A Cura começa nos Pais

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Tudo o que é reprimido, tudo o que está inconsciente, é projetado nas pessoas à nossa volta.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
“Em psicologia, projecção é um mecanismo de defesa no qual os atributos pessoais de determinado indivíduo, sejam pensamentos inaceitáveis ou indesejados, sejam emoções de qualquer espécie, são atribuídos a outra(s) pessoa(s). De acordo com Tavris Wade, a projecção psicológica ocorre quando os sentimentos ameaçados ou inaceitáveis de determinada pessoa são reprimidos e, então, projetados em alguém ou algo.[1] A projecção psicológica reduz a ansiedade por permitir a expressão de impulsos inconscientes, indesejados ou não, fazendo com que a mente consciente não os reconheça. Um exemplo de tal comportamento pode ser o de culpar determinado indivíduo por um fracasso próprio.[1] Em tal caso, a mente evita o desconforto da admissão consciente da falta cometida, mantém os sentimentos no inconsciente e projecta, assim, as falhas em outra(s) pessoa(s) ou algo.”

Seja o amor que ainda não sentimos, seja o medo que negamos, seja qual for a forma do nosso demónio interno que sobrevive à conta da nossa inconsciência da sua existência, tudo será projetado até que tomemos consciência deste mecanismo de fuga.
Algures com o tempo e por amor à nossa existência e evolução, os Deuses vêm-nos lembrar que o amor não está no outro retirando o outro, que o medo precisa de ser enfrentado empurrando-nos para o abismo e mostrar-nos que os nossos demónios não são os outros mas sim a nossa própria sombra.

Até que estas distorções, projeções e inconsciências sejam trabalhadas, aceites, re-significadas e transformadas, a dor repete-se, ou melhor, re-cria-se em novas formas, pessoas, eventos e circunstâncias, fazendo-nos acreditar que a vida é difícil, é má e uma corrente de dor e azar permanente.

E como fazer isso? Como posso saber que sombras tenho? Que formas têm os meus demónios pessoais?

– Começa por estudar os teus pais.

Lembremos que foram escolhidos por representarem o nosso passado. Por espelharem o que ainda não conseguimos aceitar em nós. Por nos lembrarem o preço que pagaremos se não evoluirmos para além deles. Para nos darem a oportunidade de fazermos a cura que já não lhes foi possível na encarnação presente.
Ou seja, herdamos deles a genética que molda o corpo físico mas também a epigenética que nos condiciona a nível mental, emocional, espiritual, com o propósito de levarmos a história da família uma etapa mais à frente.
Por isso não é raro encontrarmos elementos da família, filhos, que se identificam por completo com a “herança” recebida e tendem a repeti-la, e outros, que nascem com a intenção de questionar, descristalizar, libertar as prisões e condicionantes físicas e não físicas do velho molde de forma a permitir que novas formas de estar, viver, sentir e relacionar sejam possíveis.
O primeiro paga o preço da estagnação e corre o risco da dor da repetição de velhos padrões. O segundo paga o preço de se sentir sempre desajustado, de sentir que não pertence e corre o risco de ao rejeitar os pais e a família, rejeitar-se a si mesmo.

Bons, maus, amigos ou inimigos, presente ou ausentes, maravilhosos ou tóxicos são apenas rótulos e julgamentos de quem ainda não sabe ver para além do ego.
Para a alma, os pais foram os escolhidos para cumprir o acordo karmico, são perfeitos na intenção de nos devolverem o que em nós foi reprimido e rejeitado e que vem em busca de aceitação, luz e cura.

Enquanto não nos abrirmos para esta visão humilde, sábia, inteligente e principalmente, adulta das intenções que nos levaram a escolher os nossos pais, estaremos presos à visão da criança que irá, às vezes pela vida fora e com o preço da sua própria felicidade, liberdade e abundância, cobrar, exigir, vitimizar, manipular e culpar os pais por todas as suas dores.

Podemos então escolher dois caminhos;

1- Ou continuamos na postura da criança que por ingenuidade e ignorância, irá manter a “briga” ou projeção nos pais de todas as suas sombras, e como consequência, reproduzir os pais em todos os futuros relacionamentos e assim comprometer a felicidade, a evolução, a saúde emocional, relacional, espiritual e até financeira.

2- Ou abrimo-nos para descobrir as razões superiores, espirituais e nobres que nos levaram a escolher os nossos pais, sermos capaz de aceitar o papel dos pais em representar essas sombras e identificar e curar essas feridas em nós, libertando-nos para descobrir novas e mais saudáveis formas de viver.

Importante perceber que este trabalho não exige o encontro ou presença física dos pais.
Mas claro que se eles estiverem vivos ou se formos capazes de os ver pelo olho da cura e agradecer o compromisso de nos ajudar a evoluir, será muito mais poderoso, profundo e libertador o trabalho de cura.
Por mais terrível que seja a referência, por mais horríveis, violentos, ausentes, tóxicos, submissos, irresponsáveis que tenham sido ou sejam os nossos pais, podemos até negar a sua presença mas não podemos negar a sua existência e representação simbólica na nossa vida. Se iremos aproveitar ou não essa evidência, já está na nossa escolha.

Termino com texto sobre o tema, do grande Terapeuta de Constelações Bert Hellinger, que mostra bem que muito mais se esconde nas teias energéticas e invisíveis que nos unem aos pais e o quanto nos podemos prejudicar a nós próprios pela ignorância que temos sobre esse poderoso mundo invisível:

“Os filhos, inconscientemente, aspiram igualar os pais no sofrimento. Seu vínculo amoroso é tão forte que os cega e eles não conseguem resistir à tentação de zelar pelos pais assumindo-lhes a dor.
Embora façam isso por amor e acreditem que estão praticando o bem, passam a comportar-se como pais de seus pais e dramatizam os medos destes prejudicando a si mesmos.
Este amor cego protege os vínculos com os pais, mas atuando como pais e tentando dar-lhes ao invés de receber deles, invertem o fluxo do dar e receber e, inadvertidamente, perpetuam o sofrimento.
O amor entre pais e filhos obedece a uma hierarquia, no interior da família, que exige que eles continuem como parceiros desiguais: os pais dão, os filhos recebem. Assim, tudo vai melhor quando os filhos são filhos e os pais são pais – ou seja, quando a hierarquia familiar, baseada no tempo e na função, é respeitada.”
Bert Hellinger

Se queres perceber melhor a tua pessoa, os teus pais, a tua história Karmica, a tua missão, o teu momento presente, desafios e oportunidades, marca a tua consulta enviando email para veraluz@veraluz.pt ou consulta https://linktr.ee/veraluz_

Bem hajas e até já!
Vera Luz

 

Imagem de MasterTux por Pixabay

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