Está a aproximar-se o Dia da Criança e como todos os anos, aproveito para reforçar a importância do trabalho com a Criança Interior.
A maior parte de nós carrega dentro de si, dores, traumas e memórias dos desafios que passou na infância. Mesmo nas infâncias mais tranquilas, há sempre experiências menos agradáveis que podem até desvalorizadas pela falta de “gravidade”, mas que acabam por fazer mossa na idade adulta.
A falta de amor dos pais, o ambiente tóxico criado pelos pais, a exigência exagerada por parte dos pais, a frieza emocional de um ou ambos os pais, pais imaturos e irresponsáveis, pais ausentes, pais cheios de problemas financeiros, pais agressivos e violentos, pais ditadores e controladores, pais fracos e sem autoridade, pais emocionalmente e mentalmente infantis, enfim quem não se revê em nenhuma destas hipóteses, ponha o dedo no ar!
Sem consciência alguma da razão porque passámos por aqueles desafios ou porque tivemos aqueles determinados pais e, sem apoio mental, emocional e espiritual, ou seja, terapia, as chances de resolver, superar e transformar esses desafios e de nos tornarmos adultos maduros e saudáveis, é mínima.
Sem nos darmos conta o tempo passa e a criança em nós entra na idade adulta, cheia de bloqueios, dores e traumas, que irão ser vividos ou melhor, compensados de várias maneiras;
1- São várias as sensações e emoções negativas vividas em momentos traumáticos na infância. A criança, sem a maturidade da gestão emocional e sem o necessário trabalho de terapia e cura, irá guardar todas as suas dores no seu inconsciente, até que novas oportunidades de cura se manifestem ao longo da sua vida a sua maturidade vá sendo cada vez mais capaz de lidar com essa bagagem.
No entanto, sem conhecimento da Lei do Karma e da Lei da Atração, vai ser difícil de identificar que tudo o que iremos atrair pela vida fora, será sempre uma recriação das dinâmicas da infância assim como o Pai e a Mãe serão reproduzidos em todas as pessoas com quem nos iremos cruzar. Os pais fazem parte do nosso Karma e por isso, até que façamos o trabalho de rendição, de aceitação de que não foram os pais que foram maus, ou a infância injusta mas foi sim o nosso Karma pessoal materializado na nossa infância, eles irão reproduzir-se em todas as pessoas à nossa volta sem qualquer capacidade de fuga. Aliás, a fuga irá mostrar o fenómeno da recriação da pior maneira.
2- Enquanto este trabalho de consciência e cura não acontecer, vamos viver sem consciência todas estas dores que carregamos no inconsciente, vitimizando-nos, pondo culpa, julgando e acusando gregos e troianos e preenchendo esse vazio com vícios como cigarro, álcool, comida, trabalho em excesso, jogos, etc.
Infelizmente a realidade mostra bem o quanto a maioria vive presa a estes pacificadores para as suas dores.
3- A falta de colo, proteção e segurança sentida na infância, leva o adulto a procurar compensação do mesmo colo, proteção e segurança mas agora nas relações do mundo dos adultos. Inconscientemente colocados como vítimas, vamos procurar o Salvador que nos faltou na relação amorosa, na necessidade de ser o filho perfeito em busca da aprovação dos pais, no bom desempenho perante patrões em busca de reconhecimento profissional, nos amigos em busca de cúmplices das nossas dores, no dinheiro e em todos os “brinquedos” que iremos comprar, etc.
Por ser um movimento inconsciente, originado numa ilusão interna, numa carência e apego à ideia de um Salvador externo, a busca de compensação externa irá manter-nos na mesma vibração da dor e por isso irá gerar e fazer atrair mais do mesmo e recriar o velho drama; dor, trauma, desilusões, rejeições e desapegos violentos no mundo adulto.
4- Outra forma muito comum, principalmente nos tempos modernos de compensar as dores da infância é a obsessão por dar aos filhos o que não tivemos, de sermos os pais que gostávamos de ter tido, de querer dar aos filhos a infância perfeita, isenta de dor e sofrimento.
Não há, obviamente, problema nenhum em querer o melhor para os filhos ou até de poupá-los a sofrimento sempre que possível. E claro que a nossa experiência como filhos, definiu também os pais que nos tornámos.
Mas o que continuo a observar em muitos casos que passam por mim, é uma total ignorância sobre as dinâmicas Karmicas que nos levam a escolher a infância, a família e os pais e a responsabilidade pessoal Karmica que temos sobre essas vivências.
A busca de vida perfeita é já por si um mecanismo de compensação traumático que procura a todo o custo, fugir às velhas dores.
Por exemplo, se uma criança nasce com memórias de rejeição e abandono, por mais cuidadosa que a família tente ser, por mais amor que dê à criança, por mais que estes pais tentem evitar que a criança sinta as mesmas dores que eles sentiram, não irão conseguir curar a ferida da criança, mas sim e apenas a sua própria e assim ser um exemplo maravilhoso de cura da mesma ferida que a criança carrega.
Bons pais ou os pais espirituais do futuro não poupam os filhos dos desafios, preparam os filhos para os desafios e ensinam os filhos de que foram eles que escolheram os pais para se auto conhecerem e as dinâmicas da infância mostram as cargas karmicas dos seus passados com as quais terão que se pacificar ou não serão adultos livres e saudáveis.
5- A forma mais fácil de reconhecer dinâmicas traumáticas no dia a dia é nos excessos e como sabemos, a dor não escolhe religião, sexo, pátria, condição social ou financeira. Não é só a pessoa pobre, doente, submissa, triste e depressiva que revela bem as suas dores. O mesmo ou até pior sofrimento esconde-se na mais bruta e insensível violência, nos patrões narcisistas manipuladores, nos milionários abusadores, nas relações de violência doméstica. E se o olho ingénuo vê injustiças, o olho divino pela lei da atração e do karma, vê polos opostos a atrairem-se, vê dinâmicas karmicas a serem equilibradas.
6- Talvez a forma mais comum ou óbvia de reconhecermos que carregamos traumas da infância são as relações tóxicas e disfuncionais que como adultos ainda alimentamos com os pais. Se ainda julgamos, exigimos e criticamos os pais é sinal que ainda estamos no lugar da criança mimada e infantil, à espera de algo deles, a idealizar o quanto eles deveriam ser os pais perfeitos e evitar todo o nosso sofrimento. Só no lugar do adulto iremos pela primeira vez ver os pais como pessoas normais, como seres imperfeitos, como homem e mulher que um dia também tiveram dores de infância. É desse posto que seremos capazes de os libertar, de sermos empáticos e sensíveis com as suas próprias dores, com as suas incapacidades e falhas, reconhecendo que fizeram o melhor que conseguiram.
Aos poucos vamos percebendo que todos os mecanismos anteriores como violência/submissão, vitimização, culpa, projeção não funcionam. Que a cura jamais irá acontecer fora através da mudança, exclusão dos outros, que não acontece no exterior através de pessoas, circunstâncias ou bens materiais, que a vitimização e projeção de culpa no mundo externo só nos aprisiona cada vez mais. O tempo e a inteligência da Vida vão mostrando que a cura é sim uma pacificação interna com a realidade tal como ela foi, é e será.
Que o exterior é um espelho do interior. Que é nos outros e nas circunstâncias que percebemos quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
O Trabalho com a Criança Interior é então o reencontro com nós mesmos. O Salvador que procurámos em vão nos outros, somos afinal nós mesmos em relação à nossa Criança Interior.
Que o amor, a segurança, a proteção, o respeito, carinho, dignidade, seja lá o que for que nos faltou, cabe-nos a nós fazer a nossa criança sentir. Para que este trabalho seja bem feito, é necessário fazer o desapego de todas as velhas e ilusórias fontes de amor externo. Ou seja, algures iremos perceber que já não são os pais que nos devem amor e proteção somos nós que devemos à nossa Criança Interior. Já não são as relações românticas que nos devem fidelidade, respeito, intimidade mas nós que as devemos à nossa Criança Interior. Já não é apenas com os filhos que iremos sentir alegria, orgulho e amor icondicional, mas o mesmo precisamos sentir perante a nossa Criança Interior. Já não é apenas no sucesso profissional e abundância material que iremos sentir confiança e poder pessoal mas sim no amor e respeito que devemos à nossa Criança Interior.
Se é um caminho fácil?
Não, não é!
Implica muita solidão, muitas dúvidas e inseguranças, perder todas as muletas e rolhas a que nos agarrámos durante muito tempo. Implica enfrentar de todos os nossos demónios interiores, uma coragem que não conhecíamos e desbravar territórios desconhecidos. Implica assumir um grau de responsabilidade pessoal sobre o nosso corpo físico, sobre o que pensamos, o que sentimos e sobre o que acreditamos até aqui nunca aprofundado. Implica dar os primeiros passos no Caminho do Amor Próprio onde muito poucos ainda se atrevem.
E por isso sempre foi o Caminho de meia dúzia de Mestres que passaram pela Terra.
Mas nos dias de hoje, estas antigas Sabedorias que permitem a nossa cura e evolução pessoal e coletiva, estão mais acessíveis do que nunca e temos hoje à nossa disposição, as ferramentas necessárias para nos libertarmos de séculos de lixo, densidade e sofrimento.
Falta apenas a escolha.
Convido-te assim a leres com o coração cada uma das feridas dos 12 Arquétipos.
Fecha os olhos em cada uma delas.
Deixa que venham imagens da infância onde, quando e como sentiste essas emoções.
Não julgueis as pessoas envolvidas., lembra que elas faziam parte do Karma.
Foca apenas na tua capacidade de ajudares a tua criança, imaginando-te a entrares no cenário e a Salvares, tirando-a do local da dor.
Leva-a para a tua casa, para um sítio bonito e dá-lhe colo, amor, proteção.
Vai registando como tu te sentes com ela ao colo e como ela se sente no teu colo.
Assegura-lhe que não permitirás que ela sofra mais.
Se queres perceber melhor a tua infância, os teus pais, a tua pessoa, a tua história Karmica, a tua missão, o teu momento actual, desafios passados e oportunidades presentes, envia email para veraluz@veraluz.pt ou ou encaminha para alguém que precise de ajuda.
Bem hajas e até já!
Vera Luz
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