Como contas a tua história?

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A história que contamos aos outros e a nós próprios sobre a nossa vida, dos nossos eventos diários, das pessoas mais difíceis, mostram bem como estamos a viver, que qualidade tem a nossa vida, que laços têm as nossas relações, que tipo de prisões internas ainda temos.

É na narrativa da nossa história que nos iremos colocar, com mais ou menos consciência, ou no lugar da vítima, a eterna criança a quem todos devem algo ou no lugar do herói, aquele que honra e amadurece com tudo e todos à sua volta.Claro que por escolha, ninguém quer estar no lugar da vítima, mas a verdade é que é infelizmente mais comum do que imaginamos.

Estar no lugar da vítima, é apenas o adulto que não cresceu. É a criança em nós que ainda não amadureceu. É o bebé em nós que ainda aguarda ser cuidado, protegido e amado sem qualquer maturidade, sem responsabilidade pessoal ou sequer empatia para com o estado da mãe que o cuida.

Infelizmente a nossa sociedade materialista não investe na sabedoria interior, no desenvolvimento pessoal, emocional e espiritual. Só o mental e a acumulação de conhecimento interessa na exploração do mundo exterior, na escola e na escolha de uma profissão.

Devido a esse desequilíbrio, devida à falta de apoio sobre o que implica um processo saudável de maturidade, equilíbrio e responsabilidade pessoal, temos crianças disfarçadas de adultos, pessoas inteligentíssimas, mas cheias de traumas e emaranhamentos emocionais e espirituais que, por falta de apoio, não conseguem desembrulhar.

É daqui que nasce a famosa Projeção Psicológica.

Ou seja, o impulso de ver no outro o que não vemos em nós. De culpar o outro do que ainda não assumimos em nós. De esperar do outro o que ainda não nos sabemos dar. De fazer do outro o grande responsável pela nossa dor.

E é ou não é onde está a maioria? Tens ou não tens pessoas na tua vida que ainda te tiram do teu centro e carregam em todos os botões de alarme?

Não serias humano se não as tivesses. Por mais que queiramos tantas vezes simplesmente criar espaço ou negar essas influências, a lei da atração não engana e quer queiramos quer não, teremos sempre espelhos do nosso melhor, mas também do nosso pior.

Se tivéssemos tido uma educação espiritual rica e inteligente, teriam-nos ensinado esta e outras leis que nos governam. Saberíamos então desde sempre que quem nos rodeia conta sobre o que não vemos em nós. Que o mundo à nossa volta é a tela onde o nosso inconsciente projeta o que em nós está negado.

Quando nos ouvimos ou ouvimos os outros contar relatos sobre a sua vida, saberemos rapidamente se estamos perante um adulto ou uma criança.

Se a conversa vai parar ao outro, ao que o outro fez, deu, não deu, devia ter feito ou dado, estamos no lugar da criança que julga, espera e projeta.

Se temos uma conversa na primeira pessoa, se falamos sobre o que sentimos, sobre as nossas tensões e respectivas lições, sobre a gestão dos impactos diários, sobre de onde viemos e como chegamos mais perto do objetivo para onde desejamos caminhar, temos um adulto a viver a sua vida, liberto das expectativas dos outros, responsável pelo seu estado emocional, focado nos seus objetivos pessoais.

Há uma frase que diz; só podemos resolver os problemas que reconhecemos.

Quando já achamos que estamos curados, quando já acreditamos que não temos drama, apegos ou projeções, quando já pensamos que estamos muito evoluídos, estamos a negar toda e qualquer questão que ainda tenhamos, não estamos disponíveis para ver a realidade do estado real em que nos encontramos.

Como dizia o mestre indiano; “Se achas que já estás muito evoluído, experimenta passar uma semana com os teus pais.”

E quem diz pais, diz seja quem for com quem tenhamos desafios e tensões profundas.

Todos desejamos a cura, o alívio, a leveza, a alegria de viver, a capacidade de sentirmos amor, compaixão e empatia por todos à nossa volta.

Mas desejar é uma coisa, conseguir é outra e a verdade é que não é possivel sentir amor e ódio, tristeza e alegria, culpa e compaixão ao mesmo tempo.

Enquanto não transmutarmos o peso, a densidade das emoções pesadas, as culpas, julgamentos e projeções, não conseguiremos sentir a leveza das emoções positivas, não estaremos leves para evoluir.

Algures precisamos parar, reconhecer todos esses mecanismos tóxicos que sobreviveram pela nossa negação, arrogância, teimosia, ignorância e dar inicio ao trabalho de purificação, de destilação emocional, que é e sempre será, uma responsabilidade exclusivamente nossa.

É para isso que serve a terapia.

É perante o terapeuta que abrimos o coração, que nos apercebemos do que ainda não foi curado, é a oportunidade de revisitarmos as velhas dores, de usarmos novas ferramentas, de dar mais colo à nossa criança interior e de reaprender a contar a nossa história pela perspectiva do Herói que viu em cada desafio, uma oportunidade de melhoramento, de superação e transformação pessoal.

Se queres perceber melhor as tuas dores, a tua pessoa, a tua história Karmica, a tua missão, o teu momento actual, desafios passados e oportunidades presentes, envia email para veraluz@veraluz.pt ou ou encaminha para alguém que precise de ajuda.

Bem hajas e até já!
Vera Luz

 

Imagem de 51581 por Pixabay

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