A dor da solidão vs o prazer da solitude

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As sensações desconfortáveis da solidão e da rejeição, têm como opostas as sensações confortáveis de aceitação e da pertença. 

Estas duas experiências e muitas outras, fazem parte do protocolo de evolução a que todos estamos sujeitos, e para que ela aconteça, as duas precisam ser integradas.

Solidão e aceitação são dois lados da mesma moeda, fazem parte da vida, são dois pólos da mesma régua, que têm como proposta de equilíbrio o nosso bem estar. Ou seja, bem estar ou felicidade não se definem pelo sentimento da aceitação, do amor e da pertença mas a capacidade e maturidade com que lidamos também com a solidão, a indiferença e a rejeição.

Infelizmente, e por mais óbvio que pareça este simples princípio “lógico”, a verdade é que sou testemunha diariamente de tanta e tanta gente que ainda vive a separar as duas experiências, fugindo e evitando a solidão a qualquer custo e a iludir-se com tentativas frustradas de conseguir a aceitação do outro. 

Mas, como ensinou Buda, a mestria está no Caminho do Meio, e isso implica gerir as duas experiências e aceitar as suas valiosas aprendizagens. 

Quando não seguimos a Filosofia do Caminho do Meio, quando insistimos em separar os dois pólos, é comum ficarmos confusos com as experiências de por exemplo: querermos ser aceites por quem nos rejeita e sermos aceites e valorizados por pessoas fora da família, que conhecemos há pouco tempo.

Já reparaste que a sensação de solidão tanto acontece quando estamos realmente sozinhos, mas também acontece quando estamos rodeados de gente?
Já reparaste que tantas vezes nos sentimos rejeitados por pessoas da família e aceites e valorizados por pessoas que conhecemos há pouco tempo?
Já reparaste que não é raro sentirmos uma sensação de pertença com grupos de desconhecidos, com quem vivemos por exemplo, processos terapêuticos profundos ou com quem temos interesses em comum mas uma profunda sensação de exclusão e indiferença junto de familiares próximos?
Já reparaste que há momentos na vida em que desejamos companhia e não está lá ninguém e outros que queremos estar sozinhos e não temos oportunidade?

Todas estas experiências não acontecem por acaso pois cada um atrai a experiência que precisa, nada têm a ver com sorte e azar, nada têm a ver com o “outro” ser bom ou mau, mas sim e apenas com uma proposta pessoal de equilíbrio, normalmente bem identificada no nosso mapa natal.  

Porquê equilíbrio?

Porque solidão é uma coisa, solitude é outra. 

Solidão revela desequilíbrio e dor em estar sozinho, solitude revela equilíbrio, paz e vontade de estar sozinho.

O nosso bem estar não está na família, mas também não está em pessoas novas. Não está em grupos de pessoas e amigos com quem temos afinidade, mas também não está quando nos isolamos do mundo. Não deve depender se estamos sozinhos ou acompanhados, se gostam de nós ou se nos rejeitam.
O nosso equilíbrio, bem estar e amor próprio é um estado de SER que deve depender apenas da nossa escolha de nos aceitarmos e amarmos nas nossas qualidades e defeitos e de decidirmos a cada momento o que nos faz sentido ou não e ter a coragem de agir a partir desse sentir.

Mas então como lidar com o amor ou a dor que o outro traz?

O que o outro faz ou diz ou traz é uma escolha dele. Se o nosso bem estar dependesse do outro seríamos prisioneiros. Por isso, a nossa escolha define como queremos responder ao que o outro traz, seja positivo ou negativo.

Temos então duas hipóteses de resposta:

Quando estamos bem, em harmonia interna, fruto de um compromisso de cura e consciência connosco próprios, lembramos que o estado de SEr não depende de TER, aprendemos a ser mais observadores e menos intervenientes, percebemos que os outros não nos devem nada tal como não devemos nada a ninguém. Quando escolhemos manter o equilíbrio, vemos o outro com tranquilidade, sem carência, sem apego, sem ilusão, sem dependência, sem julgamento, curios@s apenas do que podemos aprender com o outro e com cada emoção e cada experiência que o outro desperta em nós, com a consciência que qualquer uma delas, é só uma experiência temporária mas importante na nossa história.

Quando não estamos bem, quando o vazio ainda não foi reconhecido, quando o desconforto ainda não foi pacificado, quando ainda vamos procurar fora o que acreditamos não ter, tornamo-nos e fazemos do outro, presas fáceis de outros vazios. Vemos no outro alimento para a nossa fome, usamos o outro como rolha do nosso vazio, apegamo-nos ao outro para esconder a nossa dor, manipulamos o outro para conseguir o que nos falta, correndo o risco de o outro estar a fazer o mesmo connosco.

Num Universo inteligente que promove liberdade e amor próprio e boicota prisões e carências, cabe-nos a nós seguir os seus princípios e leis, se queremos viver com qualidade e consciência e sentimos apoio divino na nossa jornada. Caso contrário iremos viver um inferno permanente, dor, resistências e lutas não por azar ou castigo mas por desalinhamento com a leis, por insistirmos em remar contra a maré. 

Está a chegar o tempo em que cada um de nós irá olhar com amor os seus padrões tóxicos de dependência e decidir dizer; acabou o tempo da dança tóxica com o outro enquanto houver carência e vazio interior, quando hoje sei que sou responsável por preencher o meu vazio por mim  mesmo, chega de ilusões e manipulações e expectativas irrealistas de esperar tudo do outro como bebé de berço quando ainda nem aprendi a amar-me a mim mesmo. Chega de pagar preços elevadíssimos para fugir da solidão e fazer as pazes comigo e descobrir o prazer, a alegria da solitude da minha própria companhia e de estar em paz com todas as minhas “partes”, a minha Criança interior, as minhas vidas passadas, os meus guias e mestres interno e até com os meus demónios. Tudo faz parte de quem sou.

Se queres conhecer a tua história Karmica, a tua missão, os teus padrões nesta vida, envia email para veraluz@veraluz.pt ou liga 967988990 para marcares a tua consulta. As tuas partilhas ajudam a fazer crescer o meu trabalho, por isso agradeço-tas.

Vera Luz

Image by Pexels from Pixabay

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