espiritual pouco ou nada tem a ver com a nossa ideia de boa conduta moral ou mesmo de sucesso social/profissional ou financeiro.
Embora personalidade (mundo exterior) e alma (mundo interior) sejam sem dúvida a dualidade que somos e que teremos que gerir a vida inteira através das suas diferentes agendas, a verdade é que o paradigma social e religioso em que vivemos nos últimos séculos, apenas deu prioridade ao que está fora.
Regras, proibições, obrigações, normas, ideias de certo e errado, bonito e feio #paraosoutros, rituais que se generalizaram e perpetuaram no tempo, mas que estavam desconectados da verdade e essência individual de cada um. Nunca ouvimos um padre por exemplo a dizer-nos para ouvirmos a nossa intuição, seguirmos a nossa verdade, colocarmos limites a quem nos ofende ou a percorrer um caminho que só a nós nos faz sentido.
Durante séculos a pessoa “correcta” era a que aceitava, era a que se submetia, era a que seguia cegamente instruções exteriores, fossem elas religiosas, familiares ou políticas. O reconhecimento ou respeito vinha de quem se anulava e cedia todo o seu poder pessoal a algo ou alguém exterior. E numa sociedade patriarcal como a nossa, estava inconscientemente implícito que quem mandava eram as figuras masculinas e quem se submetia eram as figuras femininas.
Ao contrários dos Orientais que vêm o masculino e feminino em tudo, em todos, e em cada um de nós, tornando-nos seres inteiros e responsáveis pelo equilíbrio dessas energias, o Ocidente separou-as, perdeu a visão do todo, afundou-se no microscópio em busca da prova científica e desligou-se da visão holística da própria natureza que tanto quer estudar e provar, julgou erradamente o feminino e masculino como fraco e forte respectivamente, criando uma visão separatista, julgadora e competitiva que vemos até hoje no nosso dia a dia das mais variadas formas. Tornámo-nos metades, incompletos, sempre em busca da outra metade que ilusoriamente nos falta.
As palavras liberdade, igualdade, individualidade, espírito humanitário, cooperação só começaram a ter palco e qualidade na nossa consciência a partir da descoberta de Urano em 1781, tempo em que começaram as primeiras revoluções sociais, as primeiras ideias de direitos humanos e de liberdade social.
Não é por acaso que Aquário, regido por Urano, vem a seguir ao conservador e tradicionalista Signo de Capricórnio regido pelo duro e exigente Saturno. Todos nós, tanto como individuos como como sociedade, teremos algures que fazer esta viagem de libertação, de deixar ir as referências externas de poder e reconhecimento social e reclamar um responsável e livre poder pessoal. De deixarmos ir o poder social e proteção do homem e transitarmos para um poder pessoal e proteção divinas.
Este ano de 2020 teve como pano de fundo estas propostas ou mudanças. Plutão, Saturno e Júpiter a transitar por Capricórnio, a mostrar-nos como é fácil perdermos o chão quando delegamos o nosso poder e equilíbrio pessoal a algo exterior. Quando permitimos que as nossas liberdades sejam retiradas sob ameaças de medo. Quando permitimos ser direcionados para regras que violam a nossa liberdade de escolher. Seja o poder político, o dinheiro de plástico, pessoas ou ideologias separatistas que ainda não reconhecem o nosso poder pessoal ou a nossa liberdade individual.
Estes mesmos 3 grandes Senhores estão agora a caminho do Signo de Aquário para que depois da derrocada e desilusão com os poderes exteriores, possamos então começar a mudar o paradigma do poder, liberdades e responsabilidades para o interior do individuo de decidir sobre si mesmo, onde sempre esteve e sempre estará.
Está para breve o tempo em que o poder existe para servir o indivíduo e assegurar os seus direitos de responsabilidade e liberdade e não para os adulterar e fazer desaparecer, que é o que estamos a ver neste momento ainda.
Como é óbvio, nem todos estamos conscientes destas elevadas e inteligentes propostas cósmicas.
E por isso a dualidade está instalada.
O poder político que temos ainda é o do velho paradigma, a impor autoritariamente as suas regras sem qualquer respeito pela liberdade individual. Ainda temos muitos óculos Capricornianos submetidos pelo medo a defender esses velhos poderes “protetores” e a julgar toda e qualquer visão rebelde, visionária e diferente tal como foi Galileu Galilei julgado há cerca de 400 anos atrás.
Mas como não poderia deixar de ser, já há muitos Aquarianos a rebelar-se e a defender a igualdade de direitos e a tão prezada liberdade e responsabilidade pessoal de cada um fazer as escolhas mais ecológicas para si e para o todo. Daqui a 3 anos Plutão entra pela primeira vez em Aquário depois da sua última visita há cerca de 248 anos atrás. Ninguém que está vivo alguma vez sentiu o que aí vem e por isso é mais inteligente e saudável que sejamos flexíveis e humildes nas novas lições que nos esperam do que rígidos e resistentes a deixar ir o que já não serve.
Não tenho dúvida nenhuma que o Cosmos irá cumprir a sua agenda de nos ensinar a viver em equilíbrio pessoal, consciência e amor.
Basta olhar para o mundo para reconhecermos que ainda temos muito a aprender. Mas quanto mais depressa percebermos a agenda cósmica, mais depressa nos alinharemos com ela, mais depressa libertamos as agendas políticas, familiares, sociais, religiosas que nada têm a ver com equilíbrio pessoal, consciência e amor e que estão já desatualizadas das propostas da Era de Aquário.
A proposta que estamos a viver não é apenas exterior. Ela é sim e muito mais a nível interior. É um convite a libertarmos condicionamentos, visões conservadoras, ideias tradicionalistas que nos impedem de acedermos a uma nova e mais saudável forma de viver. O sítio onde temos Capricórnio e Aquário e seus regentes são as áreas de vida em obras no momento e cabe-nos a nós melhorar e fazer evoluir a parte que nos compete neste momento tão singular da nossa história.
“Não se pode ensinar nada a um homem; só é possível ajudá-lo a encontrar a coisa dentro de si.”
“A verdade é filha do tempo, e não da autoridade.”
Galileu Galilei
Bem hajam
Vera Luz
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