Diagnóstico; Normopatia
Cura; Consciência individual, Criatividade e Liberdade
A normopatia ou normose, é uma patologia que define todo o ser humano conformado com a realidade que o rodeia, completamente associado à mesma, obediente a ordens e diretrizes, submisso a regras e padrões sociais do meio em que está inserido, que perdeu o seu espírito analítico e crítico.
Este estado de passividade ou neutralidade é normalmente baseado numa profunda inconsciência de si mesmo e/ou no medo. Aliás medo(S)!
Medo de não ser aceite na sua diferença
Medo da rejeição quando se expõe
Medo de errar
Medo de criar consequências negativas
Medo de ser criticado
Medo da solidão ou de se sentir sozinho
Medo que a sua individualidade seja alvo de críticas
Medo de chamar a atenção
Medo de sentir emoções fortes
Medo de perder o controle
Medo de falhar
Medo de ser excluído
Todos estes medos aliados a uma obediência cega, a rigidez, a repetividade, a tendência ao controle e exagerado perfecionismo, o foco exclusivo no estímulo exterior, são a fórmula perfeita para criar uma desconexão com a Vida, com as riquezas do mundo interior tal como a nossa consciência pessoal, a intuição, o espírito critico, as emoções, os nossos valores, crenças e princípios, a nossa diferenciação, dons, talentos e criatividade.
Mas diz o ditado que de médico e de louco, todos temos um pouco.
Há duas necessidades inatas no ser humano que referem a ambas as polaridades;
– A necessidade de ser aceite, reconhecido, de pertencer, de fazer parte, de ser útil, necessário, de existir como parte de algo, de se ver como parte de um sistema, seja o lugar na família, numa empresa, na sociedade, na humanidade, no Cosmos. “Fit-in”, obedecer, cooperar, ir com o rebanho, pacificar diferenças e atritos e evitar conflitos são condições essenciais para alimentar esta necessidade.
Sem esta necessidade, não criaríamos estruturas, empresas, governos, máquinas sociais, clubes, associações das mais variadas naturezas.
Mas existe a necessidade oposta…
– A necessidade de ser diferente, de ser livre para que então consiga ser original, único, visionário, criativo, capaz de explorar a sua diferença, de trazer ao mundo soluções e visões ainda inexistentes, de derrubar limites e realidades ultrapassadas, de sair da zona de conforto onde tudo acaba repetitivo e tóxico. “Stand-out” exige coragem, confiança, espírito de aventura e uma boa dose de rebeldia e Fé na vida para alimentar esta necessidade.
Saber gerir estas duas forças, exige de nós muita consciência, muita presença nas formas de humildade quando precisamos de “Fit-in” e de coragem quando a vida nos convida a “Stand-out”.
A metáfora da orquestra mostra bem estas duas dinâmicas e como elas podem harmonizar-se; nos instrumentos temos o polo da diferenciação, o talento original, a contribuição do dom único e diferente de todos os outros. Na orquestra temos a união, a cooperação, a harmonia criada quando as diferenças se respeitam entre si e colaboram na criação da algo único e extraordinário.
Poderia dar um milhão de exemplos onde, como e de que formas várias já sabemos onde podemos ser diferentes e livres ou pelo contrário, onde devemos procurar semelhanças e perceber que a cooperação é mais positiva.
Tudo o que é demais, é moléstia, já dizia a minha Avó.
Nem o individuo deve desconectar-se do seu meio e protocolos sociais, ao ponto de se tornar um ditador solitário, nem também a sociedade pode matar a individualidade e a diferença, ao ponto de nos reduzir a robots que pagam impostos.
Só saberemos gerir bem estas duas necessidades se AS conhecermos muito bem, se NOS conhecermos muito bem e se soubermos distinguir qual a postura certa a adotar a cada momento.
E como saber qual a postura certa?
Aquela que garante o equilíbrio do individuo pois só haverá equilíbrio social, depois de conquistado o equilíbrio pessoal.
O mapa astrológico mostra bem a predominância que trazemos connosco de vidas passadas e não é raro, algures na nossa vida, sermos convidados a experienciar o oposto para que então o equilíbrio seja possível.
Por exemplo, alguém que foi submisso a vida toda, sempre se anulou, obedeceu e seguiu os outros sem ter desenvolvido nessa vida a sua rebeldia, atrevimento e confiança de se afirmar, é natural que na vida presente, os eventos e circunstâncias a afastem da invisibilidade e a empurrem para a ribalta. O mesmo se irá passar no exemplo oposto, alguém que teve destaque, que investiu exageradamente no seu ego, que levou a rebeldia e a liberdade ao ponto de se desconectar de quem o rodeava, é natural que na vida presente venha aprender sobre igualdade, cooperação, diplomacia, paciência, etc.
O mundo de hoje mostra bem este desequilíbrio.
É assustadora a quantidade de pessoas que ainda carrega o medo de ser diferente, de afirmar a sua verdade, de arriscar a rejeição para defender a sua verdade, de percorrer um caminho mais solitário e por isso estes cedem facilmente todo o seu poder ao poderoso mais próximo; sejam eles familiares, relações, chefes ou governantes, em busca de segurança, reconhecimento e proteção.
Do outro lado estes mesmos familiares, relações, chefes ou governantes, não é o medo que os conduz, mas sim o poder desmedido, impõem a sua agenda sem qualquer respeito pela individualidade, insensíveis às diferenças de cada um e à liberdade como valor humano.
Não podemos desejar que a Terra seja um paraíso e ser humanos saudáveis felizes se nos permitirmos comportar como robots.
Espero que a consciência deste tema te ajude na observação de ti mesmo e desta silenciosa e invisível doença chamada Normopatia.
A nossa maravilhosa Luz não foi criada para meter numa caixa!
Vera Luz
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