Infâncias fáceis vs Infâncias difíceis

0

Quem nasceu com a proposta da Ovelha Negra, aprendeu desde cedo na infância que ser visto ou receber atenção significava um ralhete, uma tareia, uma instrução, um sermão, uma ameaça manipuladora, uma crítica, ordens, gritos, ser corrigido, ser comparado, ser culpado por alguma coisa, ser mandado e usado para fazer recados e tarefas, ser posto de castigo, ser chamado à atenção por não ter feito algo da “maneira certa”, ser ignorado nas suas conquistas, ser lembrado que algum prim@, ti@, irmão ou conhecid@ era sempre melhor e um exemplo a seguir, ouvir que era uma desilusão por não ser ou ter feito algo A ou B e que nunca teria sorte na vida.

Sim, mas todas as crianças conhecem esses momentos mais tensos onde os pais perdem a cabeça… diz a maioria.

Sim, mas as que não nascem com esta proposta tão vincada da Ovelha Negra, têm a oportunidade de equilibrar estes momentos tensos com momentos de paz, com experiências de verdadeiro amor e alegria, com pessoas conscientes e maduras que as validam e celebram a sua identidade, em ambientes onde existe humildade, respeito, segurança e proteção.

Mas para a Ovelha Negra que viveu aqueles difíceis desafios na infância sem a experiência da paz, sem o amor necessário, sem alegria, sem aceitação, sem segurança, sem a presença de pessoas maduras, conscientes e confiáveis, sem no fundo ser vista por quem realmente é mas sim e apenas por quem deveria ser, cedo aprendeu que viver é ser invisível, é precisar de máscaras, é sentir rejeição, é estar em solidão, é lidar com o abandono, é ter de gerir o medo, é tentar abafar a tristeza, é ter de aceitar a sensação de desamparo tudo sozinha, é agradar, obedecer e ser bem educada sem direito a opinião, é desenvolver infinitos esquemas de superação e sobrevivência diária, é aprender a controlar as palavras, as emoções, a questionar tudo e todos à sua volta, a ouvir-se a si mesm@ e a viver sempre em estado de alerta.

Observando de longe estas duas realidades, podemos perguntar, mas porquê vidas tão diferentes? porque algumas crianças têm sorte e tudo de bom e outras parecem nascer num dia de azar onde tudo vai correr mal? Porque a vida é mãe e justa para uns e madrasta e injusta para outros?

É precisamente neste olhar da sorte e do azar, da justiça e injustiça, na comparação de umas vidas para outras, que está o problema. 

Antes de mais precisamos lembrar que sorte, azar, justiça e injustiça são apenas visões distorcidas da realidade, ilusões de óptica quando desconhecemos as Leis do Universo.  

Perante os princípios Orientais, a Vida é regida por Leis, por uma Ordem Maior, o termo diz tudo, Ordem, Perfeição, Harmonia, Leis, Regras, Estrutura, Beleza, Equilíbrio, Universo; UNIdade.

Sorte e azar, justiça e injustiça são apenas julgamentos ingénuos que fazemos com a mente inferior, ignorante, desconhecedora da Ordem Maior que nos lembra que a vida é perfeita tal como é, sujeita a movimentos permanentes inteligentes, fiel a uma Ordem superior nem sempre compreendida por nós. 

É precisamente essa ignorância que deixa espaço a preconceitos, comparações  e julgamentos tais como sorte e azar, justo e injusto, certo e errado, bonito e feio, bom e mau, melhor do que, pior do que e à ingenuidade de que podemos escolher a sorte, o justo, o certo, o bonito, o bom e rejeitar o azar, o injusto, o errado, o feio e o mau. 

Fugir do mau e correr atrás do bom é infelizmente o que caracteriza o ser humano nos dias de hoje e as doenças físicas, o sofrimento diário, os desequilíbrios mentais e emocionais, os atritos relacionais, a pressão da disfuncional, cega e materialista máquina social, tudo mostra que essa fórmula de felicidade não funciona e que estamos cada vez mais longe da tranquilidade, da saúde e da harmonia com a Vida.

Mas a Ordem maior, quando acedida através da mente superior, do estudo das Leis, da leitura de Arquétipos e Símbolos, lembra-nos que tudo é UNO, que o Universo é perfeito, que as Leis promovem a harmonia dos opostos e por isso não há nada para dividir, separar ou rejeitar mas sim polaridades para integrar, pois a luz precisa da polaridade para acender. Ou seja, como diz o princípio Taoísta o positivo integra o negativo e vice-versa. 

É a nossa imaturidade e ignorância que tenta que a luz acenda apenas com o polo positivo sem o negativo.  

Usando o exemplo acima vamos observar como o que aparentemente qualquer um julgaria por uma infância infeliz e injusta cheia de azares, pode esconder uma proposta extraordinária de superação e evolução e como aquilo que parecia uma infância maravilhosa e cheia de amor, pode esconder ratoeiras e problemas.

A criança que nasce com a proposta da Ovelha Negra irá sim passar por momentos intensos e desconfortáveis, por perdas terríveis, por ambientes e pessoas tóxicas, por uma desconfortável e permanente solidão, por experiências que irão despoletar as mais dolorosas emoções. Mas se aceitar esse seu destino, se fizer as pazes com a sua história, irá aprender a tirar partido dessas experiências e aprender lições valiosas tais como autonomia, desapego, coragem, força, foco, independência, amor próprio, seguir a sua verdade, ouvir a sua voz interna e tantas outras jóias que se descobrem sempre na lama.

Num plano invisível, assinalado no nosso mapa de nascimento, podemos ler como estas propostas estão ligadas ao seu karma pessoal, às memórias de vidas passadas e estas mesmas experiências escondem o convite não só de curar esse passado, como de despertar para uma nova consciência, um novo estado de ser, uma transformação total e completa do seu processo de evolução. 

Voltando ao exemplo acima da vida da criança onde tudo parece ser lindo e maravilhoso e vamos perceber que o lado negativo também tem presença. Aquele ambiente cheio de amor, de pessoas cuidadoras, de disponibilidade para ajudar e acudir as necessidades do outro, do prazer de agradar quem se ama, de ter sempre um colo disponível e de ter sempre alguém protector com quem contar, corre o risco de abafar a sua identidade, de abdicar da sua liberdade de seguir as suas escolhas para ser fiel a quem a rodeia, de agradar e seguir verdades de quem ama, de seguir crenças e formatos de vida que podem não estar alinhados com o seu propósito, de gerar apegos e dependências exageradas, de se iludir com o amor externo e não conseguir pagar os elevados preços do amor próprio, de ficar presa no TER e nunca aceder ao SER.

Olhando para as duas experiências, cada Alma escolheu o seu nascimento, preparou as aventuras desta vida, fez pactos karmicos com as pessoas envolvidas de acordo com as experiências de vidas anteriores. A encarnação presente é então apenas o seguimento, as experiências que precisamos e não as que desejamos. Não há em nenhum dos exemplos, sorte ou azar, justiça ou injustiça, bom ou mau, certo e errado. Apenas experiências individuais que fazem parte da história karmica de cada um, experiências aparentemente opostas mas em busca do mesmo equilíbrio, da mesma luz, da mesma felicidade, obedecendo à intenção da Ordem Maior, a acontecer através das polaridades positivas e negativas.

Seja qual for a tua história, o teu ambiente, as tuas pessoas, os teus desafios externos e as tuas emoções internas, tudo busca harmonia com a fonte, cada experiência é um empurrão para a nossa luz interna, pessoal, individual. Umas com amor outras à bruta, precisamos aprender a honrar ambas.

Se queres conhecer a tua história Karmica, a tua missão, os teus padrões nesta vida, envia email para veraluz@veraluz.pt ou liga 967988990 para marcares a tua consulta. As tuas partilhas ajudam a fazer crescer o meu trabalho, por isso agradeço-tas.

Vera Luz

Image by biancamentil from Pixabay

 

Share.

About Author

Leave A Reply