A pergunta mais pertinente de sempre; – Quem sou Eu?

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A semana passada um jovem afirmava convictamente que os seus maiores desejos eram arranjar um emprego e casar, acreditando cegamente que essas duas conquistas seriam garantia da sua entrada no mundo dos “grandes” e principalmente de felicidade.
Entristece-me embora não me admire este tipo de pensamento pois ele é fruto da ignorância espiritual em que está mergulhado o Ocidente.
Se não fizer um profundo trabalho de consciência, de autoconhecimento sobre o que é a vida, sobre a sua individualidade e sobre o seu propósito pessoal, é natural que perto dos 40 o encontremos perdido de si próprio, desiludido com a vida (ou com as suas próprias ilusões?), zangado com Deus porque não vê a sua felicidade concretizada pela sua fórmula mágica.
Todos sabemos bem como as crenças podem condicionar a nossa vida. Na maioria inconscientes, são elas que nos levam a agir de determinadas maneiras, a repetir padrões inconscientes, quantos deles herdados de vidas passadas.
Enquanto essas crenças não forem trazidas à luz e questionadas pela pessoa que somos hoje, seremos apenas veículo de continuação das mesmas. Sejam elas positivas ou negativas.
Na maioria das vezes, só quando uma crença se torna obsoleta ou se revelou negativa pela própria experiência, é que a colocamos em causa e nos disponibilizamos para as alterar.

Como podemos então perceber o estado das nossas crenças?
Com base em quê podemos definir o que faz sentido do que não faz? O que tem potencial de criar sucesso e abundância ou, pelo contrário, o que logo à partida está destinado ao fracasso?
Hoje em dia, duas grandes correntes se tornam cada vez mais visíveis e que quando observadas, podem ajudar-nos a perceber qual nos faz mais sentido;

1- Quem vive com o foco no exterior, quem se identifica exclusivamente com a sua agenda social, quem age e responde aos outros ao nível superficial da personalidade. Quem ainda se ilude com o mundo material vendo-o como um fim em si, incapaz de aceder ao mundo invisível e inteligente da vida. Desta visão exterior, o grande foco gira em torno do papel social e da “coisa” ou posse material. Quem vive apenas a partir da personalidade, fará da sua vida, das suas escolhas, crenças e prioridades, uma permanente busca de validação, compensação, reconhecimento e alimento, seja ele orgânico, emocional ou financeiro. Terá como prioridade a sobrevivência da sua identidade social, seja a que custo for. Quem vive preso à visão exterior, vive iludido com o caos aparente, achando-se vitima das circunstancias, incapaz de reconhecer a inteligência de todos os movimentos da vida.
O excesso de identificação com o mundo material trás o risco de desconexão com o mundo invisível e com o mundo interior, mantendo—nos na ignorância sobre o propósito espiritual, ativando energias Karmicas pelas quais iremos ser responsabilizados mais cedo ou mais tarde.

2- Quem vive com o foco no interior, quem se identifica com a sua agenda espiritual, quem age e responde aos outros e ao mundo de acordo com o que sente e com o que a sua alma pede. Quem vê o mundo material como um palco de oportunidades de aprendizagens e evolução pessoal, quem vê os outros como espelhos de si mesmo e com quem vem à nossa vida, ajudar-nos a atualizar as nossas crenças e a reconectar-nos com o nosso propósito evolutivo. Desta visão interior, o grande foco gira em torno da proposta individual da alma e do seu processo de transformação interior. Quem vive a partir da alma usará a sua vida para cumprir a intenção do espirito que resumidamente será sempre levar e expressar o amor que é. Quem vive de dentro para fora aprende a lidar com o mundo invisível, a ler as sincronias, aprende sobre as leis universais e é capaz de ver inteligência e expressão do divino em todos os movimentos da vida. Quem vive a partir de dentro flui com a vida sabendo que parte da nossa realidade são consequências do passado que criámos, a outra parte aguarda as sementes das nossas escolhas presentes que irão ditar a qualidade do futuro. O excesso de identificação com o mundo interior trás o risco de incapacidade de cumprir agendas sociais apertadas, de manter relações superficiais, de lidar com a visão separatista e competitiva da agenda social.

Claro que o ideal seria o caminho do meio. Honrarmos o nosso ser que é metade carne metade espirito. Sermos capazes de gerir essas duas tão diferentes visões do mundo que cada metade nos condiciona.
De acordo com a energia pessoal de cada um, teremos mais focada uma visão do que outra e a nossa experiência diária nos vai mostrando até que ponto precisamos equilibrá-las fazendo ajustes permanentes dentro de nós.
A falta de equilíbrio entre estas duas visão e pior ainda, de consciência de que há duas visões, é o que faz a maioria perder-se na mais cativante e apelativa realidade aos nossos olhos e sentidos físicos; a realidade exterior.
No entanto, o processo de maturidade nos vai mostrando a importância da realidade interior pois sem ela não poderemos aceder à nossa força, aos nossos valores, à nossa verdade, ao nosso amor próprio, à responsabilidade pela nossa felicidade.

O tempo mostra-nos pela experiência que se até aos 40 anos a visão exterior tende a ofuscar-nos e a iludir-nos com a sua realidade material, a segunda metade da nossa vida trás consigo a proposta de ajuste à realidade interior e não é raro por isso ser sentida como uma fase de renascimento, de empoderamento, muito mais feliz e equilibrada do que a fase anterior. Por essa razão, salvo raras exceções, não encontramos facilmente jovens empoderadas focadas na sua auto estima, assim como também não será fácil encontrar uma mulher de 50 anos que ainda acredite que é num casamento ou na riqueza que irá encontrar a sua felicidade.
Quantas vezes dizemos, “se eu soubesse o que sei hoje…”.

Reconhecendo que seja uma opção quase impossível, acredito sinceramente que seriamos capazes de educar muito melhor os nossos filhos se os tivéssemos aos 40, depois de nós próprios termos curado tantas das nossas ilusões, actualizado as nossas crenças, e amadurecido a nossa energia, pois iriamos naturalmente ensinar aos filhos uma visão muito mais madura da vida.

Sejamos filhos ou já pais, tenhamos 20 ou mais de 50 anos, a proposta é sempre a mesma; o nosso equilíbrio interior, o despertar para a nossa viagem espiritual, sermos capazes de perceber os movimentos do mundo material como oportunidades de perceber o mundo invisível. O auto-conhecimento, o desenvolvimento pessoal e espiritual, o estudo dos códigos planetários e numerológicos, a leitura das antigas filosofias e livros sagrados são indispensáveis para podermos cumprir a nossa viagem positivamente. Para que as nossas crenças sirvam positivamente o nosso proposito de evolução. Para que não seja necessário percorrer tantas vezes o processo de ilusão/desilusão.

Quanto ao rapaz acima coube-me a responsabilidade de o ajudar dar entendimento aos momentos passados da sua vida. A questionar que tipo de emprego o fará feliz, em que área poderá desenvolver os seus dons e talentos e como se imagina a contribuir para um mundo melhor. Revelou espantado, aquando das perguntas, que nunca fizera essas perguntas a si mesmo. Foi também importante ele perceber a ilusão da busca da mulher “perfeita”. Interessante ver a cara de quem percebe pela primeira vez a lei da atração. Que irá conhecer alguém sim mas com características muito próprias, atraídas pela sua própria energia, que trarão à sua vida propostas de equilíbrio interior, ajustes karmicos e consciência de si mesmo.
Embora o grau de ignorância, ilusão e inconsciência quanto ao funcionamento da energia ainda seja imenso, não deixo de agradecer todos os dias o quanto esta sabedoria fez magia na minha vida pessoal e posso ainda ser testemunha da magia da mesma na vida de tantos.

Que estas palavras te abram o apetite para dares inicio à busca de resposta para a pergunta mais pertinente de sempre;
– Quem sou Eu?

Bem hajam!
Vera Luz

 

Imagem de Rafael Javier por Pixabay

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