Oração aos Ancestrais – Bert Hellinger

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O mês do Escorpião tende sempre a ser pesado, sombrio, tornando-nos hiper-sensíveis a tudo e a todos. Quem nasceu com Sol, Lua, Ascendente e outros aspectos que envolvam Plutão e Casa 8 sabe bem ao que me refiro.
Diziam os antigos que é a altura do ano em que o véu que divide a realidade material da espiritual se torna mais fino e daí a celebração do dia dos mortos, das oportunidades de limpeza, dos rituais espirituais, das catarses, de tomarmos consciência das nossas sombras, dos nossos cansaços e de levá-los ao limite para que o novo aconteça. Sim porque se esta época representa os fins e a morte, a seguir virá a nova Vida cheia de inícios.
A energia do Escorpião tem precisamente essa função na vida, a de nos fazer lembrar que o mundo visível e invisível andam de mãos dadas. Que as tentações e valores materiais de nada servem quando escondem ou ocupam o lugar do nosso valores interior. Bastaria reaprendermos as antigas sabedorias que sempre nos tentaram ensinar sobre a dualidade da vida, ou ler os antigos Mestres que nos teriam lembrado que a vida é inteligente e cheia de sabedoria, ou recuperar o estudo da Astrologia que já um dia fez parte das universidades, ou valorizarmos mentores que nos ajudariam a descodificar sinais sagrados no nosso dia a dia para que o mundo espiritual e material tivessem mais equilíbrio e harmonia. Mas infelizmente a Psicologia perdeu a sua Essência espiritual, vendeu a alma e a necessidade de validação científica pelo caminho, deixando a saúde mental sem verdadeiras, profundas e sábias orientações.
Também não temos ninguém a ensinar as crianças a olhar para a Natureza como inspiração de um sistema autónomo perfeito, a aprendermos com ela o seu próprio equilíbrio, a mensagem das árvores para libertarmos as folhas, o cinzento do céu para reconectarmos com as nossas tristezas, a chuva para fazermos as catarses necessárias à limpeza interna, mas também a luz do Sol para ganharmos impulsos, o arco-íris para sonharmos mais longe, as estações do ano como exemplo da eterna mudança.
Infelizmente também a religião desviou-nos a atenção da magia da Vida para rituais sem significado prático, desconectou-nos do nosso amor próprio e papel pessoal no coletivo e levou-nos a um estado de ignorância e frustração pessoal que tem nas doenças mentais, espirituais e emocionais a sua consequência.
Por fim, o iluminismo, a revolução industrial, ou seja, o mundo moderno, parece ter cortado com o mundo espiritual, afastou-nos da nossa intuição e da capacidade de comunicarmos com “o outro lado”, ou seja, com a nossa ancestralidade, com os Mestres Espirituais, com o nosso Eu Superior, com as heranças de vidas passadas, com o poder que temos de limpar as nossas energias e reconectar com o nosso Caminho Pessoal.
Mas independentemente dos desafios modernos que parecem sempre ir em contramão com o que é sagrado, essencial e saudável, o chamamento espiritual é cada vez maior e a cada ano vou vendo cada vez mais pessoas despertas e conscientes acerca do que a energia de Escorpião e esse mês representam.
Deixo por isso aqui um texto do maravilhoso Bert Hellinger que muito melhor do que eu, escreveu e honrou a essência ancestral e nos deixou o seu trabalho de Constelações Familiares Sistémicas, convidando discretamente com o seu legado, o mundo inteiro a honrar, limpar e equilibrar o nosso importante e riquíssimo mundo interior.
“Gratidão queridos pais, avós e demais ancestrais por terem tecido o meu caminho, imensa gratidão pela imensidão dos seus sonhos que, de alguma forma, são hoje a minha realidade.
A partir deste ponto e com muito amor, dou luz à tristeza que houve nas gerações passadas, dou luz à raiva, às partidas prematuras, aos nomes não ditos, aos destinos trágicos.
Dou luz à flecha que cortou caminhos e tornou a calçada mais fácil para nós.
Dou luz à alegria, às histórias repetidas várias vezes.
Dou luz ao não dito e aos segredos de família.
Dou luz às histórias de violência e ruptura entre casais, pais e filhos e entre irmãos e que seja o tempo e o amor que volte a unir.
Dou luz a todas as memórias de limitação e pobreza, a todas as crenças desestruturantes e negativas que permeiem o meu sistema familiar.
Aqui e agora semeio uma nova esperança, alegria, união, prosperidade, entrega, equilíbrio, ousadia, fé, força, superação, amor, amor e amor.
Que todas as gerações passadas e futuras sejam agora, neste instante cobertas com um arco-íris de luzes que curem e restaurem o corpo, a alma e todos os relacionamentos.
Que a força e a bênção de cada geração alcancem sempre e inunde a geração seguinte.”
Bert Hellinger

Imagem de Muisje por Pixabay

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